quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Até...

Breve pausa para balanço...
Até...

2006!!!

Balanço anual

Mais um ano finda e mais outro inicia. É estranha a sensação, depois de fazer uma rapidíssima incursão pelos posts aqui colocados ao longo de um ano. O tempo é de facto efémero. Tudo passa muito mais rapidamente do que algum dia imaginámos. E ter um blog ajuda a reforçar esta ideia. Escreve-se muito mais do que se julgaria possível e, quando se relê o que se escreveu, percebe-se que o ano foi muito produtivo. Nem sempre a ideia saiu da forma desejada, mas foi expressa e isso é que é importante.

Precisamente há um ano eu estava muito contente: deixava 2004 para trás, um ano de tensões e marcado pela lentidão nos processos e nas decisões, e chegava 2005, ano que me transmitia uma sonoridade alegre e de esperança na mudança. O ano veio e passou, muito rapidamente até. E agora estou, uma vez mais, em fase de balanço e com expectativas redobradas em 2006, que me soa a número de consolidação de projectos.

2005 foi um ano de transição e de definição pessoal. Nem particularmente bom para me deixar nas nuvens, nem suficientemente mau para o querer esquecer. Passou por mim e deixou ficar sinais auspiciosos e agradáveis de novos projectos, de excelentes iniciativas e de prováveis realizações. Termino 2005 e inicio 2006 de forma tranquila e com Áfricas no horizonte. Digo Áfricas por serem muito diferentes... Haverá algo melhor?

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

Exposição de Fotografias de São Tomé e Príncipe



As fotos foram retiradas daqui e são da autoria do Ricardo.

A não perder, entre 6 de Janeiro e 6 de Fevereiro, a exposição de fotografias do Ricardo França na Figueira da Foz, Centro de Artes e Espectáculos. Um brilhante "olhar" das ilhas de "todos os sonhos" captado no ano 2000, altura em que o conheci.
Quem não tiver oportunidade de visitar a exposição pode deliciar-se no site do Ricardo, ver as fotos e ler os textos da Ruth, a mulher dele.

Fotos de STP

Novas fotografias de São Tomé e Príncipe no Caminhadas e Descoberta em STP. Desta vez, o olhar e a perspectiva particular do António Ferreira de Sousa. Imagens brilhantes!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Prémio Chuinga do Ano

Sinto-me verdadeiramente honrada. Não é modéstia. É mesmo orgulho da Chuinga ler o que eu escrevo, comentar muitos dos meus posts (aliás, a ela devo a possibilidade de ter os vossos comentários porque foi quem mais me incentivou, por mail.) mas principalmente por ter destacado o África de Todos os Sonhos com o Prémio Chuinga do Ano, colocando-o ao lado de blogs de grande qualidade. Passem por lá e confirmem. Fiquei com um sorriso de orelha a orelha quando vi e com o ego muito reconfortado. Obrigada Chuinga porque esta foi uma excelente prenda de Natal!!!

sábado, 24 de dezembro de 2005

É Natal

Estamos a chegar ao “auge” de mais um Natal. Estou contente e tranquila, mas tãããããão cansada... Hoje não tive paramento nem descanso. Corri de um lado para o outro e tenho a certeza que ainda há coisas que ficarão por tratar. Esta é uma época que se quer feliz e repousada.

Um FELIZ NATAL para todos!

É bom

É sempre bom revermos amigos, mas muito melhor quando temos oportunidade de usufruir de algum tempo na sua companhia, depois de uma ausência prologada, ou de um afastamento. Isso aconteceu-me hoje. Revi duas pessoas muito engraçadas, cada uma com as suas particularidades, tão diferentes e tão amigos. Um está tão longe que nem acesso regular à net tem e, ao que parece, o telefone mais próximo encontra-se a 6 horas de caminho. O outro está mais próximo mas, por circunstâncias várias, não se tem proporcionado o encontro a não ser através do msn. Eles são tão amigos um do outro que dá gosto ouvir as conversas e observar as cumplicidades que mantêm, apesar de só se verem de muitos em muitos meses. É bom sentir a amizade que transparecem os olhares, os sorrisos, as frases meias ditas, as palmadas e os encontrões. É bom estar com aqueles dois moços porque com eles é impossível deixar de sorrir.

É bom ligarmos a alguém com quem já não falamos há muito e ouvirmos o riso franco intercalado com amuos amigos resultantes das saudades. Hoje liguei a uma amiga africana. Uma rapariga de sorriso lindo e olhos profundos, que conheci quase com idade de menina mas que hoje é mãe de uma outra menina. E ela disse-me com a certeza simples de quem sente a amizade distanciada: “já passaram três anos e tu dizes sempre que nos encontramos amanhã”. Ela tem razão. O tempo passa sem darmos conta e depois de ter chegado, passaram três anos e, entretanto, eu fui mais do que uma vez à terra dela, ela casou, teve uma filha há uns meses, falámos algumas vezes mas ainda não nos reencontrámos, apesar de termos tido várias coisas combinadas. Depois, havia sempre qualquer coisa que implicava uma desmarcação e um adiamento. Em África, não é assim, pensei. E disse-me ainda com uma tristeza envergonhada, por ser naturalmente vaidosa e saber qual o efeito que antes causava nos homens: “estou gorda!”. E eu ri com vontade, porque só ela é que poderia dizer aquela frase ao telefone, porque sabia que imediatamente eu responderia “não estás nada!”, mesmo sem a ter visto, só porque ela precisava que alguém lho dissesse.

A amizade é um sentimento bom. Muito mesmo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Dava-te

Pensei em ti, hoje, aliás como tantas outras vezes. Particularmente hoje porque estamos numa época em que me apetece oferecer coisas às pessoas de quem gosto, de quem me lembro, com quem me apetece estar, de quem tenho saudades. E pensei no que te poderia dar, no que quereria oferecer-te, no prazer que teria ao ver-te sorrir de forma reservada, evidenciando uma timidez, que nunca percebi se era real, e ficares terno, docinho como uma mousse com resíduos de toblerone, aromática, intensa e envolvente. E pensei nos teus olhos a semi-serrarem só para não ver a expressão e os sentimentos a transbordarem. E... e... e... Se pudesse dava-te quase tudo. Tu sabes!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Crianças

A presença das crianças dá-nos vida e faz-nos renascer, revitaliza-nos nos momentos menos bons e dá-nos uma energia que, muitas vezes, pensávamos perdida. Há uns dias o meu sobrinho convidou um amiguinho, supostamente calmo e pouco dado a grandes exteriorizações de alegria, para brincar aqui em casa. Quando dei por mim, estava a fazer ora de gorila, ora de tigre, ora de engenheira na construção com legos, ora a correr e a esconder-me dos dois que gritavam “VAMOS DAR CABO DELA!”. Não tive paramento, chegando ao final da tarde com a sensação de ter passado uma semana inteira no ginásio, sem direito a pausas para descansar ou dormir. Mas a melhor parte foi sentir-me tranquila. Hoje vou ao cinema com os dois e já estou a prever uma nova sessão de animação... elevada ao quadrado!!!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

