domingo, 31 de outubro de 2004

Pôr do Sol

Pôr do Sol sobre a Baía de Maputo.
Vista do Hotel Cardoso.
Palavras para quê...



Maputo, 1998

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Maputo

Vista parcial e semi-aérea de Maputo.
Parcial porque mostra uma das partes mais bonitas (em minha opinião).
Semi-aérea porque resultou da varanda de um 8º andar, se não estou em erro.
Cidade bonita e estranhamente indesejada. País onde vivi momentos e experiências contraditórias, marcadas pela oposição permanente entre o desejo e o abandono, como se fossem faces necessárias da mesma moeda.



Maputo, 1998

Posted by Hello

Os preferidos

Os meus chás e infusões preferidas dependem do estado de espírito, mas os que me são normalmente indispensáveis são:
- Verde (de folhas pequenas porque não abre tanto quanto o de folha grande);
- Jasmim (muito aromático e perfumado, é particularmente reconfortante para a alma e o coração);
- Cidreira (saboroso e tradicional);
- Camomila (tem um paladar adocicado e é mais tranquilizante do que o de tília, que não faz as minhas preferências);
- Menta (para momentos especiais porque pouco calmante, deve-se beber a dois porque é muito aromático e consequentemente inspirador...);
- Lúcia Lima (óptimo para beber à tarde);
- Príncipe (excelente para o estômago, apesar dos santomenses dizerem que é uma bebida só para homens, pelas propriedades e efeitos que neles desencadeiam... e que supostamente serão opostos nas mulheres, que o devem evitar - bem... eu nunca senti nada em especial...).

Chás

Beber chá é uma prática magnífica que, se assim o desejarmos, podemos transformar num ritual. Aprendi isto em São Tomé. É verdade que já era uma adepta da bebida, desde que me lembro de existir e em minha casa todos sempre brincaram acerca disso - afinal era mais um aspecto que me marcava pela diferença.
Sempre gostei de chá, até do preto bebia, mas as infusões fazem as minhas preferências. Os pacotinhos só me serviam mesmo quando não havia genuínos, com folhas, daqueles que somos nós que doseamos a quantidade, em função de o querermos mais forte e aberto ou mais suave, e que depois temos de coar para que as flores ou as folhas não passem, apesar de, no fundo da chávena, ficar sempre um depósito.
É magnífica a dedicação que o chá exige para ficar no ponto - nem demasiado escuro nem demasiado águado. Primeiro aquece-se a água e deixa-se que ferva, colocam-se as folhas desejadas, eventualmente com flor, dependendo do tipo de chá que estejamos a preparar, desliga-se o lume porque a temperatura só por si é suficiente e não necessita de mais fervura. E podemos ali ficar, a olhar, a perceber a mudança de cor decorrente da troca de componentes entre a água e a planta, a sentir o aroma perfumado, absolutamente inspirador e reconfortante.
Coar o chá para uma chávena, de preferência de porcelana e pintada à mão (o que não havia em São Tomé...) e ouvir o som musical do chá a encher a chávena. Bebê-lo sem açúcar, quentinho transmite uma sensação de conforto inigualável. E estando sózinhos, podermos envolver a chávena com as mãos e sentir o calor que chega, fecharmos os olhos e recostarmo-nos num sofá confortável, perto de uma janela, e ver a chuva cair, forte e batida pelo vento, quando atrás de nós uma lareira crepita...
O chá e as suas familiares tisanas são elementos indispensáveis na minha vida, sem as quais não me imagino a terminar um dia, sobretudo se estiver frio...

sábado, 30 de outubro de 2004

Annobón, a alucinação do grupo

Annobón foi um passeio magnífico mas, a dada altura, alguns dos participantes decidiram, vá-se lá perceber porquê, tentar convencer-me a alterar o campo de estudo da minha tese de doutoramento. Turismo ecológico em São Tomé e Príncipe? Que ideia, o potencial turístico estava ali mesmo.
Eu sei, era a mais nova do grupo, cuja média etária rondava os 50 anos (excluindo-me, claro), era dos poucos que tinha decidido ir sózinha (sem par), ou que não o tinha de forma oficial (o que não quer dizer que não tivesse e que os outros não soubessem). Além disso, era tida como tendo mau feitio (leia-se, refilona), mas na verdade ria-me sempre mais do que respondia, sobretudo quando tinha vontade de o fazer, e por isso todos tendiam a abusar com as brincadeiras, para ver até onde podiam mesmo esticar a corda. Ou seja, os mais velhos do grupo - um médico e um alto responsável pela cooperação no arquipélago - decidiram que eu deveria manter-me por Annobón, mesmo contra a minha vontade.
O estratagema estava montado - eu tinha decidido ir até APOT, fazer uma caminhada, mas o ritmo do militar sorridente não me permitiu chegar ao destino, pelo que, depois de muitas vezes me sentar no chão para comer uma manga, apelando aos deuses das florestas para que as cobras não tivessem curiosidade acerca da minha pessoa, decidi retornar. E foi a única altura em que andei sem vigilante - a descida de APOT até ao centro da terra, para me reencontrar com os outros. Mas quando cá cheguei abaixo, já tinha uma moça à minha espera. Pois como é que ela comunicou com o outro, numa ilha que nem telefone tem, isso não sei.
A moça encarregou-se de me levar até à pista, onde os outros tinha abancado a comer lagosta, presunto pata negra, queijo da serra e outras delícias importadas, que o Lima tinha preparado para o nosso repasto, com toda a atenção. É verdade, eles estavam todos dentro do avião porque em Annobón só havia um café que não tinha água, cerveja ou qualquer refrigerante. Nem percebi porque é que estava aberto e com gente sentada nas mesas. Por isso, não valia a pena ficarem no café à espera dos mais destemidos e resistentes que chegaram a APOT, quando dentro do avião tinham tudo para passar um bom bocado.
Cheguei ao avião e a festa foi total - eles tinha estado a combinar a melhor forma de me deixarem lá, até porque havia a praia dos amores e assim eles teriam de regressar a Annobón de 15 em 15 dias pata me levarem alimentos, jornais e qualquer coisa que eu pedisse. O argumento era simples - eu queria estudar a implementação do turismo ecológico, num país onde o segmento se estivesse a implementar, não tinha nada que me prendesse fora de Annobón (pensavam eles... ou se calhar esperavam apenas a confirmação, mas eu não a dei), as potencialidades ali eram infinitas e a população muito afável.
Foi um estrafego o meu final de dia, o retorno a São Tomé e os dias que se seguiram. Não havia condições, nem ouvidos que aguentassem. E os músculos da minha face já se queixava, de tanto sorrir para não lhes responder. A um deles, o médico, não podia responder torto, afinal ele era uma das minhas referências, eu simpatizava muito com ele e era uma pessoa super disponível, apesar de ter entrado naquela brincadeirinha chata e que me parecia não ter fim. O outro era um fulano enigmático, que nunca cheguei a compreender, nem a função dele por lá, nem o grau de influência que tem sobre as diferentes comunidades. Além do mais, eles testavam a minha capacidade de reacção e eu não lhes dei o prazer de me ver desatinada, desorientada, enfurecida com a vida e o mundo.
Mas às vezes as brincadeiras não têm fim e as pessoas não sabem parar nos limites porque não os reconhecem, isso é verdade... E Annobón foi uma excelente experiência de conhecimento, de percepção de uma realidade tão diferente, onde o presidente regional se vem despedir dos passageiros e vê-los embarcar, porque é uma honra ter 12 turistas na ilha, e uma garantia de não intrusão. O estrangeiro é bem vindo, desde que parta e que não permaneça, mesmo que tenha dinheiro para gastar. Afinal por ali não há simplesmente nada para comprar porque ninguém vende nada. É a economia mais primária que conheci - produz-se e consome-se, não há trocas.
Foi engraçado mas muito estranho... e vim com a certeza que um dia, aquilo que poderia ser um paraíso vai ter de mudar...

