segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Vénus e Marte

E, de uma simples dúvida, acerca das diferentes paisagens com que o céu nos pode presentear, surgiu uma conversa interminável acerca de Vénus (deusa do amor) e de Marte (deus da guerra), com consequências futuras, apesar de muito infelizes. Marte venceu Vénus, sem que qualquer um dos dois tivesse verdadeira consiciência disso.

Estrelas: pontinhos no céu

Hoje olhei para o céu e vi, uma vez mais aqueles pontinhos brancos e brilhantes espalhados no fundo escuro. Chamam-lhes estrelas e dizem que vivem numas famílias chamadas constelações. A verdade é que o céu fica muito mais bonito quando elas aparecem, dando-nos a ideia de estar habitado por seres tão importantes que brilham, onde quer que estejam, até no escuro, tornando-se guias e pontos de referência para nossa orientação. Algumas são conhecidas por quase todos e gostamos de as identificar, quando observamos aquela infinidade de luzinhas lá no alto, porque nos fazem sentir confortáveis.
Um dia, num país muito distante, onde tudo é tão diferente, numa das Áfricas por onde andei, olhei o céu e senti-me perdida só por não ver as minhas amigas, as luzinhas brilhantes, organizadas da forma de sempre. Elas estavam ali, muitas mais do que as que via no "meu céu", mas eram para mim simpáticas desconhecidas, desenhando formas diferentes que eu jamais conseguiria entender e perguntei a alguém que estava a olhar o céu, tal como eu, onde estava Vénus, e a Ursa Maior, e a Ursa Menor, e... alguém respondeu-me que o céu ali era diferente. O céu que eu procurava tinha ficado lá mais para cima, num local bem acima do Equador, essas eram as estrelas do Norte, mas as que eu via eram as estrelas do Sul.
E assim, tentei explicar a uma criança, que gostava de observar as estrelas todas as noites, e que nelas via janelas abertas para o Mundo, que o céu, tal como tantas outras coisas, é diferente em função da perspectiva que temos quando o observamos...

Actualização de Fotos

O Caminhadas e Descoberta em São Tomé e Príncipe dedicado a fotos foi actualizado. Não deixem de consultar e comentar.

domingo, 30 de janeiro de 2005

Quando...?!

Um dia... hei-de dançar com tamanha vontade que conseguirei voar junto às estrelas, passar bem junto da lua e ver as duas faces que a compõem quando está cheia, redonda, feliz. Hei-de sentir a luz e ficarei tão iluminada e brilhante que todos à minha volta sorrirão, por não haver sombras, nem medos porque os papões e os fantasmas já foram dormir para outro local qualquer, bem longe de mim. Hei-de olhar o futuro de frente com a alegria dos dias solarengos, encantados pela música e pelos cânticos entoados por vozes celestiais. Hei-de sentir a paz tomar conta de mim, na envolvência do teu abraço terno, quente, protector. E aí, nesse dia, não sei quando, dir-te-ei: hoje atingi o estádio supremo da felicidade.

1 ano de Caminhadas e Descoberta em STP

O "Caminhadas e Descoberta em STP" faz 1 ano. O Grupo cresceu, transformando-se. Começou por ser um projecto com objectivos específicos e essencialmente "concentrado" nos participantes das caminhadas que se faziam em STP mas, com o tempo e como resultado da evolução que foi sofrendo, passou a ser um Grupo alargado, constituído por portugueses, santomenses, italianos, espanhóis, franceses e brasileiros, com áreas profissionais diversificadas, com interesses diferentes, mas com alguns pontos em comum:o gosto pelas actividades ao ar livre; o prazer pelas caminhadas; a paixão pela descoberta; a ligação a São Tomé e Príncipe.
A actividade comunicacional do Grupo não tem sido constante ao longo dos meses, verificando-se oscilações muito acentuadas no número de mensagens partilhadas e, actualmente, adquiriu uma função mais informativa e de divulgação. Muitos dos membros, que dinamizavam e realizavam as caminhadas, nos quais se incluem os mentores da ideia da criação deste e-grupo, já não residem em STP, pelo que as programações e as descrições do que se fez num fim de semana deixaram de aparecer com a regularidade anterior.
As descrições partilhadas, que deliciaram todos os que tiveram a possibilidade de as viver e que tanto fizeram sonhar os que estavam distantes, não podendo usufruir das situações mais aventureiras e dos episódios mais marcantes que fazem parte da História deste Grupo, constam dos arquivos de mensagens, pelo que nunca é de mais relê-las, seja para relembrar momentos ou para ter em atenção em futuras programações de actividades.
A secção destinada às fotografias foi uma das mais preenchidas, tendo recebido contributos de diferentes membros, de tal forma que, pelo reduzido espaço disponível, foi criado um link para uma página exclusivamente vocacionada para a publicação de fotografias (
http://fotoscaminhadasedescobertastp.blogspot.com/). Esta é uma secção a ver e a rever, afinal, uma imagem vale mais do que mil palavras.
No que respeita ao carácter informativo, as secções files e links têm sido actualizadas, e continuarão a ser, com sites, textos, dados ou outro material considerado importante sobre as questões ambientais em STP (meios aquáticos ou florestais, animais e plantas).
O balanço possível é breve, já que a vida do grupo é ainda curta. Mas, todos os membros estão de parabéns, pelos contributos directos, manifestados sob as mais diferentes formas, ou indirectos.

sábado, 29 de janeiro de 2005

Sobre o Passado

Li o Eduardo Prado Coelho e só lhe posso dar razão:
"Há dias mais propícios à melancolia. Sentimos que aquilo que para nós fazia sentido deixou de fazer sentido para os outros, e que as tentativas de manter um discurso lúcido, de prazer e inteligência das coisas e da vida, parece irremediavelmente condenada por um formato obrigatório que tudo tritura e tudo desrespeita. Descobrimos que o passado não é o que deixou de existir; existe, sim senhor, bem perto de nós: porque nós hoje somos passado neste presente em que não nos reconhecemos.”