FELIZ NATAL



Desejo-vos que:
passem esta época na companhia das pessoas que são realmente importantes;
vivam momentos alegres e cheios de Paz;
tenham tempo para conversar com quem tem coisas para dizer;
respeitem o silêncio de quem não quer falar;
deixem o sorriso abrir-se para qualquer pessoa;
oiçam música de Natal;
vejam as ruas iluminadas;
apreciem o significado desta época;
deixem-se encantar com histórias contadas e reinventadas,
relembrando momentos e pessoas que fazem para sempre parte de nós;
sintam a magia das tradições.
Enfim, a todos desejo um Natal MUITO FELIZ!
E continuando com os desejos, espero que 2006 seja
um ano dos sonhos, das realizações e dos sucessos,
da paz e do entendimento,
das alegrias e da esperança no futuro
.
E que seja o ANO da FELICIDADE.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Pouco tempo...

Ou quase nenhum... há épocas assim, já o tenho dito, e esta é apenas mais uma. Passo pouco por aqui para escrever ou para responder aos comentários. Também vou passando pouco por outros blogs, para ler e comentar e partilhar, menos do que gostaria e tenho vontade. Mas o trabalho tem-se acumulado, o que é muito bom e sabe melhor. Agora tenho testes para corrigir. Muitos! E um relatório para terminar e enviar até ao final da semana. E textos para rever e que estão na calha para publicação. E... e... e... Não vou dizer adeus, não o conseguiria fazer sequer porque não gosto de despedidas. Angustiam-me! Mas, se o meu ritmo no “África” abrandou, continuará por mais uns dias bem “leve-leve”...

domingo, 11 de dezembro de 2005

Pequenas grandes diferenças

Há finais de dia em que, ao olhar pela imensa janela do escritório onde passo uma grande parte do meu tempo a teclar, quase me sinto em África. Não fossem algumas pequenas grandes diferenças: a temperatura do ar, que é particularmente mais fria, tornando-se mesmo desconfortável; a árvore que me encanta ao longo do ano pelas diferentes tonalidades, e que quase me entra pela casa, vai perdendo folhas com o Inverno, deixando o chão coberto de amarelo torrado; a duração do pôr do sol, que é mais prolongada, apesar de, na maioria das vezes, menos intensa. Mas os últimos dias têm permitido uma observação fantástica pelas tonalidades contrastantes e fortíssimas. É uma visão muito bonita...

sábado, 10 de dezembro de 2005

Dar música

Um jovem blog pelo veteraníssimo autor da Megafauna. Chama-se Ali Farka Touré e inicia-nos ou permite-nos grandes momentos musicais, dando a conhecer bastante do que este músico nascido no Mali é capaz de fazer: um encantamento em minutos...

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Visões particularizadas de Moçambique

"Visões Particularizadas de Moçambique" é uma exposição de pintura a inaugurar na livraria Mabooki em Lisboa, no próximo dia 10 de Dezembro, pelas 19h30 (até 7 de Janeiro de 2006). As obras são da autoria de Cristina Maia Caetano e de Pedro Lapa.
Rua João Pereira da Rosa, nº 8, 1200-236 Lisboa / 213422441 / mabooki@yahoo.com

Kungokhala - Fotografias de Moçambique

No dia 16 de Dezembro, pelas 19 horas, é lançado, pelos Leigos para o Desenvolvimento, o livro “Kungokhala - Fotografias de Moçambique”, da autoria de Filipe Condado, no salão do Centro Universitário Padre António Vieira, Estrada da Torre, nº 26, Lumiar

Cheira a Natal

Já cheira a Natal há algumas semanas. As lojas estão mais do que enfeitadas, as ruas iluminadas e as rádios começam a passar músicas alusivas. A mim, sabe-me bem porque sou, desde que me lembro de existir, uma apaixonada por esta época, pelo espírito sonhador e deliciosamente terno que está implícito, pela possibilidade de festejar e de reencontrarmos pessoas que, apesar de estarem sempre presentes nas nossas vidas, não as vemos com a regularidade com que gostaríamos. Esta é uma época festiva, alegre e que pressupõe dádiva, entrega, partilha.

Ontem estive com o meu sobrinho e a minha mãe a fazer a árvores e o presépio, da forma como sempre fizemos: a árvore, resulta de uma mistura de pequenos brinquedos, bolas, luzes e fitas (por esta ordem de colocação); o presépio com as figuras que ainda são da época em que eu tinha a idade do meu sobrinho, tendo na base musgo. E daqui para a frente, o tempo vai passar outra vez numa correria até ao dia 25, e depois até ao dia 1 e, com este dia, a esperança de um novo ano, sempre melhor do que o que está a findar.

sábado, 3 de dezembro de 2005

Tou... doeeeeente...

Estou doente outra vez, o que é sinónimo de sensação miserável, infeliz e de profundo desconsolo. É a segunda vez desde que o Outono começou. Hoje comentava isto com a minha mãe, que é uma das pessoas mais resistentes em relação às minhas “fugas” e aos meus “devaneios” africanos. A verdade é que, apesar de nas Africas pelas quais tenho passado, o clima ser caracteristicamente húmido, é por cá que me dou mal. Constipo-me, passo meses alérgica, rouca e a espirrar incessantemente, a tomar antihistamínicos e antibióticos, com muito mais frequência do que eu gostaria. É verdade... e este é mais um fim de semana de estrafego em que me vou enfiar na cama com um saco de água quente bem cedinho porque só me apetece mesmo dormir. Estou cansada de respirar mal e de ter gatos respiratórios por companhia. Vou dormir...

Realizar sonhos

























Um santomense que se auto-denomina um "desassossegador", um "cozinhador".
Este é um homem idealista e sonhador que tem conseguido realizar sonhos, tendo em mira um ideal:
a criação de oportunidades e a realização, mesmo que seja ao ritmo "leve-leve", porque às vezes correr não é a melhor estratégia.
Ler a entrevista ajuda a conhecer o que está por trás da imagem que nos habituámos a ver no programa "Na Roça com os Tachos".
No Público de dia 3 de Dezembro de 2005, Revista XIS Ideias para pensar, 337, pg. 26/27

Educação Ambiental, Congresso

Últimas informações acerca da participação no V Congresso Ibero Americano de Educação Ambiental e do I Simpósio de Educação Ambiental dos Países de Língua Portuguesa:
1. Prorrogação do prazo de inscrições de trabalhos – a data final para inscrição de trabalhos é 17 de Fevereiro de 2006. Os trabalhos serão avaliados em 3 etapas: os inscritos até 30 de Novembro recebem a resposta da selecção em Janeiro; os inscritos até 30 de Janeiro recebem a resposta da selecção em Fevereiro; os inscritos até 17 de Fevereiro recebem a resposta da selecção até 15 de Março.
2. Nova modalidade de apresentação de trabalhos - serão aceites 40 trabalhos para apresentação oral em painel. Estes trabalhos serão apresentados num espaço adaptado, na área destinada à exposiçao dos painéis, nos dias 6 e 7 de abril, das 14 às 18 horas. Cada apresentaçao será de dez minutos e a cada cinco apresentações haverá 10 minutos para intervenções.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