Grizabella, the glamour cat

E quando Grizabella entoou aquela magnífica canção, "Memory", eu, que já estava rendida à beleza perfeccionista do espectáculo, emocionei-me, porque não era possível deixar de o fazer.
Dias bons que foram e que deixaram lembranças e que continuamente recordamos.
Memórias de pessoas e de momentos que procuramos reavivar e voltar a viver.
Tentativas de renascer para um "novo dia" após uma má experiência.
Grizabella, a gata glamorosa é posta de parte pelo resto do grupo de gatos Jellicle por, há uns anos atrás, ter optado deixá-los, com o objectivo de conhecer e explorar o mundo exterior, novo para ela e sedutor. Agora que regressou, sem o glamour e a beleza dos tempos idos, cansada, desgastada e sózinha, o grupo tem relutância em aceitá-la. Por isso, sózinha e iluminada pelo luar, canta na esperança de renascer para uma nova vida. Os Jellicle acabam por aceitá-la, por decisão do Old Deuteronomy, um sábio e reconhecido gatarrão, enorme, experiente, simpático e ponderado, que a escolhe para que ela possa renascer.
No final, Old Deut explica aos humanos como lidar com os gatos. Afinal, "os gatos são muito parecidos convosco". É preciso dar tempo ao gato, que é independente, para que a amizade cresça, para que ganhe confiança, para que se sinta confortável. No início, os gatos mostram-se desconfiados e relutantes porque são orgulhosos. Os gatos têm três nomes - o nome que utilizam no dia-a-dia; o nome mais distinto; o nome secreto... E há tipos de gatos como há tipos de pessoas.
E afinal, Old Deut tinha razão, os gatos têm parecenças com os humanos...
Aqui fica a canção que me emocionou (e aos meus vizinhos de fila também que limpavam discretamente os olhos), quem sabe por todos nos reconhecermos nela. E de que maneira...
"Daylight, see the dew on a sunflower
And a rose that is fading
Roses wither away
Like the sunflower
I yearn to turn my face to the dawn
I am waiting for the day
Now Old Deuteronomy just before dawn
Through a silence you feel you could cut with a knife
Announces the cat who can now be reborn
And come back to a different Jellicle life
Memory, turn your face to the moonlight
Let your memory lead you
Open up, enter in
If you find there the meaning of what happiness is
Then a new life will begin"

Memory

"Midnight, not a sound from the pavement
Has the moon lost her memory?
She is smiling alone
In the lamplight the withered leaves collect at my feet
And the wind begins to moan
Memory, all alone in the moonlight
I can smile at the old days
I was beautiful then
I remember the time I knew what happiness was
Let the memory live again
Every street lamp seems to beat
A fatalistic warning
Someone mutters and a streetlamp gutters
And soon it will be morning
Daylight, I must wait for the sunrise
I must think of a new life
And I mustn’t give in
When the dawn comes tonight will be a memory too
And a new day will begin
Burnt out ends of smoky days
The stale cold smell of morning
The streetlamp dies, another night is over
Another day is dawning
Touch me, it’s so easy to leave me
All alone with the memory
Of my days in the sun
If you touch me, you’ll understand what happiness is
Look, a new day has begun"
(Music: Andrew Lloyd Webber.Lyrics: Trevor Nunn, after T.S. Eliot.Show: "Cats" (1981/1992)

Gatos 2

"Os gatos são ao mesmo tempo reservados, hipersensuais, frios, quentes, completamente elásticos e misteriosos"
(Gillian Lynne)

Gatos 1

"Somos fascinados pelos gatos por muitos motivos mas talvez o principal seja porque, de uma forma misteriosa, nos permitem ver-nos a nós próprios de uma forma mais clara"
(Trevor Nunn)


Cats (Andrew Lloyd Webber)

Ontem vi o Cats no Coliseu. Qualquer qualificativo é insuficiente para exprimir uma avaliação correcta. É fantástico, fenomenal, perfeito. Bem dançado, bem cantado, com um excelente enquadramento. A ver e a rever. O mais possível e sempre que houver possibilidade. Já que ainda estarão por cá durante Novembro, não percam. Vejam o site oficial

I will survive

"At first I was afraid
I was petrified
Kept thinkin' I could never live without you by my side;
But then I spent so many nights
Thinkin' how you did me wrong
And I grew strong"

(Gloria Gaynor)

sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Lago Apot, Annobón

Lago APOT, o nosso objectivo, pelo qual tivemos de pagar; até ao qual fomos acompanhados pelo "nosso" sorridente militar; o tal que é a cratera de um vulcão. Fantástico, apesar do percurso ser apenas para os audazes...


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Vista Parcial, Annobón

Vista parcial de Annobón - podia ser um paraíso no Golfo da Guiné, podia ser turístico, podia ser dinâmico e a comunidade podia viver bem. Mas não...


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Passeio pela rua principal de Annobón, paralela à praia e ao barco que ali encalhou e ali ficou...


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Praia dos Amores

Chegada a Annobón - a "Praia doa Amores" - linda linda linda de morrer, a cor da água é real, o enquadramento uma ternura e a principal vantagem - como tudo em Annobón, é deserta. O senão, estar sempre acompanhado pelo simpático militar (ou por outra pessoa qualquer que nos vigie todos os movimentos)


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Aeroportos

A inspiradora pista do aeroporto de São Tomé e Príncipe...


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quinta-feira, 28 de outubro de 2004

Annobón - a decisão

A visita a Annobón foi preparada com cuidado e idealizada ao pormenor, pelo que a expectativa era grande. Faz agora mais ou menos dois anos. Estava em São Tomé a preparar a minha pesquisa de doutoramento e as actividades de fim de semana alegravam os nossos dias porque fazíamos sempre algo diferente, para que o tédio não nos vencesse. Há que referir que em São Tomé não há dinamismo cultural - o cinema é uma miragem, o teatro um sonho, livrarias... o que é isso?, discotecas só duas, cibercafés uma inovação, galerias de arte, apenas uma, a luz nas ruas da capital tem 4 anos e a televisão resume-se ao brilhantismo da programação da RTPInternacional... e não é preciso dizer mais nada...
As actividades de fim de semana eram mesmo integradas em meio natural - praia, o mais possível, caminhadas pela floresta e visita a roças, mas que de tão degradadas que estão, quase nem serve de passeio cultural.
O grande dinamizador do nosso lazer tinha vindo de férias para Portugal e o marasmo aparecia na cara de todos, sobretudo dos que adoptavam de forma sistemática o lamento como forma de vida, o comentário e a crítica da vida alheia como estratégia. E eis senão quando, os mais velhos se organizaram e propuseram a alguns de nós uma sexta feira diferente. A ideia era fretar a avioneta da Air São Tomé e fazermos uma incursão à Guiné Equatorial, a uma ilha famosa pela beleza das águas e pela pobreza do povo, Annobón, que terá sido uma ilha portuguesa que fora negociada com os espanhóis em plena época expansionista.
Um deles, que ficou como o organizador do dia, juntou passaportes e responsabilizou-se pelos vistos, reuniu os cheques para pagar o avião e combinou com o Lima, famoso pelos bigodes que tem e pelo restaurante com o nome que lhe faz jus, o almoço, fenomenal para um catering de avião... até lagosta e presunto pata negra havia. Fomos bem tratados pela organização, é um facto.
E lá fomos, numa 6ª feira. O ponto de encontro foi a porta das partidas nacionais do aeroporto de S. Tomé, onde embarcámos em conjunto com a missão da Força Aérea que ia voar para o Príncipe nessa manhã.
O voo foi suave, houve mesmo quem dormisse. Eu, claro está, ia atarefadíssima a tirar fotografias à paisagem porque, de facto, a costa santomense é muito bonita, muito mesmo. Vi as roças do sul, a foz dos rios, o ilhéu das rolas e o cão grande. Foi fantástico e aquele voo ficará para sempre na minha memória. A chegada a Annobón parecia um sonho porque, se nos costumávamos queixar da pista de STP, pois a de Annobón era surreal porque tinha ligação com o centro da aldeia e com as praias, e para agravar a alucinação expectante, tinha escavadoras e outros meios de construção civil no meio.
(continua)

quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Significado dos Nomes

Todos os nomes têm um significado e falam um pouco do que somos. Eu reconheço-me no meu. Vejam o Dicionário dos Nomes.
O meu (Brígida) significa "grandeza e força" e deriva do celta Briganti ou de uma latinização do irlandês Brighid - só pode ser ao nome que vou buscar tamanha resistência.

