Em África o tempo tende a parar e os sentidos quedam-se numa contemplação apelativa. A humidade quente e colante reflecte-se nos corpos despidos e nas peles tórridas. A brisa arrefece levemente o ambiente e vai chover. Uma chuva tropical, quente, intensa e fugaz a pronunciar sensações, emoções e vivências contraditórias e temporárias mas intensas e marcantes. O tempo que não passa, leve-leve como a vida que tem tempo para ser vivida.
Ritmos marcados pela emoção, sons ternos e movimentos sensuais apelando ao retorno, tal como as ondas levando e trazendo água nova misturada com velha; limpa e suja. A renovação é profundamente assustadora mas necessária.
África das ternas recordações e dos doces momentos, dos cheiros inconfundíveis, do ar suportavelmente irrespirável. Sensações e emoções, tempos de espera e de aprendizagem: de nós mesmos, do que viremos a ser, do que fomos, do que tentamos ser e do que nunca seremos...
STP, Dezembro 2002