HIV

Hoje o tema HIV não saiu das televisões e noticiários. É chocante e alarmante mas faz sentido relembrar que o problema existe, não se esgota por falarmos nele ou assistirmos a relatos dramáticos de quem não se importa de “dar a cara” a favor da sensibilização. É preciso ter cuidado. Aqui e em qualquer lugar porque este é um vírus que não escolhe raças, cores de pele, classes sociais ou estatuto económico. Pena é que, ao longo do ano, tendamos a fechar os olhos a uma realidade que, de uma forma ou de outra, toca a todos. E quem nunca sentiu receio é certamente inconsciente...

quarta-feira, 30 de novembro de 2005

NKHULULEKO

A Feira do Pau em Maputo, onde o artesanato é boniiiiiiito. Fartei-me de comprar, entre outras coisas, caixas, caixinhas e todos os formatos e feitios. Sou uma apaixonada pelo artesanato africano! Explicação no NKHULULEKO.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Imagem de sonho

O Jorge Neto do Africanidades proporciona-nos imagens de um sonho africano: ambiente e comunidades numa relação integrada. A Guiné Bissau no seu melhor! Não resisiti a "roubar-lhe" esta imagem porque, tal como "O Principezinho", eu gosto muito de pôres do sol...

População Sem-Abrigo: roupas e outros bens

A Comunidade Vida e Paz, organização que trabalha com população “sem abrigo”, com a qual eu já colaborei na distribuição de alimentos na cidade de Lisboa, pede o apoio de todos para a recolha de bens que já não são necessários e que, muitas vezes, não sabemos que fim lhes dar: roupas (camisolas, calças, saias, camisas, casacos, meias...), calçado, mantas, brinquedos,... de Homem, Mulher e Criança

Os contactos são: COMUNIDADE VIDA E PAZ, 218495310, Rua Domingos Bontempo, 7 em Lisboa

 

domingo, 27 de novembro de 2005

Voltando à sangria de champanhe

Uma excelente alternativa para a sangria de champanhe, que costumo fazer com pêssego de roer, são as framboesas, mas não das congeladas. Tenho experimentado colocar ainda umas folhas de hortelã que, além de lhe darem um pouco mais de variação na cor, dão um paladar fantástico. Vale a pena experimentarem, até nesta época do ano.

É bommmmm...

É bom sentir tranquilidade e muito melhor esperar que venha para ficar. Há muito que esperava esta sensação de conforto. Será o Natal a aproximar-se? Dezembro já está aí, as ruas estão cheias de luzinhas dando uma imagem terna à Baixa de Lisboa que, nos dias normais, tanto me angustia desde aquele Agosto de 96, e as pessoas andam até mais sorridentes. E eu... tão calma... o que é muiiiito bommmmm!!!

Diferentes perspectivas

Às vezes, e sem nos darmos conta, escrevemos textos que geram discussões sem fim por diferenças de perspectiva. Ora sigam o meu raciocínio: certo dia passei por um local que conheci bem, e que na génese senti sempre que fazia parte de mim, mas que, por ter estado durante um período fora, não visitava há algum tempo e notei diferenças. Falo de Sesimbra. Achei que, com as mudanças, ficou mais feia porque olhei em volta e percebi que a construção civil aumentou de tal forma que tive a sensação que alguns espaços desapareceram e que o crescimento urbanístico passou a pôr em risco a entrada do sol nas ruas, fazendo com que perdesse a graça. Cheguei a casa e escrevi um longo texto sobre a desagradável imagem que retive, desabafando para o mundo que aquela vila, onde antes me sentia segura, aparenta hoje uma paisagem diferente e que essa diferença me desagradou. Passados alguns meses, ou seja apenas há uns dias, um defensor do progresso, da inovação e da mudança da terra comentou a minha mensagem com ar de ofensa e desagrado, diria mesmo com um tom pouco simpático, quase me chamando de pouco civilizada e desconhecedora da realidade sobre a qual falei antes. A minha perplexidade foi total já que o que procurei traduzir naquelas palavras não foi mais do que uma forma de sentir pessoal e que também encontrei noutras pessoas. Mas como não costumo apagar os comentários resolvi responder directamente e o mais civilizadamente que consegui. Isto tem dado uma tamanha conversa e troca de palavras, nem sempre simpáticas que até fui chamada de presunçosa. É uma chatice as pessoas não respeitarem as diferenças de opinião e de perspectiva, estarem permanentemente a questionar os outros como se os quisessem pôr à prova, e disputarem uma troca de palavras como se esta fosse a competição das suas vidas. É que nem sempre estamos com vontade de competir e guerrear e quando emitimos opiniões pessoais, a maioria das vezes, não procuramos fazer mais do que isso. Mas há pessoas que também têm uma perspectiva diferente acerca disto...

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Semana de São Tomé e Príncipe em Lisboa

Com o apoio da RDPÁfrica e do Centro Nacional de Cultura: actividades culturais várias entre as quais documentários, debates, mostras de arte e encontro de artistas santomenses.

Por ocasião do lançamento do livro, com sessão de autógrafos, "Na Roça com os Tachos" da autoria de João Carlos Silva, tem lugar até dia 25 de Novembro um conjunto de actividades culturais (documentários, debates, mostras de arte) na Galeria Fernando Pessoa do Centro Nacional de Cultura no Chiado em Lisboa. No dia 25 – Sexta-feira - pelas 18h30:

-Apresentação da IV Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe que terá lugar em S.Tomé em 2OO6;

-Apresentação do video "Uma Bienal em Construção"

PRIMEIRA MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

No âmbito da primeira Mostra de Cinema Africano, realizam-se no Museu da Cidade, nos dias 24, 25 e 26, sessões cinematográficas que visam transmitir elementos relacionados com a antropologia visual. Assim, são apresentados quatro filmes, películas de investigação seguidas de debate e uma mesa redonda sobre O lugar da imagem na preservação da memória africana, com a participação de gente do cinema e de investigadores das problemáticas africanas.

PROGRAMAÇÃO:

Dia 24 - Quinta-Feira, 21h30m

Angola
Nelisita
de Ruy Duarte de Carvalho (1982, 90min, Fic.).

Dia 25 - Sexta-Feira

18h30m - Cabo Verde - O Percurso de Cabo Verde de Guenny K. Pires (2004, 83min, Doc.)

21h30m - Filmes do Instituto de Investigação Científico e Tropical:
Entre os Bosquímanos de Angola,
de António de Almeida (1952, 28min., Doc.) Sinopse: Actividades quotidianas de um grupo de bosquímanos de Angola.