Vontade de Viver

Nieztsche era sábio, apesar de, por vezes, confuso. Aqui fica um pouco da sabedoria:
“A ilusão pode ser pragmaticamente mais útil para a vontade de viver do que a verdade”.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

Coincidência ou talvez não

Hoje, enquanto olhava o pôr-do-sol, dei comigo a pensar: as minhas relações afectivas terminam sempre em Janeiro e, normalmente, sou eu que desando, após me saturar de tal forma que já não vejo outra saída. Isto deve com certeza ter uma explicação ligada aos astros!!! Qualquer coisa relacionada com o início de um novo ciclo anual, sei lá eu... mas não deve ser coincidência...

Visão ou criação

Hoje estou numa excitação sem fim. Vi o Raio Verde!!! Nem posso acreditar... mas tenho a certeza que o vi, não foi invenção. Vou tentar explicar o que aconteceu. Por volta das 17h45 a praia de Carcavelos estava calma como há muito não a via. O mar chão, o céu alto e límpido, só ao longe, muito ao longe no horizonte, umas nuvens, 3 ou 4, bem desenhadas, brancas, perto do sol, que iniciava a sua caminhada em direcção ao ocaso. À medida que baixava, ia deixando uma faixa de tonalidade estranha, laranja, forte e intensa, dando à paisagem uma coloração diferente da habitual, e transmitindo a quem por ali passeava uma sensação de paz.
Fixei-me no sol, redondo, grande, cor de laranja, a desaparecer muito mais rapidamente do que eu desejava, porque, como ando em fase de introspecção prolongada, aquele local e aquela imagem ajudavam a reflectir e a ficar com as ideias mais claras. Mas, de repente, baixou, deixando aparecer um rasto verde, horizontal, intenso e contrastante com as restantes cores e que, nuns breves segundos, se foi misturando com as outras cores, esbatendo-se.
Eu vi!!!! Nem podia em mim de tamanha surpresa. Afinal, enquanto estive em STP na minha mais longa estadia, ouvi infinitas vezes um amigo referir o fenómeno e nunca acreditei muito na conversa, apesar de me saber bem ouvir aquelas palavras em tom de brincadeira. O resultado da história sobre o Raio Verde não foi brilhante... mas isso agora também não é importante. A verdade é que pesquisei tanto que acabei a escrever um artigo que foi publicado na "revista piá" nº 18 de Maio de 2004. Mas o que conta mesmo é que o vi hoje!!! O que, segundo os entendidos, auspicia sorte e felicidade. Os meus segredos não os revelei, porque cada vez menos os revelo, mas tenho de admitir que me lembrei deles, um por um. Só tive pena de não ter a máquina comigo, senão teria registado o momento.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

O meu cão

O meu cão tem um relógio na cabeça, na barriga ou no coração. Invariavelmente, todas as noites, à mesma hora, e sem ter os estímulos de que o Pavlov falava, fica impaciente e pede para ir à rua. O objectivo dele não é apenas a rua, já que 3 horas antes faz o seu passeio da tarde, e quando o levo, após o jantar, ele despacha-se em 10 minutos e corre para as escadas do meu prédio a uma velocidade inacreditável. O que o motiva a ser um chato e não me deixar fazer mais nada, sob pena de andar atrás de mim como uma sombra, é a perspectiva de ir para o conforto de uma cama acolchoada com um cobertor e ser aconchegado com um outro cobertor. Sim, já sei, o meu cão tem mordomias que muitas pessoas não têm. É verdade. Mas, para ser franca, considero que quem tem animais deve cuidar deles e este é um cão particularmente fiel e dedicado, por isso merece muitas e muitas atenções.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2005

Criatividade ou talvez não

Acabei de receber um mail com o seguinte conteúdo:
"Sou blogonavegante e passo pelo África muitas vezes. Gosto do que leio e reconheço que você tem uma imaginação imparável. Cria com facilidade".
Claro que fiquei contente com o mail do João, porque além de simpático, é elogioso, mas fiquei a pensar. É que ainda hoje um amigo me dizia no msn, a propósito de nada, que tenho uma imaginação fértil. Esse inquirirei um dia, quando estiver de feição. Mas parece-me que isto começa a ser preocupante... é que, no caso, talvez não seja imaginação nem criatividade acesa. Talvez se trate mesmo de situações reais. Estarei eu a tratá-las - à maioria - de forma aligeirada?! Vou meditar sobre o assunto.

