segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus 2012... Olá 2013!!!

Adeus 2012. Foste um ano que não deixou grandes saudades. Não por culpa tua porque, em boa verdade, quando chegaste vinhas com as melhores intenções e todos nós pensámos que tu irias ser "O Ano". E foste, mas pelas piores razões. Graças a algumas pessoas de excelsa inteligência que passaram os dias a imaginar a melhor forma de dar cabo de um pequeno país à beira-mar plantado. Desculpa a sinceridade, 2012, mas contra tudo e contra todos espero mais do teu irmão mais novo, o 2013. Deixa-me dizer-te com alegria "Bye bye 2012" e com expectativa apreensiva... "Hellooo 2013!!!"

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

D. Berta: até uma dia...

A D. Berta foi uma das primeiras pessoas que conheci na Guiné-Bissau e que fui revisitando sempre que regressei àquele país. Estávamos algures em Março de 1996, ou Abril, e eu andava por lá a fazer a pesquisa  para a dissertação de Mestrado. Nessa altura passei horas a falar com ela, aliás como toda a gente que passava por Bissau, ou que lá vivia, e a comer a gelados que ela me oferecia no meio dos meus receios de principiante em terras de África. As recomendações tinham sido mais do que muitas - cuidados a ter com o que comia e bebia, sendo impensável socorrer-me de gelo, gelados, sumos de fruta e tanto mais por causa das águas e de tudo o que se poderia seguir. Mas comi gelados deliciosos, magníficos, caseiros e muito confiáveis, já que não me aconteceu nada a não ser usufruir de bons momentos e regressar a Lisboa muito mais rica pelas experiências que por lá tive :-) No calor do final dos quentes anos 90 em Bissau, aqueles gelados tiveram o sabor da vida...
A D. Berta - avó Berta, como muitos lhe chamavam - era uma senhora encantadora, deliciosa, uma cabo-verdiana como tantas outras a viver em Bissau há muitos anos. A Pensão Central era o ponto de passagem e de encontro. Por lá almocei e jantei vezes sem conta, ouvi histórias que jamais se repetem ou relatam, vi pessoas que nunca imaginei sequer poder avistar, usufrui da companhia de amigos e conhecidos que por lá viviam, sentei-me na varanda a receber a brisa possível e a observar a vida que corria sem parar lá em baixo com sons, cores e movimento únicos. Ali bebi coca-cola debaixo de chapéus de sol encarnados e marcados com a marca da bebida, e senti-me reconfortada antes das viagens loucas para o sul e para o norte, ou depois delas.
A D. Berta deixou este Mundo e partiu para outras paragens com a certeza de que viveu intensamente e de forma sábia, alimentando amizades e tendo uma infinita receptividade para com todos os que com ela se cruzassem. Foi um bonito exemplo de vida e certamente que, onde quer que esteja nesta altura, está feliz por ter cumprido a sua missão. Ela ficou no coração de todos pela bondade, compreensão, amizade, tolerância. E tanto mais... E um dia, certamente, voltaremos a reencontrar-nos...


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Pensamentos analógicos ou da sauna ao sacador de mãos


Há tempo que não fazia sauna e talvez por isso me surpreenda com as atitudes de algumas pessoas. Pois bem, o que se passa é o que a seguir explico. Estando dentro da cabine percebo que uma grande parte das frequentadoras do equipamento o utiliza como se de um secador se tratasse. Algumas pessoas - a maioria com a qual me tenho cruzado - entra na sauna, pensava eu, para uns minutos de desintoxicação. Engano meu. A maioria, considerando que apenas eu por lá permaneci por 10 minutos, entra e após o duche, que não faço a menor ideia se foi ou não eficaz, limpa-se cuidadosamente coma toalha, inclusivamente entre os dedos dos pés de forma a retirar qualquer resquício de humidade. Depois há algumas variantes, umas acabam por sair após a secagem, outras abrem os braços baloiçando-os, enrolam-se de novo na toalha e saem. Uma simples observação do comportamento destas pessoas num equipamento de uso comum em contexto de lazer é absolutamente hilariante. Sobretudo para quem, como eu, também lecciona Animação do Lazer e do Recreio. Num dia de aulas pus-me a pensar nesta experiências e, nem que ligeiramente, a sensação foi de "déjà vu". Nesse milésimo de instante realizei a cena.
Quando vamos à casa de banho de um centro comercial ou de um cinema, cada vez mais constatamos que, em substituição dos toalhetes de papel, surgem os secadores de mãos. Barulhentos e muito desagradáveis, apesar de supostamente mais ecológicos por não utilizarem papel, mas sem dúvida profundamente prejudiciais para quem tem problemas no ouvido interno. Fujo deles, portanto. Mas já vi, por pura curiosidade, o seu funcionamento: um jacto forte de ar, quente ou frio, que ajuda a eliminar a água secando as mãos. Para acelerar o processo de secagem, parece habitual sacudir as mãos ou esfregá-las em movimentos sem sentido pré-definido, ora em círculos, ora na vertical, fazendo com que o ar circule ainda mais depressa e assim as mãos ficam sem humidade aparente. Pois na sauna, a lógica parece ser semelhante para quem sai do duche. Não percebo como funciona, já que, por característica, a sauna acelera o processo de transpiração através dos poros e, por uma questão de higiene e de bem-estar, o duche só é suposto acontecer no final da sessão.
A parte mais engraçada de toda a cena foi quando, perante a minha perplexidade uma das dançarinas da sauna me olha com ar incomodado e diz: - "não gosto nada deste calor, faz-me sentir mal...". Eu fiquei ainda mais estupefacta, não sabia se haveria de rir ou chorar. Depois de assistir ao pormenor da arrumação dos frascos numa bolsa impermeável e da coreografia da secagem corporal, oiço-a dizer que se sente incomodada com o calor. Então porque entrou??? A única reacção que consegui ter foi um sorriso, que certamente resultou num tom amarelo esverdeado porque preenchido por uma incompreensão desconsolada, mas ainda consegui dizer: -"pois... na sauna faz calor, muito calor". Ela saiu abanando-se, servindo da mão como leque, e eu fiquei a pensar que as pessoas andam a ter reacções verdadeiramente estranhas... 

em 26 de Outubro de 2012

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...