Missão Antropobiológica de Angola: de Equipa da Missão Antropobiológica de Angola do IICT (40/50, 30min., Doc.)

Actividades da Missão Antropobiológica de Angola Sinopse: A equipa de antropobiólogos realiza trabalho de campo recolhendo dados antropométricos e fisiológicos com destaque para as colheitas de sangue entre os bosquímanos de Angola.

Sem Título Sinopse 2: O modo como algumas actividades quotidianas executadas por mulheres foram filmadas revela um enorme rigor em documentar técnicas e saberes de etnografia das populações angolanas.

Bosquímanos - Danças e Músicas Sinopse 3: Sempre acompanhados pelos ritmos que marcam com palmas e com os pés no chão, podemos ver os bosquímanos executando dança que denotam ora a simulação de lutas, ora a indução de estados alterados de consciência. Envolvendo a participação do grupo, todos estes momentos coreográficos transmitem uma forte ideia de coesão social.

Debate

Dia 26 – Sábado, 15h

Mesa Redonda
Título:
O lugar da imagem na preservação da memória africana
Moderação
: Rui Leal - MCA
Convidados:
Isabel Castro Henriques, Margarida Cardoso, Clara Carvalho, José Henrique Caldeira, Teresa Albino – IICT, Ângela Luzia - Museu da Cidade

18h30m

Moçambique
No Coração da Imagem uma Carta de Moçambique de Sol Carvalho (1988, 27min., Doc.)
Portugal
Kuxa Kanema, o nascimento do cinema
de Margarida Cardoso (2003, 52min, Doc.)

Museu da Cidade, Praça João Raimundo - Cova da Piedade - 2800 Almada, Tel.: 21 273 40 30 E-mail: museu.cidade@cma.m-almada.pt

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Dicionário temático da Lusofonia

Foi lançado esta tarde na Sociedade de Geografia em Lisboa o DICIONÁRIO TEMÁTICO DA LUSOFONIA, publicado pela Texto Editores e dirigido pela Associação de Cultura Lusófona, co-elaborada por cerca de 358 especialistas dos vários países lusófonos. Está organizada num único volume, com cerca de mil páginas, com um carácter enciclopédico e reúne informação sobre os mais variados assuntos referentes aos oito países e regiões da Lusofonia: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
São temas abordados: os conceitos linguísticos, as línguas faladas, a História, a Geografia, a Economia, a Arte, a Literatura, as Instituições, as Religiões, os Usos e Costumes, facultando outro tipo de informações e curiosidades acerca do quotidiano e da cultura dos oitos países que se encontram unidos através da língua portuguesa, sendo esta a sua língua materna, segunda, ou oficial.

Fonte: Fórum DC

domingo, 20 de novembro de 2005

D. Adelaide

Ontem assisti com prazer redobrado ao programa “Na Roça com os Tachos”. Ao contrário do habitual, começou com imagens da cidade e a saudade bateu-me à porta, uma vez mais. Rever a tonalidade do céu com uma continuidade contrastante em relação ao mar, as ruas molhadas depois de uma chuvada como só há nos trópicos, os santomenses a caminhar nas ruas com a descontracção natural de quem tem a sabedoria infinita da espera, porque não vale a pena atropelar nem empurrar quando o caminho é só um e o destino também, a arquitectura colonial que tão bem conheço. Depois apareceu o João Carlos com o inseparável Kalú, que nunca se vê mas que todos sabemos que está ali por ser ele o Homem da imagem e do som, aquele que canta “Cacharamba”, cuja letra tem um sentido pedagógico, e explicou o que se passava. Era o 38º programa e íamos todos visitar a D. Adelaide à Pensão Turismo, onde se iria preparar um Calulu de frango e porco que, pelo aspecto só poderia estar mais do que magnífico e digno dos Deuses. E ali estive siderada em frente da televisão, coisa raríssima em mim, a rever a D. Adelaide que está na mesma desde que a vi pela primeira vez há uns bons 5 anos e qualquer coisa. A cozinha da Pensão Turismo modernizou-se mantendo a tradição do fogo a lenha por melhorar o paladar dos alimentos. Fantástico! Que saudades... Depois ali estive a rever o pau pimenta e ossame, as folhas de mosquito, pega rato, e tantas outras, e a malagueta tuá tuá, que até explode no ar. E cresceu-me água na boca ao ver o angu tão bem moldado às bolinhas e o calulu já pronto com uma consistência deliciosa e uma cor inconfundível. E apeteceu-me estar por ali, naquela sala de jantar que me acolheu durante tantas e tantas noites para jantar, e outras vezes durante o dia para almoçar, e onde me sentia em casa porque ali iam muitas pessoas conhecidas, e encontrava toda a família da D. Adelaide, com quem aprendi a comer safu cozido, fruto de estranho paladar mas que, segundo dizia a lenda, era a garantia de voltar uma e outra vez. Porque quem come safu volta sempre a São Tomé. E eu quis voltar e continuo a querer. E por isso comi muito apesar do paladar estranho. Porquê? Como uns amigos comentavam no outro dia a propósito do choro dos bebés: por tudo e por nada.

sábado, 19 de novembro de 2005

Foi hoje e foi um sucesso!

Hoje, tal como previsto, foi o lançamento do livro do João Carlos Silva, na FNAC do Chiado. Sala cheia, ou melhor muito bem aconchegada, de tal forma que o calor fez-se sentir, fazendo lembrar as ilhas. Muitas caras conhecidas e sempre sorridentes. Foi bom revê-las. Muitas pessoas desconhecidas e simpáticas, com as quais foi fácil conversar desde logo, ou o tema que nos unia não passasse pelas ilhas maravilhosas e por tanta coisa deslumbrante que têm.

Foi bom ouvir o João Carlos explicar o porquê do livro e apresentar novas ideias. Foi mesmo muito bom perceber que, em qualquer lado do Mundo, há pessoas que continuam a sonhar, que têm projectos e que tudo fazem para os pôr em prática. E não se trata apenas de uma pessoa ou duas. Há muitas assim, felizmente! E foi magnífico ouvir o Nezó cantar, e sentir o corpo remexer na cadeira, e olhar para o lado e ver que muita gente se mexia também. E foi melhor perceber que vão decorrer, uma vez mais, actividades com artistas santomenses de divulgação cultural no Centro Nacional de Cultura.

É motivo para dizer, bem ao jeito do “cozinhador de sonhos e de sabores”: “lindo lindo lindo”. Trabalho magnífico em que estão todos de parabéns: o João Carlos, o Kalú Mendes, a Adriana Freire, o “pai da ideia” Ricardo Mota, a Oficina do Livro que deu forma a este magnífico livro. Ficamos a aguardar o 2º volume com novas receitas e novas imagens.