Malmequer Mentiroso

Malmequer Mentiroso é um nome inspirador para uma florista. E para quem a frequenta também. Farto-me de rir sempre que penso neste nome. Mas leiam... e veja o link
"Ó malmequer mentiroso
Quem te ensinou a mentir
Tu dizes que me quer bem
Quem de mim anda a fugir

Desfolhei um malmequer
Num lindo jardim de Santarém
Malmequer, bem me quer Muito
longe está quem me quer bem

Coitado do malmequer
Sem fazer mal a ninguém
São todos a desfolhá-lo
Para ver quem lhe quer bem

Malmequer não é constante
Malmequer muito varia
Vinte folhas dizem morte
Treze dizem alegria"

Ecopedagogia

- O que é a ECOPEDAGOGIA e para que serve? - costumam perguntar-me, com ar semi-duvidoso, semi-crítico, sempre que falo a alguém no último campo de estudo que me suscitou interesse para uma nova investigação em África.
Na verdade, os temas que gosto de estudar são considerados para muitos como alternativos e leves. Mas eu não me importo que façam essas avaliações.
Francisco Gutiérrez, a quem se deve o termo “ecopedagogia” relaciona-o outra expressão "promover" desenvolvimento ou seja “facilitar, acompanhar, possibilitar, recuperar, dar lugar, compartilhar, inquietar, problematizar, relacionar, reconhecer, envolver, comunicar, expressar, comprometer, entusiasmar, apaixonar, amar”, resultando numa aprendizagem integrada entre grupos humanos e meios naturais.

terça-feira, 26 de outubro de 2004

Em Annobón,

a saga continuou... até para tirarmos fotografias, precisámos de nos fazer acompanhar por um papel que formalizava a autorização... e, claro está, sempre acompanhados pelo militar, que era simpático e pacífico, mas que não nos largou, nem por um minuto, até para nos indicar quais eram as melhores mangas.
O militar era simpático e sorridente, fez quase sempre o papel do guia turístico que por lá não havia. Explicava-nos todos os pormenores, chamava a atenção para particularidades dos percursos, indico-nos as melhores praias. Mas não nos largou... e quando tentámos tirar fotos a monumentos, ele explicou-nos calmamente que não podia ser...
E esquecia-me de referir... as autorizações eram pagas... claro!


Posted by Hello

Annobón e as autorizações

Visitar Annobón na Guiné Equatorial é por si só uma aventura "militarizada". Todos os passos que queiramos dar são acompanhados por um militar fardado e armado. Um espectáculo! Mesmo se for para ir à praia, ou visitar a cratera de um vulcão ou fazer uma caminhada pela floresta e comer umas mangas que estão espalhadas pelo caminho. É hilariante, sobretudo porque é necessária uma autorização escrita, na qual constam os nomes de todos os visitantes... eramos 12 pessoas, e tinhamos fretado o avião da Air São Tomé para um passeio de um dia...
Explico mais tarde os pormenores, porque foi uma viagem inesquecível!


Posted by Hello

Prolapso

E um prolapso pode voltar pela simples razão que, desde que o tenhamos uma vez, tê-lo-emos para sempre. Uma perspectiva estranha do que é "viver acompanhado". Por um prolapso e por um anisakis. E, como os que me conhecem bem saberão, não defendo a poligamia, seja de que forma for. Sou mesmo contra!

Internacionalização

E o Grupo Pestana lá vai até STP... tornando o arquipélago num destino internacional...
A ver se a qualidade dos serviços prestados no Ilhéu das Rolas melhoram, que bem precisa porque o local é magnífico. Que saudades da Praia Café...

Desonestidade

Estou cansada: de gente desonesta; de falta de palavra; de incapacidade de cumprir compromissos; de conversa fiada; de estratégias do tipo "a melhor defesa é o ataque".
Estou cansada que me devam dinheiro e se aproveitem da boa vontade, da dedicação e do esforço.
Por vezes dou comigo a sentir-me cansada de África, ou melhor de alguns africanos, dos desonestos, dos incumpridores, dos aproveitadores e dos reis dos esquemas. Logo a minha vida havia de estar tão ligada a África. Há coisas...

domingo, 24 de outubro de 2004

Verdade

Uma coisa "muito magnífica" aprendi em África - por mais certezas que tenhamos, nunca as temos verdadeiramente. O "outro" tinha razão, rapaz esperto e instruído acerca da mente e do conhecimento. Eu também digo - só sei que nada sei. E quanto a dúvidas... sou a rainha delas.
(Não... isso não tem nada que ver com ninguém em particular.)

O silêncio é precioso

- Respeito os teus sentimentos, respeita também tu os meus. Magoaste-me antes, infinitamente. Não me magoes agora, nem depois. Nunca mais... - pediu-lhe no silêncio de um olhar.
E ele olhou-a ternamente, interpretando, naquela expressão, promessas que ela não fez e que não quis fazer. Mas não a conseguiu escutar porque ela não chegou a dizer uma única palavra.
E continuaram olhando-se em silêncio, no final de uma noite de agradável conversa, querendo dizer coisas um ao outro que nunca chegaram a proferir, porque não conseguiam e não podiam.
Não se entendiam quando falavam. E interpretavam-se sempre mal...

Interferência

Havia uma coisa que ela nunca quis e que continuava a não querer: ter a noção que estava a intrometer-se entre duas pessoas, a interferir numa relação, qualquer que ela fosse e independentemente de contornos que essa relação tivesse.

Coincidências

A vida não deixa de me surpreender. Umas vezes, de forma agradável, outras nem tanto. Mas o Mundo é pequeno, muito pequeno mesmo, e a nossa vida uma estranha conjugação de coincidências surreais. Por vezes hilariantes...
(Pensamento durante o jantar de 22/10/2004)

sábado, 23 de outubro de 2004

O que é o Amor para ti?

Ele insistia em dizer-lhe que a amava, apesar de tudo: dos desencontros que o destino tinha repetido, da distância em que tinham vivido, das diferenças que os distinguiam, dos modos de vida que não os aproximavam, dos gostos e dos desejos que não se encontravam, do tempo que os ausentara um do outro... Mas ele repetia, sem se cansar, que a amava. E ela não acreditava...
Ele queria acreditar que a amava e queria efectivamente amá-la. Porque ela tinha uma vida certinha, porque tinha ideais e sonhos e desejos, e não se importava de viver sózinha se nunca chegasse a encontrar o que procurava. Se não tivesse a vida que idealizara conformava-se, mas dizia com um sorriso aberto e cheia de confiança que não queria "embarcar" numa vida de incerteza. Magoara-se demais e não queria repetir a proeza. Os custos eram bem mais elevados do que os benefícios, disso tinha certeza e o prazer que podia retirar de uma "história de conto de fadas" rapidamente se transformava num inferno. E climas tórridos só no verão ou em África, pensava.
Não, ela não era particularmente bonita, nem assustadoramente feia. Tinha traços simples marcados por um nariz "cheio de personalidade", não era exuberante e procurava passar despercebida. Tinha uns olhos ternos e compreensivos, que evidenciavam algum cansaço, de uma cor difícil de definir porque variava com os estados de alma. E falava com os olhos, dizia quase tudo, o que sentia e o que pensava. E quando não podia dizer, olhava para baixo ou para longe, ou fingia pensar, para que a expressão do olhar não a traisse.
Era suficientemente inteligente para acreditar que quanto mais sábio se é, mais simples se parece, e vivia de acordo com a permissa, sempre pronta para aprender com todos, porque a grande sabedoria não está nos livros mas nas experiências de vida. E a vida dela estava bem marcada pelo factor experiência. Talvez por isso quisesse viver em paz com ela própria e com os outros.
Era uma pessoa tranquila e, para ele, representava a diferença, o que ele não tinha. Por isso, queria amá-la e convencia-se a si próprio de sentimentos que não tinha, mas que queria ter. Não, não se convencia mas dizia que sim, porque pensava que assim era mais fácil convencê-la. E enganava-se porque ela percebia. Isso e muito mais. Quando o ouvia com declarações de amor sem fim tentava contrariar a tendência e quando não era bem sucedida calava-se, ouvia-o e olhava-o calmamente. Mas a cabeça fervilhava de perguntas, para as quais ele não tinha respostas e por isso repetia palavras de amor, de desejo, de procura de entendimento, de conforto e de compreensão.
E ela ouvia até à exaustão pensando que lhe queria perguntar - Mas afinal, o que é para ti o amor?