Tartarugas - I

Quero escrever sobre tartarugas, pensei num final de tarde.
Gostava de começar a escrever sobre temas que não eram os da minha formação porque era uma responsabilidade acrescida - tinha de pesquisar, ler, estudar para poder escrever um texto compreensível, que fizesse sentido e, sobretudo, que fosse correcto do ponto de vista científico.
Desta vez o tema de eleição foram as tartarugas - conheci-as mais de perto em São Tomé e fui seduzida pela espécie. Já tinha ficado sensibilizada numa das viagens que fiz às ilhas gregas - Zakynthos era uma das zonas de passagem, desova e nidificação. Mas foi em África que as vi, lhes toquei e ajudei um grupo de 40 a seguirem o seu atribulado e incerto percurso, mar fora, até um dia, cerca de 30 anos mais tarde regressarem ao mesmo local para desovar.
O encantamento leva ao enamoramento, dizem alguns. Não sei se partilho sempre desta máxima, mas neste caso foi mesmo verdade. Encantei-me e apaixonei-me por este ser tão engraçado que, em estado adulto, até consegue morder em tubarões, para os afastar.
Falarei delas mais tarde.

Podemos...?

- Podemos sentir saudades do que não conhecemos?
- Só se imaginarmos como é...
- Mas então só sentimos saudades da imagem que criámos, e essa pode não corresponder à verdade.
- Pois é...

Bloquear

Liguei o telemóvel, que tinha estado a carregar, e tinha umas quantas mensagens dele. Ansiosas e urgentes, sem referências ao motivo. OK, pensei, vamos ver o que se passa.
- Oi, tudo bem?
- Sim, queria falar-te mas como sempre tinhas os telemóvel desligado, nem sei para que o tens - atalhou ele de forma seca.
- Ah, estava a carregar, mas então, houve alguma avalanche ou um cataclismo qualquer? - perguntei a rir para aleviar a conversa que se apresentava tensa e que, já sabia, tenderia a piorar.
- Precisava de te perguntar se quando bloqueamos alguém no msn, a pessoa se apercebe. Não és tu que tens a maioria dos teus contactos bloqueados? - respondeu-me com ironia.
Sim, era verdade, eu tinha a maioria dos contactos bloqueados por várias razões: conseguia trabalhar melhor sem que, de vez em quando, me surgisse uma caixa a dizer "olá" ou "o que fazes", "não dizes nada e já aí estás há tempo"; não estava permanentemente a ver as caixinhas de aviso de entrada a aparecerem sempre que alguém entrava; não queria mesmo falar com algumas pessoas que não me eram muito agradáveis. Fiquei apenas com os contactos on line das pessoas com quem quero conversar, as outras vêem-me off.
- Ah, não, só te vêem como se estivesses off line, não se apercebem que as bloqueaste. Já percebi, vais-me bloquear, portanto - disse eu a rir
- Não - resmungou ele com efectivo mau humor - não é a ti que vou bloquear, mas também já não preciso da informação porque outra pessoa já me explicou. Olha, queres vir beber um copo comigo hoje? - E antes que eu conseguisse dizer o que quer que fosse, ele respondeu - não, já sei, estás com frio e queres ficar em casa.
E ainda há quem diga que eu tenho mau, não mau é pouco, péssimo feitio...

39 degraus

Experimentei. O serviço não é irrepreensível, a comida não prima pela particularidade, mas o espaço é muito agradável. Para almoço é concorrido qb, mas para passar um pouco da tarde, de forma descontraída, vale bem a pena. Chama-se 39 degraus e fica na Cinemateca - Rua Barata Salgueiro, 39, em Lisboa (213122518)

Vontade de pintar

Quando era pequenina, e isso já foi há uma eternidade, gostava de fazer desenhos e pinturas, em qualquer tipo de material. A prova é que, pelas diferentes divisões da minha casa, existem vasos e outros objectos pintados por mim, em momentos de profunda inspiração, e até são dignos de estarem expostos aos olhares de todos.
Infelizmente, à medida que fui crescendo, a veia artística foi diminuindo de tal forma que hoje se limita ao envernizamento de conchas, aos arranjos florais e à gastronomia. Até o ponto cruz, que tanto prazer me dava por exercer efeitos tranquilizantes, deixei. Digo infelizmente porque se tivesse um traço firme, e se, das minhas tentativas, alguém conseguisse perceber qualquer coisa, sem ser um amontoado de riscos, já saberia o que fazer da vida.
De vez em quando, porque me apetece dar azo à criatividade e "soltar a pintora" que gostaria que houvesse dentro de mim, tento desenhar, mas o resultado é tão desastroso que decido imediatamente não gastar dinheiro em materiais de pintura. Não valeria a pena, já que o que conseguiria não ultrapassaria a frustração, e essa, além de existir, já tem causas mais do que suficientes.

Bazaruto na Rotas e Destinos

E Bazaruto também aparece, magnificamente sedutor, um arquipélago de belezas infinitas. A registar o link para a Rotas e Destinos dedicada a Bazaruto.

STP um destino

Na revista Rotas e Destinos, Novembro de 2004, STP aparece no seu melhor. Frases sentidas, fazendo relembrar o que jamais poderia ser esquecido. Vale a pena ler e ver as fotos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

Exposição do Eduardo Malé

Exposição de pintura do santomense Eduardo Malé:
livraria africanista Mabooki (R. João Pereira da Rosa, 8, 1200 – 236 Lisboa, no Bairro Alto junto ao Conservatório de Música,
de 27 de Janeiro a 24 de Fevereiro

segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Amendoeira (2)

E a "minha" amendoeira florida, que me faz companhia pela manhã e pela noite, quando passeio o meu cão, estava ontem mais bonita do que nunca, envolta por nevoeiro e iluminda por uma lua cheia, redonda, lindíssima.