É motivo para dizer, nas palavras de António Gedeão, na “Pedra Filosofal”: “(...)sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. Este é um bom exemplo disso!

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Declarações anónimas e outras mensagens

É fantástico como, de quando em vez, e de forma muito espaçada no tempo, recebo na minha caixa de correio uma imensa quantidade de mensagens apaixonadas e românticas, algumas até me poderiam levar ao delírio, se eu fosse uma moça sonhadora e desprovida de qualquer indício de racionalidade. Mas enfim... não é esse o caso! Primeiro dá-me vontade de rir, o que faço porque algumas mensagens são mesmo muito divertidas, mas depois começo a ficar um bocadinho irritada porque começo a perceber que a ideia destas pessoas, cheias de criatividade e tempo livre, é darem continuidade à brincadeira. Convenhamos que, para nos divertirmos todos com isto, uma mensagem já seria o suficiente mas há quem não pense assim e envie 4 a 5 por dia.

Como faz parte destas “animações”, as mensagens são anónimas, o que é sempre uma grande vantagem para quem não tem rigorosamente nada para fazer e decide chatear a cabeça a alguém entupindo as caixas de correio e dificultando a recepção e o envio de mails verdadeiramente importantes. Mas muito melhor do que só o texto, que poderia até ser tocante mas que soa a gozo, são quase sempre acompanhadas de música a condizer e de umas imagens que não lembram a um Santo, simplesmente porque já não se usam.

Isto aconteceu-me quando estava em São Tomé. Recebi para aí duas ou três mensagens “de grande sensibilidade”, mostrei-as aos amigos e rimos bastante procurando identificar a identidade do autor, havendo mesmo alguns “indivíduos suspeitos”. Ainda tentei responder para o endereço do remetente mas foi-me devolvido com a mensagem de se tratar de um e-mail inexistente, tipo fantasma, criado com um objectivo específico e eliminado de imediato.

Na altura, e antes de apagar a mensagem, acabei por mostrá-la ao principal “suspeito”, considerado por todos como tal por andar a “rondar a minha porta” tentando aproximações sucessivas que, ao que parecia, só eu não percebia. Enfim, com o tempo, acabei mesmo por perceber. Ao ver a mensagem, a expressão foi de surpresa e incredulidade perante a minha desconfiança. Não, ele nunca enviaria aquele mail. A coisa passou mas, ao fim de algum tempo, voltei a receber um ou outro mail da mesma natureza e, sem os abrir sequer, apaguei-os. E de novo a calma na minha caixa de correio passou a reinar.

Eis senão quando, e esperemos que por pura coincidência e engano da minha racionalidade, por vezes dada à criatividade relacional no que respeita ao que considero serem indícios possíveis e explicativos de alguns “fenómenos”, recomecei a receber mails de “conteúdo interessante”, até hoje no mesmo registo dos anteriores: anónimos, com música, imagens elucidativas e conteúdos a apelar ao romantismo. E hoje, reitero a ideia que espero que por pura coincidência. Só que, o último que recebi vinha assinado precisamente com o nome da pessoa de quem suspeitei há dois anos atrás... O engraçado é que hoje não acredito que tenha sido ele a enviar aquele mail com um poema do Pablo Neruda, assim como sei que não foi ele que enviou os mais recentes.

A principal constatação é que estes mails me são enviados com um carácter espaçado, ocorrendo temporariamente. Porquê? Não sei se quero saber e também não sei se me interessa identificar o(s)/a(s) autores(as) ou se é preferível continuar a pensar que se trata de uma simples coincidência.

A conclusão a que a minha racionalidade permite mesmo chegar é que há gente que não tem nada para fazer e, nestas circunstâncias, poderia dedicar-se a alguma causa útil para a Humanidade. Porque não pensam em se dedicar ao voluntariado e a ocupar o tempo com actividades de verdadeira beneficência? Mesmo as pessoas mais desocupadas têm capacidades para se dedicar a alguma actividade compensadora, deixando de ter a sensação, por certo desagradável, de serem inúteis, fúteis e desvirtuadas!

domingo, 13 de novembro de 2005

Livro "Na Roça com os Tachos" 2


Acabei de ter o meu primeiro contacto com o livro do João Carlos. Está simplesmente fantástico: além das receitas gastronómicas dá a conhecer alguma poesia e apresenta algumas das melhores paisagens do arquipélago através da imagem: fotografias profissionais, excelente enquadramento e cores muito realçadas. Não há dúvida que o João Carlos e a Adriana estão de parabéns! Esta é uma excelente e bonita prenda de Natal para todos os que gostam do arquipélago e também para quem não conhece mas tem curiosidade. É uma obra que vale a pena adquirir, ler, reler, guardar e... oferecer!

O que corre mal pode ser uma sorte

Lembram-se daquele concurso de blogs em que pedi a colaboração e o apoio de todos? Pois bem... em primeiro lugar tenho de informar todos os que por aqui passam que... levei uma cabazada! Pois foi, apesar do esforço de todos vocês, a coisa não correu assim lá muito bem!

Em segundo lugar tenho de agradecer a todos os meus queridos amigos que votaram para que o África de Todos os Sonhos vencesse e também a todos os que gostariam de ter votado mas que não o conseguiram fazer apenas porque o sistema estava viciado e não o permitiu. Não me perguntem porquê... é que não vos sei responder. Ainda tentei averiguar através do e-mail do gestor do site do concurso mas não tive grande sucesso porque, apesar de ser o gestor, alegou desconhecer a razão, não ter forma de controlar e mesmo que eu fui a única concorrente a queixar-se. Não faz mal! Antes a única do que nenhuma a indignar-se com a incorrecção do sistema ou de outra coisa qualquer. Vá lá eu saber qual... nem informática sou!

Pois, supostamente cada pessoa só deveria ter a possibilidade de votar uma vez ao longo de toda a semana, o que me pareceu uma medida válida de justiça concursista. Mas de forma muito estranha, o sistema acusou desde o primeiro dia um voto a quem nem sequer votara na 2ª fase – isso aconteceu com as minhas irmãs, com colegas e com amigos. Houve quem refilasse e escrevesse mas as respostas que chegaram não foram nem conclusivas nem evidenciaram preocupação com a resolução do problema.

É inacreditável? Pois eu também acho. Sempre defendi que para se ser bom jogador é preciso ter bom perder. Mas para isso é necessário que as condições sejam as mesmas e que, nestas circunstâncias, o adversário se revele mais forte. Mas o que se passou esteve longe de ser o reflexo disto. Não quero, de forma nenhuma, tirar o mérito ao CRUXICES mas este concurso acabou por se revelar uma verdadeira desonestidade. E isso não me parece coisa de bem.