Gratidão e perdão... que confusão

Agradeço-lhe pelos encontros cordiais, pela insistência (mal sucedida) pela repescagem de sentimentos e afeição, pelas flores, pelos jantares, pelos chás e cacau quente, pelas conversas profundas e pelas explicações, pelas palavras bonitas e pela dedicação.
Mas peço-lhe, sucessivamente e de forma infinita, para que não confunda gratidão com perdão, porque há coisas que não consegui até hoje ultrapassar e duvido que o venha a fazer...
Tenho sempre a estranha sensação que ele não me ouve, porque não quer e porque vive num mundo só seu, e por isso não pode entender o que lhe tento explicar, as minhas razões, as minhas angústias, os meus receios, os meus bloqueios.
E um dia, estou certa que ele me dará razão: confundir os dois leva a uma tremenda confusão... e dessa, já temos os dois a nossa dose.

Medo do Amor

O amor mete medo, retrai e por vezes afasta.
As demonstrações e a insistência nos afectos sabem bem, porque nos fazem sentir desejados, queridos, pretendidos, por percebermos que alguém nos quer e está disposto a qualquer coisa por nós. Independentemente do que estiver em risco. E às vezes está muito pouco, e outras vezes está muito muito. Faz-nos sentir importantes e pode tornar-nos egoístas.
Mas... tudo isso também assusta, retrai, mete medo e afasta.
É importante que se perceba que o que tiver de ser, será, e o que não puder ser... não acontecerá, por maior que seja o esforço. Há sentimentos que não renascem porque não foram alimentados em seu devido tempo, emoções que não se reacendem, relações que não podem ser retomadas. Simplesmente porque o tempo certo passou. E o que se viveu não se altera nem se retoma.
Na verdade, como em tantas outras coisas, acredito que nos negócios do Amor, o destino tem uma palavra a dizer. E a vontade, bem como a falta dela, tem de ser respeitada. E há coisas que não podem ser. Porquê? Porque não...

Ontem ofereceram-me flores...

Ontem ofereceram-me um ramo de flores, grande, enorme, lindo, em tons que variavam entre o amarelo e o laranja, com tons rosados. Um ramo de flores encantador, de aspecto harmonioso e delicado, bem cheiroso e aromático. Um afago para os olhos, para o nariz, para a alma e para o coração.
Escusado será dizer que me soube bem recebê-lo. Pela lembrança, pela acção, pela dedicação que, quem o ofereceu, quer demonstrar ser capaz. Foi o segundo.
Sim, já percebi que ele está a dar o seu melhor, na atenção, na demonstração de afecto, de vontades e de desejo. Todos os encontros são marcados pela permanência e continuada exteriorização de afectos: apresentação de um leque variado de razões, de forma que eu interiorize as vantagens de tentarmos algo em conjunto; atitudes de cavalheirismo consciente que cativam; reforço de gestos de afectividade, numa busca de proximidade; repetição da palavra "amor"...

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Muito

- Eu gosto MUITO de viver, afirmou ela com certezas.
- Eu gosto de viver MUITO, e morrer CEDO, e levar muita gente comigo para a MORTE, sobretudo se for através do SEXO, respondeu-lhe ele em tom enigmático, meio a sorrir
- Pois... foi o que pensei, atacou ela irritada com a conversa, pelo tom, pelo conteúdo e principalmente pela desconfiança agravada.

Trocas

Acabei de receber um mail dizendo:
"Nunca deixes aquilo que amas por aquilo que desejas, pois aquilo que desejas te deixará pelo que ama."
E é uma grande verdade...

quarta-feira, 20 de outubro de 2004

Cautela

"Sede cautelosas, jovens meninas; tende prudência de como vos entregais. Tende pudor de amar abertamente; jamais digais tudo o que sentis, ou (melhor ainda) sentis muito pouco. Vede as consequências de ser prematuramente sinceras e confiantes e desconfiai de vós mesmas e de todos. (...) De qualquer forma, nunca tenhais nenhum sentimento que possa vos deixar em situação constrangedora e nem façais promessas que não possais, a qualquer momento necessário, controlar e retirar. Esta é a maneira de viver, ser respeitada e ter um carácter virtuoso."
William Thackeray in Feira das Vaidades

terça-feira, 19 de outubro de 2004

O Saco de Água Quente

Ontem, após um dia para lá de cansativo, cheguei a casa com vontade de sentir o conforto de um espaço bem iluminado e aquecido. Estava frio e chovia, com uma intensidade que já não via há muito. A viagem que tive de fazer no regresso a Lisboa foi dura e demorou horas infinitas. As notícias acerca do mau tempo não foram enganosas - nevoeiros cerrados nas zonas altas, chuvas consecutivas e agravadas pelo vento.
Jantei com gosto, porque o horário de almoço não me permite muito mais do que uma sandes e um café, assisti com incredulidade ao concurso da RTP1, onde estava uma rapariga, praticante de surf, que era o protótipo da loira das anedotas. Exemplo de pergunta - onde ficam as Seychelles? - opções: oceano Atlântico, oceano Índico, oceano Pacífico, Antártida. Resposta - fica no Atlântico...
Bem, após uma série de tentativas do apresentador em solucionar a ignorância da moça que se exprimia com sorrisos e olhares lânguidos, com ajudas mais do que evidentes, a questões básicas desta natureza, decidi ir dormir. Estava desconfortável, com frio, e irritadíssima com tamanha afronta, afinal a rapariga entrara em Medicina com 18.95... xê... como seria possível???????
E fui dormir, estreando o meu saco de água quente neste outono. Já me esquecia o quanto o saco de água quente faz maravilhas para embalar o sono, dando-nos uma sensação de conforto indescritivel. É verdade que sou uma apologista destes utensílios porque acho que não nascemos para sofrer e quando se vai para a cama com os pés frios o acto de adormecer torna-se num suplício. Esta foi uma magnífica invenção!

domingo, 17 de outubro de 2004

Hospital de Água Izé

Posted by Hello Particularidades de arte nova. Um magnífico monumento histórico ao abandono, habitado por diferentes espécies - humana, suína, canina, galinácea... até que um dia se há-de perder, para sempre, se ninguém o recuperar e lhe atribuir o significado que merece...