Há 1 ano

Há 1 ano que não vou a África. Lembrei-me disso, hoje por acaso, talvez pelo frio que sinto, pelo dia triste que esteve - o céu cinzento, a neblina, as temperaturas pouco confortáveis, que me fizeram ir a correr comprar lenha para a lareira. É verdade, neste ano ainda não tinha tido o prazer de a acender e de ficar a olhar as labaredas cor de fogo, de sentir o bafo quente que de lá sai e de ouvir a lenha a crepitar, à medida que vai ardendo. É uma magnífica sensação, esta que o inverno permite, transformando minutos de prazer num conforto infinito.
E fui pensando: tenho de preparar, para a festa de anos de logo à noite, a mousse de chocolate com bocadinhos de toblerone, que, em África, aprendi a fazer com um amigo, que primava pela criatividade gastronómica. A receita foi improvizada mas saiu tão bem que, por cá, já não querem a minha mousse de chocolate sem esse pequeno grande pormenor, que a torna tão diferente e tão especial.
Xê... há um ano, tinha eu acabado de chegar a Lisboa, vinda de STP e nem cheguei a fazer um doce para o jantar. Mas hoje tenho tempo para isso e muito mais. Engraçado como, num ano, tanta coisa pode acontecer.

Frio

A pele arrepia, os músculos contraem e os ossos enregelam até doer. A alma esfria e o coração congela. Está frio e as saudades de África aumentam. E de ti também.

sábado, 22 de janeiro de 2005

Porque é que as pessoas se casam?

- Porque é que pensa que as pessoas se casam? - perguntou a mulher ao detectiva quando o visitou para investigar o motivo das ausências e das chegadas tardias do marido.
- Por paixão... - respondeu o detective
- Não... - respondeu a mulher
E a chave está brilhantemente traduzida no filme "Shall we dance" com Richard Gere, Susan Sarandon e Jeniffer Lopez (péssima actriz, mas é de reconhecer que enche visulamente o écran). Um homem na casa dos 40s, casado vai de 19 para 20 anos, com 2 filhos adolescentes, um rapaz, que se supõe que esteja na universidade porque só está em casa no aniversário do pai, e uma rapariga de 14 anos. Ele é um advogado bem sucedido, ela uma produtora de moda também realizada, vivem numa casa magnífica e até têm um cão, são ambos bem parecidos e, apesar de terem horários desencontrados, não discutem e vivem seguros, em harmonia e felicidade aparente. Até ao dia em que ele reconhece que lhe falta qualquer coisa e decide inscrever-se numa escola de danças de salão, sem que ninguém na família saiba ou desconfie, e após ter vislumbrado uma linda mulher numas das janelas da escola. A atracção física é uma evidência e o filme decorre num crescendo de proximidades entre ele e a tal professora de dança. A mulher descobre, com ajuda do detective do diálogo, e os desconfortos emergem até ele tomar consciência do que é verdadeiramente importante para ele - a estabilidade e o afecto que foram sendo alimentados e construídos ao longo do tempo. Porque é que as pessoas se casam? Para compartilharem momentos bons e maus, para crescerem em conjunto, para se apoiarem, por terem a noção que pode haver situações em que ninguém nos observa, valoriza ou se preocupa connosco, a não ser aquele(a) ali, que optou por passar a eternidade ao nosso lado. E afinal havia romantismo!
Não é por paixão, é por... - vão ver o filme. É leve, ligeiro e sorridente, mas trata de um assunto IMPORTANTE! Curioso como, ao vê-lo, me lembrei de algumas pessoas...

O que é a ética?

- O que é a ética para ti? É um conceito subjectivo ou universal? - perguntou ela com um olhar insistente, a meio de uma troca de palavras menos cordial.
- Ora aí tens uma boa pergunta. Prometo que vou pensar... não é que não queira responder... é que na verdade, para já, não tenho a resposta - afirmou ele com um ar distraído, certo que essa era uma questão que jamais faria parte das suas preocupações.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

Desabafo de um homem com coração de manteiga

Diz-me, como se pode gostar tanto de alguém, infinitamente, até à exaustão, como eu gosto de ti? Porque é, por vezes, o amor um investimento pouco rentável, não tendo retorno? Porque será que quanto mais gostamos e nos entregamos, menos somos apreciados? Porque terão os sentimentos de ser um jogo?
Estou farto, cansado de ser um dos teus brinquedos preferidos, um pião que vai rolando ao sabor dos teus desejos. Estou fora, out, indisponível, a partir de agora para os teus anseios, vontades e caprichos. Vai pedir a outro que te escute os lamentos e te aconselhe nas inseguranças. Para ti, saí!

Lágrimas

Hoje é o dia das lágrimas, longas e grossas, gordas e corridas, seguidas umas às outras, térmicas pelas diferenças de temperatura que emitem, transformando-se segundo após segundo. Umas quentes e outras frias, transmitindo sentimentos fortes de raiva e desilusão, de melancolia e tristeza. Quero chorar até nada mais sentir e me passar toda a ebulição sentimental que vive dentro de mim.

