domingo, 31 de julho de 2005

Uma amizade fantástica


Eu e o meu cão fomos amigos verdadeiros, daqueles que, pela reciprocidade, é raro encontrar. O Porthos, Bumba para os amigos, foi um cão fantástico em todos os momentos nos 12 anos em que fez parte da minha vida. Tenho saudades dele. Muitas. Infinitas. E hoje mais do que nunca. Um cão amigo, fiel, companheiro de brincadeiras e atento nas tristezas. Um dartacão verdadeiro, um mosqueteiro por natureza, o meu preferido porque gordo e bonacheirão, sempre bem disposto e pronto tanto para um programa diferente e aventureiro como para dormitar na sala ou por onde eu ficasse. Aqui fica um breve registo dos dois. Para quem não o conseguir vislumbrar na primeira imagem, tem a segunda.

Dia de cozinhar

Para mim, hoje foi dia de cozinhar porque é domingo. Bem, até parece que por ser domingo é um dia diferente dos outros. Na verdade, todos os dias me parecem mais ou menos iguais, até nas visitas à cozinha. Não há um dia em que não passe pela cozinha para mexer nos tachos, panelas, frigideiras, colheres de pau e facas. Aliás, são várias as vezes em que faço o corredor entre o escritório e a cozinha para ali preparar as refeições. Mas hoje foi uma preparação alargada porque a família se reuniu e não faltou ninguém.

O prato foi bacalhau, um que não tem nome porque resultou de uma invenção em momento particular de inspiração e que, como saiu bem, foi sendo repetido. O que leva? Batatas fritas em quadrados pequeninos, bacalhau cozido desfiado, alho francês cortado em rodelas e cozido, camarão cozido e cortado em pedacinhos, queijo de gratinar (o Président tem uma combinação de três queijos que produz um efeito magnífico), e ainda regado com molho bechamel (com uma variação, leva uma gema de ovo). Depois vai ao forno e quando gratinado está pronto a ser devorado.

Enquanto as batatas fritavam completei o almoço com uns bolinhos de coco. Os tais que fazem maravilhas ao meu ego nos dias menos felizes em que as perguntas não têm respostas...

Logo haverá mais uma incursão até à cozinha. Pensando bem, talvez pudesse abrir um restaurante onde servisse os meus pratos. Mas falta-me o principal... dinheiro para investir... O mal da maioria, portanto!

Necessidade de mudança

Naquela manhã, tal como em todas desde que regressara a casa, acordou com umas terríveis dores nas mãos: os ossos começavam a deformar-se e só lhe apetecia gritar para libertar a angústia e o desconsolo que sentia. Não era só a dor física que a assustava mas também a possibilidade de ter umas mãos, das quais sempre se orgulhara por serem magras com dedos compridos, precocemente deformadas.

Mas por defeito ou feitio, vá-se lá saber, permanecia calada e só se queixava quando as dores ultrapassavam o seu limite. Aprendeu a chorar para dentro de si mesma e se tivessem inventado uma máquina para medir a humidade humana, ela avariaria a dita porque no seu interior corria um dilúvio. Quem a visse não perceberia, a não ser que olhasse os seus olhos bem no fundo. Eram naturalmente humedecidos de tanto chorar para si mesma. Era raro as lágrimas verterem para fora das pálpebras porque aprendera a guardá-las. "Há coisas que devem ficar onde nascem e connosco", pensava. Os olhos tinham uma cor difícil de definir porque tanto pareciam castanhos claros como verdes, tendo dias em que estavam acinzentados. Dependia do quanto ela chorava.

Sentia-se cansada destes pequenos males que vinha a sentir, um após outro, sem ser nada de particularmente grave mas que lhe povocavam sofrimento.

Mas também estava cansada da vida que tinha, da impossibilidade de mudança, da falta de oportunidades, dos sonhos irrealizados porque tinha a mania das grandezas e sonhava sempre demasiado alto, das exigências que a vida lhe impunha com uma rotina diária pouco ou nada satisfatória. Um dia haveria de surgir uma mudança e a vida passaria a sorrir-lhe. Pelo menos queria acreditar nisso e repetia mentalmente aquela frase como se quisesse chamar os bons pronúncios, porque de agoiros já andava ela farta.

Blog africaníssimo

Muito africano o Transpórtis Virtual di Kauberdi Pa Aulil. E muito bonito. Vale a pena passar por lá. Muito recomendável.

sábado, 30 de julho de 2005

Não sou o único...

"Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado às tentações
E quando as nuvens partirem
O céu azul brilhará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
(...)"
Xutos e Pontapés

Tudo

Por momentos sentia-se demasiado cansada... e esse cansaço encerrava tudo o que era possível e imaginário...

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Um Mundo de Sensações

Em África o tempo tende a parar e os sentidos quedam-se numa contemplação apelativa. A humidade quente e colante reflecte-se nos corpos despidos e nas peles tórridas. A brisa arrefece levemente o ambiente e vai chover. Uma chuva tropical, quente, intensa e fugaz a pronunciar sensações, emoções e vivências contraditórias e temporárias mas intensas e marcantes. O tempo que não passa, leve-leve como a vida que tem tempo para ser vivida.

Ritmos marcados pela emoção, sons ternos e movimentos sensuais apelando ao retorno, tal como as ondas levando e trazendo água nova misturada com velha; limpa e suja. A renovação é profundamente assustadora mas necessária.

África das ternas recordações e dos doces momentos, dos cheiros inconfundíveis, do ar suportavelmente irrespirável. Sensações e emoções, tempos de espera e de aprendizagem: de nós mesmos, do que viremos a ser, do que fomos, do que tentamos ser e do que nunca seremos...

STP, Dezembro 2002

Guiné Bissau em recontagem

A pedido de Malam Bacai Sanhá, os votos estão a ser recontados em Bissau e no Biombo. Para mais informação ler aqui. Só na próxima semana haverá certezas...

quinta-feira, 28 de julho de 2005

Nome de mulher

A vida dele podia ser definida por fases, períodos temporais mais ou menos longos em função das situações, marcados pela distância e com África no horizonte. Desejava aquele continente onde, por acaso do destino, fizera uma primeira viagem que lhe proporcionou momentos inesperados e mais do que felizes e, desde essa altura, em que foi um Homem bafejado pela sorte e pelos encantamentos, nunca mais conseguiu deixar de procurar novos lugares e novas emoções. Sentia-se impelido a mais uma viagem, a última dizia a si mesmo, mas nunca era porque seguia-se sempre mais uma. As suas Africas tinham nomes ou talvez ele gostasse de lhes dar atributos porque nelas revia as mulheres que agora faziam parte das suas recordações. Todas elas o marcaram, tanto as Africas como as mulheres que lá conheceu. Pensando bem, a sua vida mudara desde que viajara para o sul, que conhecera novas paisagens e que se permitira sonhar com novas vidas.

Guiné Bissau: Boa Sorte...

Nino Vieira venceu. Teve mais votos e menos distritos. O que espero daquele país de que tanto aprendi a gostar? Que o povo não se tenha enganado e que tenha feito a sua escolha em consciência. E o que mais? Que a ordem regresse ao país com aceitação e respeito, o que não tem estado a acontecer desde que se soube os resultados. Para um seguimento mais atento, consultem Africanidades porque o Jorge Neto tem uma tarefa incansável de relatar com pormenor todos os acontecimentos. E ainda... desejos de muito boa sorte para quem já se esqueceu do passado...

Maputo na Megafauna

Na Megafauna encontrei uma foto magnífica do pôr do sol que me relembro que existia em Maputo. Mas não é tudo, a foto ilustra um poema fantástico de Alexandre Daskalos.

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Uma análise objectiva

Andava eu a visitar os blogs de leitura habitual e no Água Lisa há um post que capta toda a minha atenção. Porquê? Porque nele leio o que um dos meus blogs preferidos, e que também é visitante do “África de Todos os Sonhos”, pensa acerca do que escrevo. Uma análise directa, objectiva (como gosto) e sincera. Por tudo isto, só posso agradecer. Leiam aqui.

segunda-feira, 25 de julho de 2005

Fotos: A day in the life of Africa

A Day in the Life of Africa – 100 fotos simplesmente fantásticas de diferentes Áfricas ambientais, sociais, políticas, económicas que permitem sonhar...