A magnífica Roça de Água Izé

Em STP, uma das roças mais espectaculares, pela situaçãogeográfica, pela proximidade do mar, pela estrutura arquitectónica, pela densidade populacional, pela infinidade de problemas socioprodutivos que encerra... Posted by Hello

Roça de S. João

Um dos melhores recantos porque dos mais inspiradores - a favor do descanso, da leitura, da reflexão, da simples contemplação, de uma boa conversa ou de uma troca de olhares. Quando visitarem STP, não deixem de se sentar calmamente na imensa varanda, numa daquelas cadeiras, em boa companhia e... gozem o momento...
Posted by Hello

Tartaruga no Governador

O pequeno contributo para a fuga. Em direcção à liberdade e ao futuro...
Posted by Hello

Peixe-Andala, STP

e a descontração da mulher santomense. Uma palaiê típica
Posted by Hello

Pesca Artesanal, STP

O isolamento e a coragem do pescador santomense...
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Praia das 7 Ondas

Onde o mar parece rasteiro mas engana, tentando levar-nos até ao largo, sabe-se lá para quê...
Areal onde existem umas conchas estranhas, o "prato de tartaruga" com o desenho de uma flor na face... magníficas...
Baía onde as crianças aparecem do nada, transformando uma praia aparentemente deserta numa multidão de sorrisos, com cocos numa mão e uma catana na outra... na esperança de uma troca por 5000 dobras (50 cêntimos)...
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Parque Natural Obô, STP

Paisagem que faz sonhar, sem apetecer falar, só contemplar
as cores, as formas e os sons,
na busca do Obô, esse pássaro encantado, que dizem dar sorte a quem o vê...
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sábado, 16 de outubro de 2004

Guiné - Parte III

A minha estadia em Bissau foi decorrendo, comigo a confrontar-me com uma cultura bem diferente. Tudo me pareceu estranhamente sedutor - o crioulo e a forma como alguns se expressavam, os jogos de oril, com que a maioria dos homens ocupava o tempo, os cestos que as raarigas vendiam na rua, os postos de engraxamento de sapatos, as árvores carregadas de fruta, espalhadas pela cidade, os cheiros, a densidade atmosférica. Tudo me parecia estranho.
Tinha a certeza que ali não quereria viver mas começava a ter a estranha sensação das contradições que África provocava em todos aqueles que por lá passavam. A verdade é que depois da Guiné, o apelo por aquele continente ficou e fui regressando sempre que pude.
Os dias passavam-se entre a ONG onde desenvolvi as minhas pesquisas e a casa das missionárias onde estava alojada, em frente à Polícia Judiciária, rua sempre repleta de gente, que não cheguei a perceber se estava à espera de saber notícias de alguém que lá estivesse dentro em investigações ou se simplesmente tinha acompanhado alguém para efectuar uma queixa. Pensei sempre que a primeira hipótese era a mais provável. Mas nunca consegui aprofundar porque aprendi uma coisa importantíssima naquela estadia: num regime pouco democrático, ninguém gosta de falar e poucos são os que efectivamente o fazem. E o regime que se vivia era o de Nino Vieira, por isso a recomendação fez-se chegar rapidamente... nada de fazer perguntas como base em investigação por conta própria. Era mesmo melhor dedicar-me à pesquisa no terreno para a minha tese de Mestrado - o desenvolvimento local e as estratégias participativas. E lá fui eu ccontactar a ONG e outras instituições, nacionais e estrangeiras que desenvolviam trabalhos no âmbito do meu estudo.
Como não tinha apoios financeiros importantes, não pude alugar carro e as minhas deslocações na cidade faziam-se de taxi quase comunitário ou à la pate, o que me permitiu contactar ainda mais directamente com as populações locais, conhecer as ruas e andar por ali à solta. Foi uma experiência de vida única, apesar de ter por lá passado dias de isolamento, que me pareceram não ter fim, por não ter ninguém de grande proximidade para conversar.
As minhas incursões para fora de Bissau foram acompanhadas pelos missionários que me acolheram. Fui a Cumura, o hospital dos leprosos sem indícios de efectivamente o ser, a Bafatá, a Mansoa e a Cucilinta. Fiquei com uma ideia geral da "Guiné profunda" e visitei tabancas, fiz piqueniques nas zonas florestais e, claro está, fui a missas africanas. Mais uma realidade que me encantou, sobretudo quando eu, em Portugal, me recusava a frequentar as igrejas por ter a sensação de viver uma crise de fé e de desacreditação dos seus representantes máximos. Mas ali, a participação era uma realidade, a partilha de dificuldades, a disponibilidade para encontrar soluções, o tempo que não se esgotava, a boa vontade.
Regressei com a ideia que os missionários são bem diferentes dos religiosos tradicionais - são pessoas que dedicam a sua vida, não a rezar e a viver bem mas, a fazer bem aos outros e a ter uma vida contida, podendo confrontar-se com dificuldades sem fim, mas sem nunca recusarem o apoio a alguém que o pedisse ou se sentissem que o necessitava.
Depois, as crianças deixaram-me completamente rendida. Os olhos, o sorriso, a simplicidade dos gestos e a ausência de bens e de riqueza, mas com uma alegria de viver que nunca imaginei ser possível. Nós, no mundo desenvolvido, temos tudo e queremos continuamente ter mais por sermos consumisticamente insatisfeitos, aqueles nada tinham mas riam, cantavam, dançavam, pulavam e quando podiam brincavam.
Aprendi que ser melhor passa pela capacidade de nos darmos aos outros, sobretudo quando temos pouco para dar, de vivermos com pouco e mesmo assim estarmos contentes e satisfeitos só pelo facto de estarmos vivos.
Aprendi que a verdadeira sabedoria não está escrita nos livros nem nos tratados e não resulta sempre de grandes estudos. O sábio não é o estudioso de biblioteca, o que se intitula como tal ou aquele que tem um QI acima da média e que é vulgarmente considerado como uma sumidade.
Sábio é quem aprende através da experiência, quem vive o dia a dia com tal intensidade que o brilho que os seus olhos emitem pode iluminar uma noite de escuridão; quem tem humildade para aprender com os próprios erros e não condena os alheios; quem está igualmente disponível para uma conversa ou para aceitar o siêncio; quem não força sentimentos e os deixa fluir.
Regressei de Bissau com a sensação que tinha vivido a experiência mais dura, desde que que era gente. Para ser franca, não vivi nenhuma situação pessoalmente problemática, não me confrontei com violência ou com privações. Tive tudo o que precisei e senti-me apoiada por todos com quem contactei. A experiência dura resultou: da minha consciencialização que as imagens da TV não são forjadas, elas traduzem realidades, com as quais nunca imaginei contactar; da percepção que a distinção entre o bem e o mal ou o correcto e o incorrecto são puras convenções culturais porque ultrapassam em larga medida a imagem humana. E tudo isto aprendi com os missionários e com os guineenses.
Regressei com a consciência que aquela viagem não se repetiria, por muitas Áfricas que viesse a conhecer e mesmo que um dia mais tarde regressasse a Bissau.
E espero regressar...

sexta-feira, 15 de outubro de 2004

Amigos

"- Ando à procura de amigos - disse o principezinho - o que é que «estar presp» quer dizer?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços - disse a raposa - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a cem mil raposas. Mas se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E para ti, eu também passo a ser única no mundo...
- Parece-me que estou a começar a perceber - disse o principezinho - Sabes, há uma flor... tenho a impressão que estou preso a ela..."

(...)

"- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós - disse a raposa - Os homens agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos.
- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho
- É preciso ter muita paciência. (...)"

A. Saint Exupéry in O Principezinho

O que andas à procura?

"Os homens da tua terra - disse o principezinho - plantam cinco mil rosas no mesmo jardim... E, mesmo assim, não descobrem aquilo de que andam à procura..."
A Saint Exupéry in O Principezinho

Sabedoria

"- Então julga-te a ti próprio - respondeu o rei - é o mais difícil de tudo. É bem mais difícil julgarmo-nos a nós próprios do que aos outros. Se te conseguires julgar a ti próprio, és um sábio dos autênticos".
A. Saint-Exupéry in O Principezinho

quarta-feira, 13 de outubro de 2004

E a vida continua...

e a curiosidade alheia acerca daquilo que não lhe diz respeito também...
É assombroso como algumas pessoas, só por nos conhecerem, terem jantado algumas vezes connosco e desenvolvido actividades em período de lazer, tais como caminhadas, idas à praia ou a um bar, se acham no direito de nos questionar de forma incisiva e directa acerca da nossa intimidade. Pior um pouco quando se fazem de nossas amigas, as maiores e aquelas sem as quais não conseguiriamos passar, mas por trás de nós comentam-nos, avaliam-nos, opinam e julgam todos os nossos actos e comportamentos.
Há alturas em que queremos ter a noção de ser uma atitude simpática e reconfortante, sobretudo quando nos sentimos sózinhos e com uma infinita necessidade de falar e de partilhar o que nos vai na alma. Mas depois de nos terem feito algumas, das boas mas que nem o diabo gostaria, tudo nos surge de forma óbvia e básica. Dá vontade de rir, em vez de gritar, de desconversar, em vez de desatinar e de dizer "bidu bidu dádá" para não dizer "não há paciência"... quando interiormente pensamos mesmo... "não há c...!!!!!".
Toquem-se queridinhos...