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces. Estendendo-me os braços, e seguros de que seria bom que eu os ouvisse quando me dizem: "vem por aqui!". Eu olho-os com olhos lassos, (há, nos olhos meus, ironias e cansaços) e cruzo os braços, e nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. Que eu vivo com o mesmo sem-vontade com que rasguei o ventre à minha mãe. Não, não vou por aí! Só vou por onde me levam meus próprios passos...Se ao que busco saber nenhum de vós responde. Por que me repetis: "vem por aqui!"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, redemoinhar aos ventos, como farrapos, arrastar os pés sangrentos, a ir por aí... Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens, e desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós que me dareis impulsos, ferramentas e coragem para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, e vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, amo os abismos, as torrentes, os desertos...Ide! Tendes estradas, tendes jardins, tendes canteiros, tendes pátria, tendes tetos, e tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, e sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém! Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; mas eu, que nunca principio nem acabo, nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções, ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou, é uma onda que se alevantou, é um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, não sei para onde vou. Sei que não vou por aí!

JOSÉ RÉGIO


Sábio Pedido

"Senhor, Ajuda-me:
A mudar o que pode ser mudado;
A aceitar o que não pode ser mudado;
A aprender a distinguir uma coisa da outra
(...)
Sem a arrogância das certezas absolutas..."

Selecção

- Se fica sempre chateada com algumas atitudes, porque insiste em dar-se tanto?- perguntou-lhe o conhecido que, com o tempo, adquiriu o estatuto de Amigo.
- Porque... - respondeu Clara desorientada - pois... para ser franca, também não sei bem.
- Você dá-se às pessoas que não a merecem e que não reconhecem as suas qualidades, aproveitam-se de si e ainda se divertem à sua custa. Tem de aprender a seleccionar e, antes de se entregar a quem e de que forma seja, a saber distinguir as boas pessoas, que lhe interessam, e as outras, que não interessam a ninguém - afirmou ele com sabedoria.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2005

Cansaço

Fui invadida por uma onda de cansaço e desalento, e nem sei explicar porquê. Talvez saiba mas não queira dizer ou pensar nos motivos reais que me causam tamanha sensação de desconforto físico e psicológico. Pensar dá agora trabalho, demasiado, e desgasta só de imaginar as conclusões a que poderia chegar. Não sei sequer se o esforço tem retorno, por isso... dou comigo apenas a tomar consciência do cansaço, num crescendo imparável, até me sentir tão esgotada que ter os olhos abertos já é uma prova quase sobrehumana da minha boa vontade e persistência.

A melhor defesa é o ataque

É espantoso como algumas pessoas manifestam o medo: de perder estatuto e reconhecimento; da competição profissional e científica; da troca de ideias e da valorização de áreas temáticas diferentes das que defendem. É curioso, tenho de dar o braço a torcer e reconhecer que um amigo tinha razão quando me dizia há uns tempos, a propósito de outros negócios (é que a expressão adequa-se e muito bem): "A melhor defesa é o ataque".

Ódios de Estimação

Os ódios de estimação são fundamentais para que possamos levar uma vida tranquila e equilibrada qb e, se não existissem com certeza tudo seria muito mais difícil de suportar. Afinal são eles que nos dão alento, nos dias em que tudo nos está a correr menos bem, e quando a Lei de Murphy se revela como verdadeira. É neles que descarregamos a nossa raiva e os sentimentos menos edificantes, a maioria das vezes de forma indirecta. Falamos acerca das suas vidas, comentamos criticamente as atitudes que consideramos socialmente desadequadas, a vida amorosa e o percurso profissional, sabemos tudo ao pormenor e, quando não sabemos, procuramos manter-nos informados, porque só assim continuamos a alimentar e a estimar o nosso adorável ódiozinho. Na verdade, revelam-se excelentes elementos motivacionais para nos tornarmos melhores, dia após dia, sobretudo diferenciando-nos do que eles são.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2005

Amendoeira em flor

À porta da minha casa vive uma amendoeira brava/selvagem. Ninguém a plantou, pelo menos que se saiba, e ninguém se ocupa a cuidar dela. Todos os anos em Janeiro floresce e, de ano para ano, com maior robustez e vigor. Creio que este ano está no seu auge: cheia e de tal forma carregada de flores brancas que não caberia nem mais uma. Todos os dias, pela manhã e à noitinha cruzamo-nos e troco duas ou três palavras com ela. Pouco percebo de flores mas dizem que gostem que se converse com elas, mas percebo de pessoas e tenho a certeza que a conversa nos faz bem, temos a sensação que nos ouve e que partilha connosco as alegrias e as tristezas, as angústias e as preocupações, os desejos mais profundos. Quando está vento, como hoje, os ramos baloiçam, as flores e as folhas, que as acompanham, mexem-se, fazendo-nos acreditar que têm a sua própria capacidade de comunicar, concordando connosco, ou pelo contrário fazendo-nos ver que não estamos certos e que devemos ouvir a voz da razão. E hoje, apesar do vento, que soprava com intensidade, a amendoeira em flor estava acompanhada de uma lua, meia cheia meia vazia, mas muito luminosa. Foi uma imagem absolutamente inspiradora e tranquilizante.

Página sobre STP

Mais uma página sobre STP - Além de fotografias antigas contem referências históricas, de enquadramento, referências ao Parque Obô e sugestão de percursos a efectuar, com indicação do tempo necessário, entre outras. Vale a pena fazer uma incursão por lá, porque apesar de não estar muito aprofundado em relação a algumas temáticas, é mais uma referência, e essas nunca são demais.

