segunda-feira, 24 de março de 2008

Vento...

Não gosto de vento forte, irrequieto e mal comportando, que leva tudo pelo ar e me enreda num novelo de poeiras sujas, papéis perdidos e plásticos rasgados. Não gosto do vento que emaranha o meu cabelo como se tivesse o poder e o direito de lhe fazer nós sem autorização prévia. Não gosto do vento que me entra pelos ouvidos e me dá tonturas, fazendo com que o desequilíbrio se instale. Não gosto do vento, esse metediço insuportável, que pelos meus lados marca presença, instigado pelo confronto entre a serra e o mar.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Blocos e caderninhos

Um dos professores que tive na faculdade dizia-nos continuamente "tenham sempre um bloco ou um livro de anotações e uma caneta junto de vocês para que possam registar as ideias que vão tendo. Só assim conseguem retomá-las mais tarde e não as perder". Continuo a dar este conselho aos meus alunos e às pessoas que comigo trabalham porque, do ponto de vista científico, este é um excelente utensílio para registar informação, incluindo aquela que, à partida, nos parece insignificante e desnecessária. Os detalhes marcam a diferença e ajudam-nos a completar alguns dos dados que se recolhem.
O conselho daquele Prof. marcou os meus dias de tal forma que sinto-me incompleta quando me esqueço do meu pequeno bloco. Este passou a ser um dos meus vicios, comprar blocos e caderninhos, pequenos e que caibam na mala, que não uso pesada, preenchê-los e acumulá-los como se fossem diários. Não são porque lhes dou utilizações múltiplas: pensamentos; desabafos; registo de números de telefone, moradas e referências de nomes por instituições; desenhos rabiscados e mais o que seja. Estes pequenos objectos fazem um pouco parte de mim. A inspiração aparece nos mais diversos locais e pelos mais variados motivos. E em África é quase permanente.

domingo, 16 de março de 2008

Bufff...!

Viver com alergias alimentares não é fácil. Se houver muito cuidado com o que se come, passa-se bem durante um tempo só que, como em quase tudo nesta vida, de vez em quando apetece pisar o risco, fazer uma ou outra tentativa e saborear os paladares quase esquecidos que se tornaram proibidos. Assim têm sido os meus dias desde que, há uns 7 ou 8 anos se percebeu que eu andava acompanhada por um Anisakis.
Não foi fácil conformar-me com a ideia de ter restrições alimentares importantes porque gosto de peixe, mal passado ainda por cima, de mariscos, chocolate, ananás, laranja, fiambre e enchidos em geral, carne de porco, morangos e frutos silvestres, entre muitos outros alimentos. Na altura passei a andar com uma caixa de anti-histamínicos atrás de mim e, quando viajava principalmente para África, de corticoides e de uma injecção de adrenalina para auto-aplicação, chamada Epipen. As crises foram-se sucedendo e eu fui-me deixando dos cuidados iniciais, sabendo que o risco aumentava na proporção do número de ocorrências. Habituei-me a viver assim: crises seguidas de cuidado e muita atenção acompanhadas de uma boa dose de anti-histamínicos, por vezes de corticoide e enervamento qb. Depois... novo “abuso” e nova crise.
Na verdade fui mais do que avisada pelo alergologista de que o edema da glote pode ser imprevisível nas consequências e quando penso nessa possibilidade o desconforto aumenta. Os sintomas têm vindo a aumentar e a sensação de grossura na garganta com rouquidão são os menos simpáticos de todos. Pois são esses que tenho sentido mais intensamente e de forma mais regular.
A minha alimentação passou a ser quase exclusivamente carne, legumes, cereais e tubérculos. Não, não me apetece virar vegetariana. Não tem a menor graça para quem gosta muito de comer... Hoje o meu mal foi assar um chouriço para petiscar antes do almoço e no final comer uns quadradinhos de chocolate. Mas isto... virou um desassossego!!!

sexta-feira, 7 de março de 2008

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...