domingo, 24 de julho de 2005

Homenagem a José Negrão

O investigador moçambicano José Negrão faleceu há dias. Conheci-o em Maputo por ocasião do Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais que se realiza de dois em dois anos. Naquele ano foi em Moçambique e, por essa razão, lá fui até um país que era para mim desconhecido e que, por muitas razões, me haveria de marcar para sempre: os sorrisos das crianças; os efeitos da guerra; a vontade explícita de promoção do desenvolvimento em várias vertentes, tais como o turismo, o que me levou a escolher como tema de tese de doutoramento o turismo ecológico como via para o desenvolvimento sustentável; as acácias; as praias e a paisagem; os arredores de Maputo; o magnífico Hotel Polana; todas as pessoas, tão diferentes umas das outras, que tive oportunidade de conhecer. E o Prof. José Negrão estava por lá também e, coincidência feliz, assistiu ao painel onde a minha comunicação se inseria. O tema geral era as sociedades rurais e o desenvolvimento participativo e a minha comunicação focava o “empowerment”, o desenvolvimento local e a participação na Guiné Bissau através da actuação das ONGs locais, no caso o trabalho da ALTERNAG e de dois projectos: Mulheres costureiras do Bairro de Belém e Crianças trabalhadoras e de rua.

Estávamos em 1998 e eu hiper nervosa porque apresentava os resultados da minha tese de mestrado, defendida há pouco tempo, estava cheia de vontade de dar continuidade às investigações em África com o doutoramento e representava a Universidade onde trabalhava desde 1992 e onde ficaria até 2002. Pois o José Negrão assistiu com a atenção que lhe era habitual, comentou com o “savoir faire” dos especialistas e eu vim feliz com a noção de uma missão bem cumprida. Quando cheguei a Lisboa, um colega da Universidade ligou-me dizendo que, como habitual ouvira a RDP África e num programa, o José Negrão fizera alusão, de forma muito positiva, ao trabalho dos jovens investigadores, nomeando a comunicação por mim apresentada.

No ano passado o Congresso realizou-se uma vez mais, eu com o doutoramento já entregue e a aguardar defesa oral – estapa que se veio a revelar muito bem cumprida – e ele como figura de destaque. Aqui fica o texto por ele apresentado, linkado a partir do site do congresso, como a homenagem possível que lhe posso prestar. Eu, que me sinto honrada por o ter conhecido e privilegiada por um dia ter sido destacada por tão ilustre figura no meio das Ciências Sociais africanas.

Um futuro para Bissau

Hoje é dia grande na Guiné Bissau. Dia de esperança no futuro, na estabilidade e na paz, no respeito e na democracia. O mundo devia pôr os olhos naquela pequena nação que se caracteriza pelas diversidades e que está a aprender, devagar devagarinho, a respeitar as diferenças com o espírito sabedor da tradição. Um exemplo unicamente descrito pelo Jorge Neto em Africanidades, ilustrado com fotografias. Das eleições de hoje um dos dois vencerá, Sanhá ou Nino Vieira. O desejo é que, no rescaldo dos resultados, o respeito permaneça e que, apesar dos dois desejarem vencer, o que não puder sair vencedor saiba perder. Pela democracia e pelo futuro de um dos povos mais encantadores de África.

Perguntas sem resposta...

  1. Qual foi a primeira coisa que te passou pela cabeça quando me viste pela primeira vez?
  2. Quando tomaste consciência que tudo tinha chegado ao fim?

Como não sei as respostas... vou fazer bolinhos de côco!

Sobre o Amor...

Estou a ler “O Segredo do Chocolate” de James Runcie: livro muito engraçado que apela aos sentidos e às emoções, quer se esteja enamorado hoje ou tenha estado num ontem mais ou menos próximo, sabendo que num amanhã também mais ou menos inevitável voltará a flutuar no ar só por ouvir a voz que desperta o melhor dos sentimentos. Fala-se de muitas coisas no livro mas principalmente de paixão e de amor, do arrebatamento que sentimos por um alguém que se vem a revelar diferente nas nossas vidas num dia qualquer e sem que consigamos perceber porquê. E numa fase de cepticismo em relação a sentimentos desta natureza, em que pergunto aos meus outros eus o que é afinal o amor, e porque eles também não chegaram ainda a uma resposta consensual, ao ler as doces páginas deste livro, encontrei algumas respostas possíveis:

“Apesar das circunstâncias separarem os amantes, Ignácia dá a Diego um elixir e uma promessa: se estiveres vivo então eu estarei viva. Nunca desistas de me procurar”
...
“Quem ama verdadeiramente demora a esquecer”
...
“- Então o amor é uma escravidão?
- Uma escravidão à qual nos candidatamos com prazer”
E depois, fala-se muito do cacau e do chocolate, da forma e da cor, da textura, do aroma e do paladar. E, de forma inevitável, lembro-me de África e da primeira vez que provei cacau fresco no decurso de uma caminhada em STP, cujo percurso passava por cacauzais, que admirei as diferentes tonalidades da casca, que senti o sabor, inicialmente estranho e depois viciante. E quando, numa outra caminhada fomos conhecer o processo de secagem do cacau: a maturação do fruto em tabuleiros imensamente grandes e catalogados por tempos e o cheiro intenso, nesta fase pouco agradável; os fornos e o calor aromático, saboroso e apelativo; o armazém onde era ensacado. Uma experiência fantástica e que transbordou de sensações. Tal como no livro, os sentidos estavam no pico.