Testes

A minha perplexidade foi total. Fui fazer testes de selecção que contemplavam três dimensões: prova escrita de português, conhecimentos de inglês e aptidões de matemática e estatística. É verdade, eu tive 18 valores, em 20, na disciplina de Estatística na faculdade, mas foi no 1º ano da licenciatura em Sociologia, ou seja em 1987, e estudei que me fartei. Ouvi falar em muitas coisas e aprendi os rudimentos, mas nunca ouvi falar no teste Kolmogorov-smirnoff. Se as duas partes dos testes correram de forma ligeirinha, para o último simplesmenre não há palavras. Foi indescritível!!!!
Vim para casa e pesquisei - já percebi que é um dos testes não paramétricos, tal como o qui quadrado. Mas, para que serve e como se chega lá... pois isso não!

terça-feira, 18 de janeiro de 2005

Os Meus Queridos ex-Alunos

Tenho de confessar que me agrada muito receber notícias dos meus ex-alunos, sejam eles portugueses ou africanos, vivam no continente ou nas ilhas (Portugal), em África ou noutro qualquer local do Mundo. É verdade, muitos estão hoje espalhados por outros locais - Cuba, Brasil, Argélia, Espanha, França. E, quando abro o mail e vejo que me escreveram - para saber como estou, para contar os sucessos que têm tido e para pedirem conselhos que possam acalmar, de alguma forma, as angústias que sentem - não posso deixar de sentir orgulho e alegria. Lembraram-se de mim e, de uma maneira ou de outra, entendem-me como uma referência, gostaram de mim e, depois de ter passado a fase formativa na qual intervi, procuram manter o contacto, sem esperar nada em troca, a não ser algumas palavras de incentivo que revelem interesse pelo seu percurso e pelas suas vidas. Na verdade, tratam-me de forma carinhosa e afectiva, reclamando um pouco de atenção. O que me agrada verdadeiramente é sentir que gostam de mim.
Este post é dedicado aos meus Queridos ex-Alunos, esperando que continuem como até aqui, a progredir, a amadurecer, a crescer, a ultrapassar dificuldades com sabedoria e muita preserverança, sem desanimarem, com a consciência de que podem fazer mais e melhor. Sempre, porque estão no caminho certo.

Maxim.net

O Maxim.net é um site interessante, tradicionalmente vocacionado para STP, mas onde se encontram muitas referências a outros países africanos. Vale a pena consultar, de vez em quando, pelas notícias culturais, pelas fotografias, pela possibilidade de se trocar impressões e ouvir opiniões diversas.

Moçambique III

Nem sempre a vida nos sorri - pensava Lai, sempre que recordava Mi e tudo o que viveu em Moçambique – Muitas vezes, sem nós percebermos de imediato como ou porquê, não nos é simplesmente permitido realizar afectos de forma contínua, nem sonhos. Tudo fica tão aquém do que idealizámos, pelo menos na altura em que desejámos. Não compreendemos atitudes nem comportamentos. Nem podemos, pela simples razão que desconhecemos as motivações e as razões. Mas isso, a bem dizer da verdade, pode ser uma grande sorte. Afinal, mesmo que, na altura devida, tivéssemos conhecimento de tudo o que se passava por trás do inexplicável, com certeza não teríamos aceite a “balbúrdia africana vivida à europeu”. Não, não era isso que queria ou que quero.
Lai pensava e, sempre que a conversa podia surgir, procurava esclarecer Mi acerca da sua forma de entender a vida, as relações interpessoais, o passado e o presente. O que foi já não pode ser e basicamente ela não quer que venha a ser. Mi não aceitava, ou dizia não aceitar por não acreditar nas palavras de Lai. Para ele, tudo se resumia a uma visão simples, porquê complicar? Uma conversa simples e um café derivavam necessariamente em envolvimento carnal, não necessariamente afectivo e, preferencialmente não sentimental. Mi tentava levá-la, uma vez mais, a seguir as palavras doces e ternas, que tanto a cativaram quando as ouviu, pela primeira vez, na envolvência do ambiente tropical de uma África longínqua, misteriosa e promissora que a levaria à realização dos desejos mais profundos. Naquela altura, algures nos finais do século XX, Lai era uma jovem senhora, que procurava preservar a inocência dos contos e histórias de príncipes, princesas, lugares paradisíacos e vidas felizes, de preferência para sempre. E procurava viver situações típicas de argumento de filme, esquecendo que essas não se transpõem para além do écran.
Mi não foi propriamente um príncipe e de encanto teve pouco ou quase nada. Não queria nem o poderia ser algum dia. Por isso, porquê a insistência? - pensava Lai. E, aos olhos dela, caía nas incongruências típicas de uma pessoa como ele, só que agora já não lhe passavam despercebidas. Tanto dizia que a amava e que queria casar com ela, construir uma vida em comum e ter filhos, como no minuto seguinte relatava, com pormenor, as mulheres que faziam parte da sua vida. Se há um bom par de anos Lai pensou em casar com Mi, mesmo que por pouco tempo, hoje, ao ouvi-lo falar nisso, nem que fosse uma única vez, soava-lhe a brincadeira de mau gosto, a tema pouco credível.
Lai passou a olhar Mi com dúvida e incerteza e essa era, na verdade, a única e possível forma de o entender.