Quando recebi o convite para participar achei a ideia engraçada porque foi a primeira vez, mas na verdade não sabia muito bem ao que ia. O concurso começou e as pessoas que me são mais próximas começaram a alertar-me para o facto dos conteúdos da maioria dos outros concorrentes poderem ser classificados como “para adultos”, estando muito direccionados e distanciando-se de forma total dos objectivos e das temáticas abordadas no África de Todos os Sonhos. Como o concurso já estava a decorrer e eu não gosto por sistema de “abandonar o barco a meio da viagem”, apesar de lhes dar razão, continuei como concorrente. Perante tudo o que veio a acontecer nesta semana posso dizer que, para mim, a vitória do CRUXICES foi uma sorte para o África de Todos os Sonhos. Não gosto de ver o meu espaço ser confundido: tenho muito carinho pelo meu blog, dedico-lhe uma parte do meu tempo livre, e é um reflexo de mim própria, nas mais diversas facetas. Por isso, antes assim, já não me sinto na obrigação de desistir.

E... fica a lição: concursos de blogs? Como se diria em São Tomé: “bô ska buka mu lêdu”, que é mais ou menos como quem diz “estás a chatear-me muito”, expressão que se pode enunciar de formas diferentes, desde que o que está subjacente à frase signifique isto. E assim não é preciso dizer mais nada!

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Na Roça com os Tachos em Livro

O João Carlos e a Adriana estão de parabéns. Mais um projecto bem sucedido. E eu serei uma das presente no dia 18, para assistir ao lançamento e receber o autógrafo deste Amigo. Parabéns João Carlos!
LANÇAMENTO DO LIVRO DE JOÃO CARLOS SILVA “NA ROÇA COM OS TACHOS”, NA SEQUÊNCIA DO PROGRAMA DA RTPÁFRICA: RECEITAS DO JOÃO CARLOS COM FOTOGRAFIA DE ADRIANA FREIRE.
DIA 18 DE NOVEMBRO, PELAS 18H30, FNAC DO CHIADO EM LISBOA
"Na Roça com os Tachos" é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico de São Tomé e Príncipe.
À VENDA A PARTIR DE 10 DE NOVEMBRO.
Na Roça com os Tachos (168 pg.; PVP - 18 euros; ISBN 989-555-151-7): Em 160 páginas de um colorido imenso e um apetite intenso, este livro apresenta uma selecção das melhores receitas do programa de televisão homónimo, Na Roça com os Tachos. São receitas simples, baseadas na gastronomia popular e com um cheirinho a referências culturais, quer de S. Tomé e Príncipe, quer de outras antigas colónias portuguesas. Dividido em 4 capítulos (entradas, carnes, peixes e sobremesas), Na Roça com os Tachos é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico deixado pelos portugueses. A capacidade comunicativa de João Carlos Silva (apresentador/"cozinhador"/escritor) e a qualidade das fotografias da Adriana Freire apuram o apetite pelo faro.
João Carlos Silva nasceu em Angolares, S. Tomé em 1956. Estudou em S. Tomé, Angola e Portugal, onde frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra. Exerceu jornalismo, tendo, como artista plástico, iniciado as suas actividades em Lisboa. Fundou O CIAC e o Espaço Teia d'Arte (artes plásticas, teatro, dança, debates, oficina de letras, ateliers infantis, cine-clube) em S.Tomé. Participou em várias exposições colectivas de artes plásticas em S. Tomé e no estrangeiro. Dirige o Projecto Integrado de Desenvolvimento da Roça S. João (agricultura, pecuária, educação não-formal, ambiente, património, cultura e turismo) e é o coordenador da Bienal de Arte e Cultura de S. Tomé e Príncipe. Apresenta o programa de televisão Na Roça com os Tachos da RTP África.
ADRIANA FREIRE iniciou a sua carreira artística em 1990. Fundadora da Associação Maumaus, participou em diversas exposições individuais e colectivas. Elegeu a gastronomia como uma das áreas de trabalho preferenciais, tendo publicado inúmeros trabalhos em jornais e revistas da especialidade. É autora dos livros Olivais: retrato de um bairro, Romarias e Romeiros e S. Paulo e co-autora de A Minha Cozinha e Dieta [à minha maneira].

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Sobre a solidão

Sou uma ouvinte regular da RDPÁfrica. Normalmente não escolho os programas porque gosto de ouvir de tudo um pouco, com excepção do desporto que me cansa por não perceber quase nada. Gosto das músicas que passam porque, além da sonoridade ser muito agradável, têm o mérito de me fazer regressar ao ambiente morno, terno e aconchegante que conheci em África. Gosto da possibilidade de descobrir novos ritmos através da orientação dos conhecedores porque me ajudam a aprender a distinguir as origens. Gosto de ouvir as notícias, mesmo da África que não fala português, apesar de ter o ouvido mais treinado sempre que o tema ou o país me é mais familiar. E gosto das reflexões que alguns locutores proporcionam, levando para o ar temas sensíveis e socialmente importantes.

Já aqui referi o quanto me fez bem ouvir um programa do JP Martins e as opiniões de alguns ouvintes através das entrevistas realizadas. Hoje o programa tem andado à volta do tema da solidão. Importante, cada vez mais fundamental, sobretudo porque evidenciado de forma muito particular nas sociedades urbanas, muitas vezes com consequências gravíssimas tanto do ponto de vista pessoal como social. Acabei de ouvir a reflexão inicial do locutor e começaram as entrevistas, em que o objectivo era recolher opiniões e partilhar experiências pessoais, tanto de quem sente, ou já sentiu directamente os sintomas da solidão, como de outras pessoas que apoiaram ou não os que sentem solidão a ultrapassar o problema.

Eis senão quando, aparece um ouvinte que me fez mudar de posto. Por um lado, se aparentou simpatia inicial e boa disposição, à medida que o tema foi sendo abordado passou a irritante e tornou-se insuportável. Exteriorizou uma auto-estima de tal forma elevada que soava a falso, porque não há ninguém que seja tão insensível aos problemas alheios, considerando-se acima de qualquer sintoma ou problema. Solidão? Isso é bom para os outros porque “é um modo de vida, há que goste de viver em solidão”. Por outro lado, ajudar?, nem pensar... só vale a pena ajudar quem pede ajuda, com os outros não vale a pena perder tempo porque sentem-se bem assim e não quereriam o nosso apoio, seria um esforço desnecessário. Por fim palavreou tanto que começou a sair asneirada da grossa, até o locutor o chamar a atenção, de forma muito mais subtil do que eu faria, para que “abrandasse o ritmo”.