sexta-feira, 22 de julho de 2005

Sonhos

Desde pequena que sonho muito tanto de noite, quando me deito para dormir, como de dia, sentada num sofá, a contemplar o mar que se vê da minha janela ou a ouvir música. Gosto de sonhar e de me sentir noutros mundos, noutras vidas, a viver situações únicas e que não se repetem porque os sonhos só são sonhados uma vez.

Mas há sonhos que me dão a estranha sensação de “déjà vu”, já que acabo por viver alguns episódios sonhados em noites anteriores, quando o inconsciente está desperto e actua sem me dar conta da sua presença ou o desejar. Não são bons nem maus e é difícil qualificá-los. Muitas vezes não interferem directamente comigo mas com situações do dia-a-dia com que me confronto, que presencio ou que me contam.

Às vezes, tenho mesmo receio de voltar a sonhar porque o que me é revelado durante o sono nem sempre é bom e o medo está na pergunta que fica sem resposta ao acordar “e se isto acontecer mesmo?”. Por sorte a maioria destes meus sonhos, que só me aparecem em estado inconsciente, não se realiza: é que, muitas vezes, são absolutamente estranhos ao misturarem pessoas num campo surrealista... São terríveis, constrangedores, por vezes agressivos fazendo-me acordar a meio da noite em sobressalto.

Mas há ainda outros que me desconsolam, não pelas situações criadas mas sim por me dar conta que, ao acordar, eles terminam também. Estes são os sonhos bons, fantásticos, magníficos que ficam normalmente por terminar e na melhor parte, nos quais o desfecho nunca chega a ser conhecido e que me criam aquela necessidade de espreguiçar até à exaustão, sentindo que cada músculo é esticado até o corpo se sentir confortável. Estes sonhos são tão bons, tão doces, tão cheios de ternura e simpatia, com tanto afecto demonstrado sem medo, sem receio, sem vergonha que quase tenho vontade de pedir à fada, que tem o poder de me embalar num sono feliz, que me ajude com a varinha e os pós de perlimpimpim a dormir só mais um pouquinho, para poder viver por mais uns minutinhos aquela excelsa sensação do que é a felicidade.

Universidade Lusíada em STP

Uma boa notícia: o ensino universitário vai por fim chegar a STP.

Estando ligada ao ensino e à formação, desde que ingressei no mercado de trabalho, já lá vão 13 anos, sendo uma pessoa muito interessada pelas questões do desenvolvimento africano, e alimentando um carinho muito especial por STP (conhecido e reconhecido), considero que, desde há uns bons tempos, esta é umas das melhores notícias relacionadas com o arquipélago onde todos os sonhos são possíveis.

STP está de parabéns, bem como a Universidade Lusíada que fez uma “aposta de peso”. Esperando que os jovens santomenses aproveitem ao máximo a possibilidade de localmente se qualificarem e que o Estado assegure as condições necessárias para que o ensino seja uma das prioridades nacionais.

Solariso e POR FAVOR, POUPEM ÁGUA!

No Solariso, o Pedro Rocha faz-nos também um apelo, em sintonia com o Bioterra: POR FAVOR POUPEM ÁGUA. No blog Solariso encontram mais informação.

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Um apelo importante

O Bioterra é um dos meus blogs de eleição, não só porque trata de temas actuais, divulgando informação, mas principalmente porque funciona, para mim, como uma excelente “base de dados” no que respeita às questões ambientais, com links importantes, é honesto nos comentários e tem um grafismo bonito. Tenho aprendido muito com a leitura dos posts e com as ligações para outros sites temáticos. Consultem porque vale a pena!!! Mas hoje escrevo sobre o Biosfera porque há um post que trata de um problema que, diariamente, todos nos esquecemos (ou quase todos) e que deve ser mais do que relembrado, principalmente em época de férias quando o bem estar e o prazer presentes são sobrevalorizados, minimizando-se a relação do consumo-desperdícios. O tema é a Água. Leiam com atenção redobrada o post “A seca e a poupança de água – o consenso difícil”.