Invariavelmente

os acontecimentos repetiam-se, os pensamentos sucediam-se e as dúvidas surgiam. Já não podia dizer com certezas se a realidade que vivia era mesmo pintada com aquelas tonalidades ou se tudo não passava de era mera ficção.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

In

É costume conotar o prefixo "in" com a moda e as tendências actuais - todos desejam ser e estar, conhecer os locais mais "in" e frequentá-los, ter amigos "in", jantar e passar férias em locais "in". Porquê? Por ser vulgarmente entendido como um sinal de boa integração social (económica, política, cultural e...). Basta pensar na palavra original anglosaxónica, mas esta, normalmente, bem utilizada.
Mas todos se esquecem que o prefixo, só por si é uma contrariedade, o oposto da afirmação. Peguemos, como exemplos, nas palavras indecisão, indiferença, intolerância. São de tal forma negativas que geram maus sentimentos (e pensamentos). A decisão é positiva, bem como a diferença associada à tolerância, tanto na esfera pessoal como na vida profissional. Mas parece que muitos se esqueceram e alguns não sabem mais o que querem. É desestruturante tornando-se confuso, como eu diria hoje aos meus interlocutores, a meio de uma reunião marcada pela indefinição, pela incerteza de vontades, resultando em indecisões.

Sunrise

Sunrise Sunrise
Looks like morning in your eyes
...
Surprise Surprise
Couldn't find it in your eyes
But I'm sure it's written all over my face
Surprise Surprise
Never something I could hide
When I see we made it through another day

Norah Jones

domingo, 16 de janeiro de 2005

Equador, uma vez mais

Após quase 2 anos do "Equador" ter sido editado e lido por uma grande parte dos portugueses - a confirmar pelo número de edições - a irmã era das poucas resistentes que ainda não lhe pegara, apesar dos comentários repetidos, das referências e citações que ouvia, por parte de todos. O livro era fantástico, descritivo qb, um romance apaixonante e viciante, que se tinha pena de deixar quando se chegava à última linha, tendo de se aceitar que terminara. Apetecia relê-lo, uma e outra vez. E mais, falava de STP, aquele magnífico país, permitindo ao leitor uma viagem sem deslocação efectiva.
Um dia perguntou-lhe - Onde está o Equador? Quero lê-lo. - e, após as primeiras impressões, ficou também ela rendida, seduzida pela escrita e pela forma ímpar de relatar, descrever a paisagem, as praias, os momentos de lazer, as angústias e as paixões, os sentimentos mais acesos e intensamente vividos, as relações sociais e a forma como os estrangeiros por lá viviam (e continuam a viver).
A história passa-se há muito muito muito tempo, na altura em que havia governadores, não circulavam carros e as pessoas se deslocavam a cavalo, quando a chegada ao arquipélago era invariavelmente feita de barco, após uma longuíssima e interminável viagem, a terra era trabalhada, por escravos e a economia, de base agrária, era rentável. Mas apesar de tudo se passar numa altura em que ainda havia reis, rainhas, príncipes e princesas em Portugal, o livro é de uma actualidade impressionante, traduzindo uma observação, uma reflexão e uma análise precisas e rigorosas. Apesar dos erros históricos que alguns apontam, mas que são desculpáveis por se tratar de um romance, histórico é verdade, mas romance.
"Na sexta-feira, véspera do baile, a cidade de S. Tomé fervilhava já com os comentários e as histórias do novo governador, passadas de boca em boca, de loja em loja. Nos seus primeiros dias de governo, o novo governador ainda não subira lá acima, às roças (...). Em vez disso, passeara-se de trás para a frente na cidade, entrara nas lojas, cumprimentara os comerciantes e conversara com os fregueses (...)"
Brilhante!

Pôr do Sol

Não se cansava de observar o céu que lhe transmitia boas sensações, principalmente à medida que o final do dia se aproximava. Naquela tarde estava pintado por uma mistura de tonalidades fortes, apesar do frio que fazia, alternando entre o rosa forte e o azul intenso. Cores tão diferentes do pôr do sol africano, pensou, mas igualmente belas, sedutoras, inspiradoras, reconfortantes.
Adivinhava-se um céu estrelado, iluminado por uma lua tímida, em quarto crescente, que apelava à ternura e envolvência de um toque, uma carícia, um abraço, um beijo. Também de um pensamento, de um desejo esperado e de um encontro aguardado. Sonhado.

Gastronomia de STP

Nos últimos dias têm-me pedido receitas de pratos típicos santomenses. Claro que não poderia deixar de pensar no calulu e no angu de banana, no polvo e no pudim de coco. Para já fica a contribuição de uma receita possível de calulu (há formas muito diferentes de o preparar, podendo utilizar-se diferentes folhas, ervas e condimentos, difíceis de encontrar em Lisboa - folha de mosquito, folha de ocá, loba, mambleblê, libo, folha de tartaruga, otáge). O da Inácia - uma das melhores cozinheiras de STP - é inesquecível e incomparável, mas não cheguei a pedir a receita...