Mas será que este indivíduo não entende que: a distância entre o estar bem e o não estar é tão curta que ele próprio se arrisca a entrar na escura e misteriosa área da solidão muito mais rapidamente do que poderia algum dia imaginar; a solidão não é nenhum modo de vida e muito menos uma opção, porque há uma infinita diferença entre “viver em solidão” e o “ser-se solitário”; a responsabilidade social de alguém “viver em solidão” é de todos e não de um indivíduo em particular, apesar de ser normalmente despoletada por uma situação concreta; infelizmente, todos nós já nos confrontámos com o problema da solidão, mesmo indirectamente e sem sermos nós a senti-lo, já tivemos a noção de impotência no que respeita à ajuda, já tentámos umas vezes, e noutras alturas não. E nestas ocasiões já nos sentimos desiludidos connosco próprios, irritados, arrependidos. E quem não reconhecer que isto se passa, deixe-me que lhe diga, é porque vive completamente descontextualizado do resto do Mundo. E essa atitude reflecte uma grande infelicidade porque é o caminho mais certo para a solidão.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

"Estórias" reais

1. Preocupada em saber se os alunos tinham sido avisados da minha impossibilidade de ir às aulas por estar doente, ao chegar, perguntei:

- Na semana passada avisaram-vos que eu não vinha?

Um aluno que estava a ver-me pela primeira vez no ano respondeu com um ar sério

- Não, não avisaram

E perante o meu ar de estranheza porque me tinham dado indicação que estavam todos avisados, prosseguiu:

- Quero dizer, quando cheguei aqui, estava um papel na porta com essa indicação

- OK, então avisaram-vos...

- Pois, avisaram, mas a mim não...

Hum... pensei... o que seria suposto? Um telefonema personalizado para casa de cada um no domingo à noite, atendendo que, à 2ª, a aula é a primeira da manhã?

2. Já ouvi falar muito de poligamia e, na verdade, há muita gente que a defende e muita mais que a pratique. Mas esta definição ultrapassou as minhas expectativas...

- Há famílias monogâmicas e famílias poligâmicas...

- Poligâmicas? Ah, já sei, com mais do que um gâmeta!

Esta sou franca que me passou ao lado... o que será um gâmeta, pergunto eu??? Aceitam-se apostas...

3. Sobre famílias urbanas, rurais e diferentes tipologias de agrupamento familiar:

- Temos, por exemplo, as famílias alargadas e temos as famílias...?!

- Reduzidas? Pequenas?

Hum... e as nucleares? (não são as bombas...)

4. A racionalidade pode conduzir-nos a uma complexidade infinita, ou como bem transformar a simplicidade na confusão...

- Perante uma cultura dominante, podem surgir, e normalmente surgem, subculturas. Relacionem-nas com os grupos e subgrupos que temos vindo a analisar. Há ainda  as contraculturas.

Todos dão ar de grande entendimento, a exemplificação é imediata acompanhada de debate, até que alguém pergunta:

- A cultura dominante pode ser uma contracultura de uma subcultura, não pode?

 

domingo, 6 de novembro de 2005

Novos desafios

Os novos desafios são acontecimentos magníficos na vida de cada um de nós. Muitas vezes, no início, o receio de não estarmos à altura é tão grande que quase caímos na tentação de recusar. Dizemos que vamos pensar, reflectir nas diferentes possibilidades e cenários e, após pesarmos os pós e os contras, as dúvidas persistem. Depois, acabamos por aceitar porque, na verdade, não temos nada a perder e até podemos ter muito a ganhar, mais não seja uma infinita aprendizagem. O “sim” é proferido, ainda com alguma insegurança e incerteza. E lá vamos nós enveredar por caminhos desconhecidos, por trilhos nunca antes percorridos e jamais imaginados ou sinhados, por conhecimentos que nos pareceram sempre tão distantes e por isso impossíveis. E à medida que nos vamos inteirando dos novos projectos, ponto por ponto, vamo-nos deixando encantar e seduzir pelas ideias, por uma alegria que julgávamos perdida e por uma persistência que só acreditávamos ser possível nos mais fortes e audazes. De repente sentimo-nos contagiados por esse frenesim, pela vontade de ir mais longe e de alcançar objectivos que considerávamos impensáveis. E acabamos por chegar à conclusão que são os novos desafios que nos fazem mexer, que nos dão vida por nos darem um sentido, um rumo e um destino.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Constatação engraçada

É engraçado como há pessoas que se reconhecem em tudo o que escrevemos e dizemos, como se tudo o que passasse pelo nosso pensamento, a qualquer hora do dia, tivesse invariavelmente que ver com elas. Não sei se é auto-estima excessivamente elevada mas parece ser indiscutível que esta atitude envolve uma boa dose de convencimento e, a maioria das vezes, sem razão.

O mais engraçado é que, quando damos conta que, no que respeita às palavras mais intimistas que deixamos cair numa folha de papel ou que registamos numa página algures na net, quando conversamos com mais do que uma pessoa que connosco tenha estado relacionada, continuando ou não a estar, todas acabam por pensar que o que foi dito lhes é dirigido.

É engraçado mas estranho porque, por muito importantes que, para nós, algumas pessoas sejam, ou tenham sido, a vida é demasiado complicada e labiríntica e nem tudo o que parece é. E... na verdade, só sabe a quem respeitam, as coisas que se dizem em tom de crítica ou de confissão, quem as disse ou escreveu. Muitas conjecturas podem ser feitas. Infinitas, até. Mas não passam de suposições e de adivinhas. E sabem porquê? Porque dentro de cada um, bem lá no fundo, só entramos nós mesmos. Mais ninguém!

Sábia conversa

- Quando te oiço falar das tuas paixões, pergunto-me se não serão meras teimosias. Oiço-te e ver e a rever motivos, que me parecem inexistentes, para chamares “Príncipe” ao que não é mais do que um “dragão”...

- Tens razão, a maioria das vezes, não passam disso mesmo. São teimosias. Procuro manter um sentimento que, um dia, quis acreditar que existiu, resguardá-lo de qualquer influência que o pudesse deteriorar, refrescá-lo e reanimá-lo. E nem eu própria sei para quê. Mas também não percebo porque lhes chamas “dragões”

- Porque destroem quase tudo por onde passam, sem se darem conta disso. Esta é apenas uma parte do que faz um instinto de sobrevivência muito apurado.

- Gosto de conversar contigo porque vês tudo de forma muito clara e tão rapidamente.

- Com o tempo vais também aprender a ver, com clareza, algumas coisas e, principalmente, a ver mais longe, até aquilo que não está escrito. É o que se chama antever...

Breve passagem

Não tenho tido tempo para mais do que uma breve passagem por alguns dos “meus espaços de culto”. Aqui fica um pedido de desculpas, relembrando que não vos esqueci. Nem poderia. Nunca!

África Minha
Africanidades
Água Lisa
A Megafauna
À Sombra dos Palmares
Bioterra
BLOGDAMARTA
Chuinga II
Digitalis
Fazendo Caminho
Kitanda
Legendas & Etcaetera
Mar Adentro
Maschamba
Nas Asas do Amor
No Cinzento de Bruxelas
O Canto da Heidi
Os Albuquerques
Pululu
Transpórtis Virtual di Kauberdi Pa Aulil
Xicuembo

 

Guiné... ai Guiné...

Tenho de confessar:

o Nino Vieira surpreendeu-me.

Não esperava uma "acção interventiva" desta natureza tão cedo.