terça-feira, 12 de outubro de 2004

Seria fisiologicamente possível que um prolapso na válvula mitral (leia-se coração), com o qual nascera, tivesse deixado de produzir efeitos durante uns 10 anos e de repente, tivesse reaparecido? Sentia o coração bater de novo descompassadamente, não por estar apaixonado, por se sentir ansioso ou triste. Não tinha motivo aparente, mas a verdade é que os sintomas tinham voltado de novo e o desconforto associado ao cansaço e às olheiras também.
Tinha de ir ver o que se passava. Essa era a única decisão acertada naquela altura. Não podia nem queria continuar assim. Até porque, depois de ter dormido toda a noite, bebido dois cafés e almoçado bem num restaurante chinês da Linha, decidiu verificar a tensão arterial, por não se sentir bem, e... o resultado foi 10-6. O o comentário da enfermeira do posto de saúde foi - precisa de um café e de descansar. Era verdade, a cara dele não indiciava a noite tranquila que tinha tido.

Felicidade

"Compreendeu que a felicidade consiste em atingir aquilo por que esperámos durante muito tempo"
Isabel Allende in A Cidade dos Deuses Selvagens, pg. 208

domingo, 10 de outubro de 2004

As razões

As razões da desilusão não são sempre óbvias, directas e lineares. Passo a explicar: não é necessariamente o facto de B não gostar de A que faz com que A se desiluda, mas sim a atitude dúbia de B em relação a A. Afinal, A sempre teve consciência que B tinha um modo de vida que não se adequava ao que ela idealizava, pelo menos depois de B a ter feito sofrer de forma gratuita há um bom par de anos.
A não acreditava que B tivesse mudado e, apesar do mal que lhe causou no passado, e que ela não conseguia nem queria esquecer, quis saber dele e proporcionou uma reaproximação. O que a magoou e que continuava a magoar não era o facto de ele ser o protótipo do "malandro", e A não queria qualificá-lo de bom, porque não o poderia fazer, mas sim a incapacidade dele em reconhecer que o era.
Se ele lhe mentia? Em alguns aspectos não, mas noutros... não se tratava de mentir mas de impossibilidade de assumir a verdade. Não, A não queria efectivamente envolver-se com B, apesar dele, com ar inocente lhe ter feito propostas e quase promessas. A não acreditava nelas porque soavam a algo estranho, envolto em pouca sinceridade, a loucura momentânea. Como era possível um tal discurso quando o passado era ainda presente?
O que a continuava a magoar e a desiludir era a facilidade do discurso, a fluência das palavras bonitas sem sinceridade, a ligeireza dos gestos, a ambiguidade das vontades e a incerteza dos actos. Mas porquê? Porque continuaria B a agir dessa forma com ela? Porque não se assumiria ele como era? A não entendia, mas isso também não interessava nada, não é? Para B, A era apenas mais uma carta que ele queria juntar ao baralho, um troféu que tinha de re-ganhar e nem percebia que isso não era importante.
A razão da desilusão de A era a atitude de B e o sentimento de falta de dignidade que ele lhe causava. Mas será que algum dia ele iria perceber isso? Talvez não, mas isso também não interessava nada...

Tentou

Tentou apaixonar-se pela imagem mais positiva, pela visão mais bela, pela mensagem mais poética, pela ideia mais romântica que podia ter dele. Mas não conseguiu, precisamente porque a imagem, a visão, a mensagem e a ideia não passavam disso mesmo. A realidade era bem mais negativa, feia, crua e banal.
E a desilusão surgiu uma vez mais, o que parecia um contrasenso porque nunca chegou a sentir-se iludida. Então, porque se sentia ela desiludida?

sábado, 9 de outubro de 2004

Inspiração

É assombroso como tudo pode ser fonte de inspiração - pensava - é apenas uma questão de estarmos receptivos para a sentir. E ele é a minha fonte de inspiração favorita porque infinita. Na simpatia e disponibilidade, na dedicação e afecto, na amizade, na paixão tantas vezes demonstrada, nos momentos recriados, na vontade, na insegurança escondida, na incerteza necessária. Como é possível alguém reunir tantos elementos inspiradores?

Correcção

Não me perdoaria senão fizesse uma correcção à mensagem colocada anteriormente sobre o JCB e a Quinta das Celebridades. Aquilo começou há uma semana e já não há paciência que aguente! A graça que encontrei no "White Castle" foi apenas momentânea e superficial. O homem é simplesmente arrogante e mal educado, impositivo e a atirar para o ditador, julga-se senhor de si e dos outros. É um insuportável!
Na verdade, a filosofia da Quinta podia ter interesse, pela necessidade de cada um se dar aos outros, na colaboração para a realização das tarefas diárias, no confronto de modos de vida. Mas, nos métodos que o programa utiliza e nos resultados, o programa é excessivo e pouco equitativo. Quem será o JCB neste país para ter um estatuto diferente dos restantes participantes, no que respeita ao cumprimento de tarefas? Porque alega ele, continuamente, que não precisa de fama nem de dinheiro? Porque terá ele aceite o convite, se no fim de contas está a ser pago, e não é tão pouco quanto isso, para ser considerado por ele como uma atitude caritativa?
O homem devia simplesmente ser expulso. Não tem perfil para viver numa quinta, onde é preciso trabalhar, nem para conviver em grupo. É egocêntrico e arrogante, certo das suas verdades e sem receptividade para ouvir sugestões e opiniões alheias. Dá-se ao direito de gritar histericamente com os restantes membros, faltando ao respeito e evidenciando inrazoabilidade e falta de educação.
Falta-lhe berço, essa é a verdade. É fácil perceber que a frequência de cursos de boas maneiras não equivale a educação - essa resulta de um trabalho árduo e demorado de assimilação de valores, de princípios de convivência e de respeito - que ultrapassam em larga medida a forma como se põe a mesa e, em particular, o guardanapo.
O homem é um infeliz - não assume a sua sexualidade, fazendo gala de manter uma imagem híbrida, cativa apenas superficialmente as pessoas, sente necessidade de reforçar a sua "chiqueza", o dinheiro que tem à sua disposição, mas que na verdade não é dele, por isso não é meritório, o seu valor, que ninguém vê mas que ele afirma ser infinito, a "sua Betty" que lhe deu estatuto, fatos, sapatos, lenços, pareos, maquilhagem e liftings, mas que não convence ninguém como sua amante e companheira. Que mulher teria prazer com um homem que procura imitar a sua própria imagem, tendo ela mais 40 anos do que ele?
É uma alucinação e o pior é que todo o programa roda à volta da peça - todos os outros sao desvalorizados, sobretudo os que ali trabalham e que contribuem para o quotidiano do grupo. É incrível como se pode valorizar tanto imagem tão aberrante, só por representar o "bobo da corte" e divertir o povão.
Não há mais paciência. E espero que o grupo o nomeie e que, assim sendo, os portugueses tenham vergonha e o expulsem de imediato.