A lua

A lua teima em não abandonar a minha janela e torna-se impossível fugir dela, até porque além de redonda está de uma cor forte, amarelo torrado, como se me quisesse dizer palavras bonitas, quentes e acolhedoras. Por África a lua é magnífica, mas sempre a vi alta e distante, brilhante e branca. Aqui, quando cheia como hoje, dá-me uma estranha sensação de proximidade porque se apresenta maior do que lá, imensamente grande, e muito colorida, de tal forma que, ao observá-la com o cuidado e a atenção que merece, consigo identificar os contornos e os desenhos. A noite hoje está bonita, muito bonita... e ao olhar o céu sinto-me inacreditavelmente tranquila, de tal forma que até desejo que a imagem que deslumbra os meus olhos não se vá para que a paz permaneça...

Mais um dia negro na História Mundial

Acabei de ver na televisão que novos incidentes de natureza criminal e terrorista ocorreram em Londres e, mais uma vez, os alvos são civis, ou melhor pessoas como todos nós: anónimas; indiferenciadas; comuns; que se deslocam através dos transportes públicos para todo o lado. Pessoas que procuram apenas viver.

Mais uma vez trata-se de um acto inqualificável de criação e multiplicação da instabilidade, contra a segurança humana, o bem estar e o convívio pacífico e equilibrado entre povos de origens diferentes. Acções que incentivam os desencontros culturais criando mal estar e que, com o tempo, levarão ao aumento do racismo e da xenofobia.

Pior que tudo, mais uma vez, quem promove acções desta natureza não tem amor à própria vida nem respeito pela vida dos outros... e isto diz tudo. Não se trata de lutar por uma causa mas antes de educação para a vida ou para a morte que, nestes casos, se processam de forma fanática e doentia.

Hoje foi mais um dia negro na História Mundial.

Recordar é viver

Uma pessoa que conheci e que, com o tempo, se revelou uma sábia personagem, dizia-me com alguma frequência, e sempre que me perdia em divagações saudosistas, que as recordações e as lembranças nos fazem reviver os momentos bem passados, tornando presentes as pessoas que são, para nós, importantes mas que, por motivos vários, não nos fazem companhia em alguma fase desta vida. E por isso são mágicas e tão magníficas.

Não sei se é sempre fácil recordar os momentos vividos em STP mas, com o tempo, os bons prevalecem e ao lembrá-los a sensação que me fica é a de um tempo preenchido, que me enriqueceu e me modificou em muitas coisas. Não seria, por certo, a pessoa que sou hoje se não os tivesse vivido, se não tivesse estado em STP naquela altura e não tivesse conhecido todas aquelas pessoas, as boas e as más!!!

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Comentários

Finalmente decidi-me a experimentar os comentários aos posts que vou colocando. Vamos ver se e no que resulta...

terça-feira, 19 de julho de 2005

Considerações

Apesar do calor que faz no ar, do céu estar límpido e a noite iluminada, terá a lua deixado de fazer sentido para mim? Será por África estar agora longe, cada vez mais? Já estarei a sentir os efeitos da nostalgia do passado? Nãããã... porque se fosse a nostaláfrica uma vez mais a fazer das suas, por certo que eu estaria agora a contemplar o luar no céu, a observar aquela misteriosa senhora redonda e brilhante, que se diz inspiradora de bons e duradoiros sentimentos, ou apenas à procura das minhas amigas estrelas para mais algumas confidências ou simples desabafos. Mas não. Não tenho tempo para falar de mim e pouca vontade de verter lágrimas por quem não é merecedor. Estou sentada ao pé de outro grande amigo que tem a amabilidade de, com um sábio silêncio, me ouvir sem que eu fale, comunico por toques e o sinal da empatia que se estabeleceu entre nós desde que nos conhecemos, já lá vão uns bons 7 anos, expressa-se nestas linhas. Nunca me abandonou e muito menos me traiu, fosse nos bons ou nos maus dias, e eu retribuo-lhe a permanência com uma imensa fidelidade. Todos me aconselham a trocá-lo. Além de não ser oportuno nesta altura, e podendo parecer estranho, sinto afectividade pelo “meu bichinho”. Sei que os há melhores, mais rápidos e potentes, com uma prestação mais coerente às necessidades dos dias de hoje, mas gosto dele, o que hei-de eu fazer??? Nem tudo se troca só porque apareceram novos modelos, novas cores ou formatos...