Ele antecipou todas as minhas expectativas.

Para ser o mais honesta possível, devo admitir que não sei o que pensar e muito menos o que dizer.

Quando ouvi as primeiras notícias na rádio, senti um aperto no peito por incompreensão, desilusão, desassossego, desconforto.

Há que dizer: BASTA a esta “amputação” legalizada da Democracia, à noção de tudo se poder fazer quando se está legitimado pela loucura do poder, pela ambição desmedida e pelo descontrolo na gestão das relações e do próprio Estado.

A Guiné merece muito mais do que conflitos em permanência.

A Guiné precisa de organização, de tranquilidade e de encontrar o seu rumo próprio no caminho da PAZ.

É motivo para dizer: ESTABILIDADE PRECISA-SE!

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Petição: Português, língua oficial das NU

No Pululu encontrei o link para a petição: Português, língua oficial das NU. A causa é importante, pelo que aqui fica o apelo, com um agradecimento ao Eugénio da Costa Almeida.

STP em imagens... simplesmente deslumbrante!






Novas Fotografias no blog
Caminhadas e Descobertas em São Tomé e Príncipe. São da autoria do António Ferreira de Sousa e aqui fica uma pequeníssima mostra. Para descontrair um pouco do stress do dia-a-dia, passem por lá e sintam o doce "leve-leve" nos olhares, nos sorrisos e nas paisagens. Nem vale a pena eu dizer o quanto são magníficas porque sou sempre muito suspeita na avaliação de fotos de STP... Há paixões que duram uma vida, o que é que se há-de fazer...?!
Não percam estes momentos únicos de prazer que a objectiva do António nos proporciona. Só visto...

Educação Ambiental e Comunidades Educativas


A ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental - vai promover as XIII Jornadas de Educação Ambiental, nos próximos dias 27 e 28 de Janeiro de 2006, subordinadas ao tema: “Educação Ambiental e as Comunidades Educativas”, no auditório do Instituto Português da Juventude, Parque EXPO, em Moscavide.

OBJECTIVOS
- Proporcionar espaços de convivência para diálogo e troca de saberes na área da Educação Ambiental
- Criar espaços para apresentação de pesquisas e experiências em Educação Ambiental
- Contribuir para o reforço do papel da Educação Ambiental em Portugal e sua avaliação
- Reforçar o papel das redes de EA na construção de sociedades sustentáveis

TEMAS
- Caminhos e sentidos para uma Educação de Qualidade
- Parcerias na Educação Ambiental para a Sustentabilidade
- Transversalidade na Educação Ambiental
- Comunidades Educativas – Responsabilidade e Participação
- Carta da Terra e Educação Ambiental
- Políticas e estratégias públicas de Educação Ambiental

POPULAÇÃO-ALVO
Educadores, professores, técnicos de autarquias, monitores, intervenientes em programas de educação, ambiente, cidadania e sustentabilidade

MODALIDADES DE INSCRIÇÃO
Sócios da ASPEA com as quotas em dia: 80 Euros
Não Sócios: 100 Euros
Jovens até os 25 anos: 60 Euros (Número de inscrições limitadas)
(Inclui a participação nas XIII Jornadas da ASPEA, pasta de documentação e 2 refeições)

Não percebo...

Não percebo porque é que os homens mentem. Já sei... estou a fazer uma generalização, a tomar o todo pela parte, a fazer um juízo de valor que nada tem de científico e que decorre da experiência do dia-a-dia, ou seja uma avaliação de senso comum (os meus alunos vão fazer algum comentário na próxima 2ª feira...), cometendo certamente uma injustiça para com todos os homens que são verdadeiros. A estes, as minhas desculpas, mas é a todos os outros que este post se dirige.

Mas o que acontece é que, invariavelmente e com muito mais frequência do que eu desejaria, de vez em quando apanho um a mentir com todos os dentes que tem na boca, o que causa em mim tamanho sentimento de irritação e revolta, dando-me uma vontade inexplicável de desatar ao estalo. Mas na verdade, como por natureza não sou violenta, não o faço, controlo-me respirando 10 vezes tão fundo que todo o ar que poderia ficar retido num dos becos da minha interioridade é obrigatoriamente expelido. Acabo a sorrir e olhar tranquilamente para ele a pensar “és tolo de todo, para não dizer pior, que não percebes que, como diria a minha bisavó que era de Celorico da Beira, Bispado da Guarda, Lugar de Vale de Azares, é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo”.

Não é fácil mentir e esta é uma tarefa que não é adequada a todos, requerendo muito treino, capacidade de improvisação qb associada à característica do “encaixe”. É preciso à vontade, que é como quem diz, uma grande lata para reinventar situações, alterar a realidade a seu belo prazer e ficar ofendido quando alguém duvida ou questiona. Além de uma infinita e profundíssima convicção, é necessário que quem ouve tenha receptividade para acreditar em quase tudo, que é como quem diz que o Kilimanjaro ou as ilhas Fidji estão à venda e que qualquer banco concede um empréstimo para que os possamos comprar. Tudo é possível, mas depende da apetência comercial e da capacidade de persuasão: é preciso saber negociar e vender uma ideia porque sem isso não se consegue mentir, por mais que se tente.

Ouvir um mentiroso chega a ser hilariante se estivermos na disposição de explorar a sua competência, ajudando ao treino. Mas nem sempre isso acontece, ou melhor, em mim, é cada vez mais rara esta compreensão e flexibilidade. Sou chamada de mau feitio, antipática, intolerante, rígida e outras alternativas a que o meu nome é sujeito de quando em vez. O problema, que acho que nem todos entendem, é que não nasci para marinheira e por isso tenho alguma dificuldade em embarcar em histórias da carochinha ou em fragatas de papel que, ao serem colocadas na água, se desfazem com grande facilidade. E quando embarco, normalmente acabo por me arrepender.

Já não há paciência para as mentirinhas de nada, aquelas que não aquecem nem arrefecem, que não prejudicam nem beneficiam ninguém a não ser o ego de quem as diz, convencidíssimo de estar a relatar a última descoberta ou um feito que merece grande admiração. E é fantástico quando apanhamos esse alguém a mentir na nossa cara, sem que ele se dê conta do que se está a passar. As afirmações são proferidas com aparente convicção mas por serem tão fáceis de desmontar, tornam-se óbvias para o ouvinte e se, por um lado, dá vontade de lhe dizer “APANHEI-TE... vê se te tocas, não precisas de te justificar, nem de inventar histórias ou razões... simplesmente não precisas”, por outro, dá uma vontade de rir tão grande que acabamos por explorar um pouco mais as historietas da tanga de uns e outros.

A questão é uma mentira até pode valer a pena se o que estiver subjacente for uma causa nobre, mas também se assim é não há necessidade de mentir. Mas uma mentira de treta, sem finalidade, só chateia, desgasta e gera desconforto pela falta de confiança. Meus caros, não mintam, por favor...

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...