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

Guiné - Parte II

O avião aterrou e saímos, eu cheia de expectativas em relação a um mundo desconhecido, mas que não imaginara que fosse tão diferente do que eu conhecia. Afinal, desde que me lembro de existir que viajo, pelo que fui aprendendo a valorizar as particularidades culturais e a respeitá-las. Mas em Bissau esperava-me um mundo que eu supunha existir só nos livros de antropologia.
Como não conhecia ninguém e a minha disponibilidade financeira era muito reduzida por não ter bolsa nem qualquer tipo de apoios, fui viver para uma missão religiosa. No caminho que separa o aeroporto do centro da cidade, ia conversando com as irmãs que me foram buscar, impecavelmente vestidas de branco. Simpáticas e disponíveis como só as missionárias são, no meio religioso, iam-me explicando tudo e mais alguma coisa, apelando os meus sentidos para a quantidade de gente a pé com que nos cruzávamos, apesar de ser de madrugada. Pessoas com cestos na cabeça, outros simplesmente sentados à beira de uma estrada empoirada, sabe-se lá à espera de quê.
Os guineenses iam invariavelmente vestidos de cores garridas e tecidos mesclados, muitos dando a sensação de terem um único pano à volta do corpo, atado com um nó. Outros levavam uns chapéuzinhos na cabeça, de cores diferentes que, mais tarde, vim a perceber que se tratava de símbolos étnicos.
E por fim chegámos a um centro minúculo, para capital, e eu só tinha mesmo era vontade de me deitar e descansar. Nos dias seguintes esperar-me-ia uma série de surpresas que eu tinha vontade de conhecer.
Acordei algumas 10 vezes nessa noite, e nas seguintes também. O meu quarto dava para o jardim da casa, onde havia um galinheiro, e o galo era pior do que um relógio de cuco. Dava horas! Já acordada há algum tempo, decidi tomar mais um duche e comer qualquer coisa para de seguida dar umas voltas pela cidade. Tinha tudo preparadíssimo numa mesa à minha espera. Elas foram à missa, bem cedo, mas o meu pequeno almoço ali estava.à minha espera. E, ala que se faz tarde, aí vou eu à descoberta de Bissau, capital de um pequeno Estado, ex-colónia portuguesa e que tanta curiosidade me criava.
No início, Bissau foi uma desilusão - suja, cheia de buracos que mais pareciam crateras, visto que quando espreitavamos para o seu interior, não víamos o fundo, crianças que se multiplicavam e brancos que quase não se viam. Cheguei ao porto, depois de ter passado pela catedral, pelo Banco que mais parecia estar fechado, e vejo essencialmente areia e lodo, porque a água era em pouca quantidade. Nem cheguei a perceber ao certo onde os barcos atracavam.
Dei a volta e fui ter às traseiras do hospital Simão Mendes, e a minha perplexidade foi total. Além das estátuas antigas, que representam a História do país, no bom e no mau do passado, terem sido deitadas por terra, ao que consta por altura da independência, estavam mal tratadas e rodeada por umas aves, grandes qb, que vim a saber tratar-se de abutres - os famosos jagudi. Na época da independência foi prática arrancar os símbolos coloniais, mas, com o tempo, noutros países acabaram por ser recuperados, limpos e arranjados. Ali parecia que o tempo tinha parado.

Ser Marinheiro

Durante um jantar de amigos tentámos classificar e retratar os homens, por tipos. Foi uma conversa engraçada, mas os exemplares da espécie masculina presentes sentiram-se um pouco injustiçados com os argumentos femininos. A tipologia que mais discussão gerou foi quando uma amiga sugeriu o "marinheiro". Então, como caracterizámos nós o marinheiro...? Cá vai:
tem o gosto pela aventura, a paixão pela viagem, o encanto pelo desconhecido e o fácil entusiasmo. É homem de paixões curtas mas acesas, que não procura ligações estáveis, apesar de dizer a todas que sim, durante a fase da conquista, tem dificuldade em criar raízes e evita comprometimentos. Vive em estado de procura permanente mas nunca encontra. É o homem das 30.000 mulheres, uma em cada porto, a imagem do pirata. O bom malandro de lindas palavras, que encanta pelos gestos doces com as mulheres, saltando em sua defesa, e rude com os homens que o afrontam ou que disputam com ele uma saia. Infiel por natureza, não se reconhecendo como tal, diz-se homem de fácil paixão, encantando-se permanentemente com qualquer mulher, por ser sensível à beleza, à simpatia e aos afectos em geral.

quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Mundos

"Mas esse teu Mundo era mais forte do que eu e nem com a força da música ele se moveu"

Portugal no seu melhor

Este podia bem ser o "subject" de um mail repleto de fotografias de sanitas na via pública, sofás a fazer de bancos nas paragens de autocarro, avisos e conselhos a favor do saneamento básico nos portões e muros das casas ou ainda má sinalização nas estradas nacionais. Mas não... é mesmo o tema de uma reflexão nocturna, depois de ter feito mais uns quantos slides para a apresentação no módulo que vou dar no curso de Relações Internacionais Africanas.
Portugal está verdadeiramente no seu melhor, ironicamente falando.
O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa com a qual podemos simpatizar ou não, mas é uma pessoa idónea, recta, respeitável, o conhecimento e a informação personificados. Até pode fazer comentários acesos que geram polémica, mas o homem sabe e vê-se que procura estar bem informado acerca de tudo o que acontece por cá e por lá. E não é por ter sido meu professor nos tempos idos em que tentei, sem revelar a menor vocação, o curso de Direito. Nessa altura achava-o um grilo falante, com o qual não se conseguia tirar apontamentos dada a velocidade do raciocínio e do número de palavras proferidas por minuto. Era imparável e uma pessoa, só de o ouvir ficava siderada! Claro que chumbei... com 4 valores, o que me fez ter ainda mais admiração por ele.
Na realidade, durante mais de 4 anos, ele fez com que Portugal deixasse o que estava a fazer para o ouvir, nos seus comentários acertivos e estruturados, sem medo de ferir susceptibilidades, tentando ser justo e chamar os bois pelos nomes. É dos poucos a quem se pode tirar o chapéu por ser imparcial nas análises que desenvolve, apesar de ser reconhecida e assumidamente filiado no PSD.
Como é possível que dos poucos que, além do Filipão, Scolari para os mais formais, captava as atenções nacionais, ser afastado de forma tão evidente? Viveremos nós num Estado democrático? Num Estado de Direito, que assume a liberdade de expressão, entre outros chavões? Quase me sinto em África, onde estrategicamente, mas de forma subtil, se faz por não se aumentar a escolaridade e os níveis de ensino. Afinal é melhor que a população não esteja muito informada para não questionar demais...
O Homem é uma enciclopédia, um monumento nacional, uma referência para os mais novos, um exemplo para os adultos jovens e um analista equilibrado para os mais velhos. Arriscaria-me mesmo a pensar que, com tanta manifestação que se faz por esse país, sem motivo, os portugueses deveriam unir-se a favor do regresso do Marcelo. Já pensaram o que vai ser do telejornal de domingo sem ele? Uma seca!

quarta-feira, 6 de outubro de 2004

Arrumar gavetas

Arrumar gavetas é difícil, particularmente para quem não se considere muito arrumadinho, por ser uma tarefa de ordenação: de informação; de papéis e post-it, relembrando assuntos pendentes; de objectos vários, uns com significado implícito e outros insignificantes. A preparação para a arrumação das gavetas é também tarefa difícil porque implica predisposição, sob pena de, se a vontade não imperar, deixarmos tudo tão ou mais desarrumado quanto estava antes.
Mas se, no sentido material, arrumar gavetas e fechá-las é difícil, arrumar os sentimentos, com organização, nos cantinhos recônditos da memória é muito mais difícil. Sobretudo se lá quisermos voltar, de quando em vez, para relembrarmos o que vivemos, não deixando as lembranças ganhar pó, mas não permitindo que nos atormentem, ao senti-las fora de sítio.
A tarefa de encerrarmos etapas, arrumarmos a casa e fecharmos as gavetas que ficaram entre-abertas não é de todo fácil. A vontade de lá voltarmos aumenta com o tempo, para espreitarmos o que não ficou resolvido e, que por isso, foi mais difícil arrumarmos e fecharmos. Mas mais tarde ou mais cedo, conseguimos. É apenas uma questão de tempo.
É uma organização difícil, mas seguramente possível, por muito que isso custe. É um exercício de determinada e persistente organização.
Vamos a isso!!!