Site oficial da Região Autónoma do Príncipe

Também vale a pena consultar o site da Região Autónoma do Príncipe
Mais um excelente trabalho no sentido da divulgação do arquipélago.


Assembleia Nacional de STP

O site da Assembleia Nacional da República Democrática de São Tomé e Príncipe já está disponível. É bastante completo e tem um grafismo agradável. É mais um útil meio de informação, divulgação e trabalho.


A constatação e a resolução

Não é dele que estou farta. É de mim a gostar dele! Para grandes males, grandes remédios: a partir de hoje, vou mudar-me!

02/07/2005

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Na ressaca das férias

Estou na ressaca das férias! Nitidamente dou comigo a querer esquecer: não as férias mas alguns sentimentos vividos em África; pessoas que me marcaram e que eu quis marcar, mas na vida das quais não deixei sequer um sinal, de tal forma que, por certo, já me terão esquecido; paisagens que me parecem hoje mais do que distantes, apenas sonhadas e não vividas. Não sei se tenho vontade de voltar e também, com toda a certeza, este será um sentimento que, daqui a um bom par de dias, me parecerá mais um sonho. Mas é esta a minha realidade de hoje. Estranha e que vem de muitas e muitas desilusões, insistentemente sentidas, de forma quase teimosa, quase doentia. Aqueles dias não existiram. Terei sido eu a recriá-los?

domingo, 17 de julho de 2005

Regresso

O sentimento de pós-férias é quase sempre depressivo: é um período mais curto do que desejaríamos; nunca descansamos tanto quanto necessitamos; deixamos sempre muitas actividades radicais e diferentes da rotina diária por praticar; o tempo por cá está sempre pior do que lá; o sentido da responsabilidade e do cumprimento das tarefas assola-nos de forma irreversível. Mas sobretudo porque a paisagem altera-se completamente.

Estou de volta...

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Preciso de...

FÉÉÉRIAS!!!!!!!!!!!!!!!
SOL, MAR, PAISAGEM VERDE, TRANQUILIDADE E MUITA PAZ! LIVROS E DESCANSO...
E é o que vou fazer. Voltarei daqui a duas semanas, mais coisa menos coisa... Mais encontrada e descontraída. Fiquem bem e até ao meu regresso...

Falta de coragem

Havia dias em que a tristeza e a angústia chegavam tão depressa que mais parecia terem sido trazidas por um raio numa noite de tempestade com trovoada, rasgando o céu com a urgência do encontro com o destino. Havia dias em que a saudade dos que já cá não estão para uma festa e um abraço, uma palavra ou apenas um olhar, se tornava insuportável. Havia dias em que o desconforto causado pelo desencanto e pela desilusão, que a vida se tinha encarregado de tornar presentes, se revelava sufocante. Havia dias em que tinha vontade de desistir porque sentia que mais nada fazia sentido. Mas nem para isso tinha coragem...

Conversas trocadas

- Achas possível viver sózinho? – perguntou-lhe o coração de manteiga pelo qual ela se apaixonara uns anos antes e pelo qual ainda sentia um baque quando ele entrava numa sala sem que ela o esperasse, e que se desfazia com qualquer saia que passasse pelo seu campo visual, consciente dos estragos que provocava ou até involuntariamente e sem querer perturbar.

Mas aquele era talvez um dos homens mais naturalmente perturbados, que se dizia sensível às belezas femininas, que se encantava com qualquer rabo de saias e que se deslumbrava com qualquer tipo de beleza. Para ele não havia mulheres feias e muito menos desinteressantes. Em qualquer uma conseguia encontrar um sinal de arrebatamento que o fazia balançar, desengonçava e podia até desestruturar. Aquele era um homem emocionalmente muito desorganizado e ela que procurava, antes de mais, orientar-se. Tinha até a mania de oferecer bússolas aos amigos porque era uma forma de reconhecer os pontos seguros da sua vida. Pois àquele nunca oferecera nenhuma, talvez o mal estivesse mesmo aí...

- Já alguma vez te apaixonaste de forma tão intensa que eras capaz de largar a vida que tens por esse sentimento e para correres atrás do motivo do teu desassossego? Já te sentiste fundir noutra pessoa e ser capaz de qualquer loucura por ela? – respondeu ela com a consciência que estava a ser traída pela sua própria voz, que soava a desilusão contida, resultado de uma expectativa alimentada durante anos.

Ele olhou-a e encolheu os ombros sem perceber ao certo o que ela queria dizer com aquilo...

 

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...