A minha primeira África (continua)

África sempre me fascinou. Foi um continente muito falado no decorrer da minha junventude, pelo qual fui criando um sentimento misto de curiosidade e apreensão pelo desconhecido. Começou por ser uma percepção contraditória que, a bem dizer da verdade, se foi perpetuando à medida que fui conhecendo um e outro país. A ideia inicial não mudou muito, portanto. Uma vida repleta de contradições, manifestadas por vontades interiores pouco consensuais, estranhas e difíceis de definir. Talvez por isso tão apaixonantes e sedutoras.
Parti para Bissau, o meu primeiro destino africano, em meados da década de 90, com a imagem fotográfica de uma África de filme, onde a savana imperava, habitada por animais selvagens de grande porte e onde tudo de bom - e só isso - poderia acontecer na vida de uma muito jovem senhora, a viajar sózinha por um mundo desconhecido.
Aterrei no aeroporto de Bissalanca a meio da noite - uma pista invadida por capim, repleta de pessoas que observavam o avião a rolar na pista, acompanhadas por cestos vazios, com fruta ou com peixe. A minha estranheza foi imensa e a minha curiosidade por saber mais e mais, impossível de descrever. As portas do avião abriram e as emoções que passavam por mim misturavam-se de tal forma que ainda hoje não as consigo definir.
A sensação mais evidente foi a de intensidade - de calor e de humidade, de cheiros misturados a terra molhada, fruta e mais qualquer coisa que inicialmente não percebi ao certo o que era.

terça-feira, 5 de outubro de 2004

Discutir STP

O mais conhecido do todos os sites, mais frequentado e com debates actualizados é o do Grupo do Yahoo, dinamizado pelo Xavier, um espanhol de Barcelona hiper apaixonado pelas ilhas.

O melhor de STP

E para quem pensar visitar STP ou estudar o país, o site de referência, mais completo e interessante (ou a parte de turismo não tivesse sido sistematizada por mim...ops...) é o do JPC e que aparece no título.

Caminhar e descobrir STP

E já que estou numa de divulgação, aqui fica a referência (no título da mensagem) do e-grupo que se dedicava a caminhar, caminhar, caminhar pela floresta, à descoberta de roças e de recantos escondidos, a actividades radicais. Vale a pena ver as fotos e ler as descrições, pelo menos faz aumentar os níveis de adrenalina...

Plantas de STP

Para quem gosta de as ver e aprender um pouco mais, aqui fica um e-grupo sobre plantas tropicais. Interessante e o "dinamizador", um santomense muito interessado pelo seu país. Coisa cada vez mais rara...


Delírio...

Foi delirante ouvir o JCB a explicar aos outros o que é ser "chique". Mas muito mais delirante foi ouvi-lo com a advertência "não sejam bichas"... Obrigada TVI, há muito que não me ria tanto. E apesar de ser hilariante até o acho engraçado. É uma figura simpática, mas estranha. Muito estranha!!!!
E não é que ele veio de África???? Mais um que veio de Moçambique... que terra prodigiosa em coisas raras...

O País que temos

Viver em Portugal tem coisas absolutamente deliciosas porque hilariantes. Pensamos e gostamos de dizer que se está bem é no estrangeiro, mas na realidade, Portugal é que está a dar! E digo isso quando percebo que, mais uma vez, o país parou e praticamente não se fala em mais nada do que na Quinta das Celebridades.
Siiiiiimmmmm.... como se não fosse já um espectáculo alucinante, eis que deparamos com um José Castelo Branco (JCB), sobre o qual se teceream comentários de todo o género, que ultrapassa todas as expectativas. O homem é hiper eléctrico, até parece que toma speeds, faz lembrar uma grafonola imparável porque não se cala por um minuto que seja. Ele opina, comenta, corrige, dá conselhos e já colheu as atenções nacionais. Daqui à simpatia e afeição é um passo, até porque é simplesmente simpático, divertido e o sentido de humor assiste-o na perfeição. É verdade que a imagem híbrida e estranha lhe confere o direito de ser excêntrico e exuberante. Além disso, é sincero e espontâneo - ele corre, balanceia as ancas, usa fio dental, maquilha-se, fala com entoação feminina. É corajoso porque não tem medo dos comentários, dos ditos e dos contos que se podem fazer à volta dele.
O homem é o novo "must" nacional - ninguém o percebe, toda a gente fala dele e todos o começam a aceitar. A TVI escolheu bem, desta vez, e enquanto ele estiver na Quinta, vestido de leopardo e desenvolvendo tarefas rurais como se estivesse a caminho de um qualquer local urbano, com certeza que ganha nas audiências.
E a Cinha... que se cuide. As comparações surgem sobretudo por começar a reagir de forma menos positiva à imagem omnipresente do JCB. Espírito competitivo dirão uns... feminino, dirão outros. Tão amigos que nós éramos. A ver vamos quando sairem de lá, o que virão dizer...

Blogar

É curioso como me viciei rapidamente, apesar de não perceber nada de blogs quando comecei nisto. Isto é quase uma adicção, pela dependência que gera.
Fase Egocêntrica - a partir daqui vou mudar a imagem Posted by Hello

domingo, 3 de outubro de 2004

Palavras Sentidas

Olá, tu do meu passado regressado, da África banhada pelo Índico, que tantas ilusões me criaste e tantos desassossegos geraste, quero dizer-te umas palavras simples:
Aproveita a vida de forma positiva,
Dá o teu melhor em tudo o que fizeres,
Sê honesto com quem te relacionares,
Apaixona-te com sinceridade,
Não procures incessantemente um grande amor
porque há quem o encontre facilmente, quem o encontre e não o veja,
há quem demore a encontrá-lo e há até quem nunca se cruze com ele,
Não troques a emoção certa pelo desejo incerto,
Não esperes mais de mim do que aquilo que te posso dar,
Aceita a Amizade como um sentimento tão válido quanto o Amor,
Por vezes, é preferível um Amigo Verdadeiro, a um Amante Impossível,
Procura ser feliz, com tranquilidade,
Aceitando os defeitos dos outros porque só assim eles aceitarão os teus.

Fase Egocêntrica 2

Posted by Hello

sábado, 2 de outubro de 2004

Novo Altair

Ontem jantei no Novo Altair, na Cruz Quebrada. E recomendo!!! Pequeno e confortável, com uma decoração acolhedora sem ser excessivamente intimista. Velas nas mesas (claro... as minhas adoradas velas!!!) sob a forma de candeeiros. Um serviço irrepreensível acompanhado de sorrisos permanentes, sem excessos.
Quanto à comida - no couvert, um pão delicioso, como entrada um fondue de 3 queijos (para mim um pouco forte, mas para quem me acompanhou foi considerado delicioso). A seguir, um fondue bourguignone - porque não me aventuro pelos mais ousados (o fondue da Mongólia tem fama mas tinha peixe e marisco...). Carne bem temperada e tenra, acompanhada de fruta natural e batatas fritas caseiras e estaladiças, molhos de todas as qualidades e cores - eu fiquei-me pelo de alho, mas houve quem experimentasse um de canela que, pela apreciação, foi um dos preferidos. Nem ousei pedir sobremesa porque a satisfação era a bastante. Mas reconheço que tinham um excelente aspecto.

Fase Egocêntrica 1

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Reencontro e apaziguamento

Sinto uma tranquilidade impossível de descrever. Coincidência? Ou talvez não...
Dei tréguas a mim mesma e assim reencontrei a paz! Desta vez, sózinha. E posso dizer que me sinto muito bem com isso!

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Experiências Repetidas

"Um guerreiro da luz sabe que certos momentos se repetem. Com frequência, vê-se diante dos mesmos problemas e situações que já havia enfrentado; então fica deprimido, pensando que é incapaz de progredir na vida, já que os momentos difíceis estão de volta.
- Já passei por isto - reclama ele com o seu coração.
- Realmente já passaste - responde o coração - Mas nunca ultrapassaste.
O guerreiro, então, compreende que as experiências repetidas têm uma única finalidade: ensinar-lhe o que não quer aprender".
Paulo Coelho in Manual do Guerreiro da Luz

O Desafio

"Não é o desafio que define quem somos
nem o que somos capazes de fazer.
O que nos define é o modo como enfrentamos esse desafio:
podemos deitar fogo às ruínas,
ou contruir um caminho através delas, passo a passo"

Richard Bach in Nada ao Acaso

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...