Calulu de Frango/Galinha:1 frango (1,200 kg), 250 g de mussua (couve), 1 molho de agriões, 40 g de farinha de trigo, 1 dl de óleo de palma, 2 tomates, 2 cebolas, 6 quiabos, 2 dentes de alho, 3 beringelas, 1 folha de louro, 1 ossame, 1 raminho de manjerona, Água, pau-pimenta, sal e malagueta.
Corta-se o frango aos bocados. Deita-se num tacho, com a couve cortada como para caldo verde, o óleo de palma, as cebolas e os dentes de alho picados, os tomates, sem peles nem sementes, os quiabos, cortados aos bocados, as beringelas, sem peles e cortadas às rodelas grossas, o louro, o ossame e o pau-pimenta, pisados, a manjerona, o sal e a malagueta. Leva-se ao lume e refoga, adicionando uns golinhos de água. Juntam-se os agriões. Cobre-se tudo com água e deixa-se cozer. Na altura de servir, mistura-se a farinha, desfeita num pouco de água, que ferve para o molho engrossar. Serve-se com arroz ou angu às bolas. Nota: Mussua é uma qualidade de couve que há em S. Tomé. Pode substituir-se por couve portuguesa.
O Angu de Banana: 10 bananas cozidas com casca, que se descascam, esmagam e amassam, criando uma massa compacta.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Uma surpresa agradável

Um dia recebi um mail de um membro de um e-grupo de debates sobre STP, ao qual pertenço desde o início da sua constituição, dizendo apenas "preciso de falar consigo". Pensei cá para comigo "quem será este e o que é que quererá?". Respondi-lhe. Ele queria essencialmente ouvir as minhas impressões acerca do projecto que estava a implementar no arquipélago, uma iniciativa de TT, inédita e com particularidades. Afinal eu trabalhava sobre países africanos há algum tempo, conhecia muito bem STP e estava a preparar a pesquisa para o doutoramento, sobre turismo ecológico, o que implicava uma deslocação longa com estadia por lá.
Não fiquei imediatamente seduzida pela ideia, devo confessar, e adoptei uma atitude crítica em relação a muitos aspectos, entre os quais a organização, o planeamento, a preservação ambiental e os cuidados a ter nessa matéria, a forma como os contactos interculturais iriam ser estabelecidos e por aí fora, os cuidados de saúde pública a ter. Fiz recomendações sem fim e alertei-o para os principais riscos - às tantas parecia um corvo agoirento. Mas eu conhecia bem o país, as comunidades locais e principalmente os estrangeiros residentes, estes aparentemente sempre disponíveis mas na realidade apenas à espera do primeiro precalço para darem início à sessão de crítica e maledicência. Eu não queria que isso acontecesse.
A minha ideia era - e é ainda - que o projecto tinha de ser bem sucedido a todos os níveis, e assim muitas mentes supostamente pensantes e influentes iriam ficar sem fala com os resultados. Não poderia haver por onde pegar e para isso tudo tinha de estar perfeito.
Começámos a trocar impressões através de mail e do msn, comigo sempre de pé atrás, representando para ele uma medida de aferição da receptividade e da exequibilidade do projecto. Passou muito tempo, desde as conversas iniciais até ele me convencer que era uma iniciativa de cooperação, ambientalmente integrada e promotora de intercâmbio cultural assente no respeito e na valorização das diferenças.
Acabei por o conhecer em STP, passado um bom par de meses. Encontrámo-nos por lá poucas vezes e, quase sempre de raspão, jantámos em casa de um amigo meu uma vez e a minha atitude crítica manteve-se sempre presente.
Aquando da realização da primeira edição, apoiei-o em STP, escrevendo, mais do que uma vez, para a "revista piá", estabelecendo alguns contactos instituicionais e resolvendo questões pontuais. A minha visão crítica foi-se mantendo em certa medida até hoje. Mas ganhei carinho pela iniciativa e fiz um amigo, que se preocupa comigo e me apoia quando necessário. Ele pode bem dizer o mesmo em relação a mim. Na verdade, os contactos por mail diminuiram e pelo msn terminaram simplesmente, mas, de quando em vez, escrevemos a saber notícias e vamo-nos mantendo informados sobre as evoluções pelas quais vamos passando. O projecto, esse, contiuou e continuará, apesar da minha perspectiva mais cautelosa e das apreensões que me caracterizam naturalmente, vai sendo aperfeiçoado com o tempo. Quem sabe se não radica na preserverança tranquila do João Brito e Faro o sucesso da iniciativa.
Mas, quando penso naquele mail inicial, devo reconhecer que resultou num conjunto de agradáveis surpresas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

Segredo Estatístico

Teve lugar hoje no Hotel Altis o Seminário Princípio do Segredo Estatístico, iniciativa conjunta do INE, Conselho Superior de Estatística e GPLP (Ministério da Justiça), onde foram tecnicamente debatidos temas muito pertinentes no contexto actual e muitíssimo interessantes. Despertou-me particular interesse a relação entre a protecção de dados estatísticos e a investigação científica. No início fiquei apreensiva, dado que um dos intervenientes proferiu afirmações pouco simpáticas a este respeito, mas a honra dos investigadores foi salva pelas restantes comunicações. A investigação científica deve ser considerada uma excepção. Faz sentido, afinal o que é de nós investigadores se não tivermos acesso aos dados produzidos por fontes oficiais e credíveis? E há ética na investigação científica. Deve haver, pelo menos!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Um Mundo diferente aqui tão perto

Há locais magníficos em Lisboa. A Estufa Fria é um deles. Talvez por me lembrar África, no geral, e São Tomé, em particular. Talvez por ter um sentido pedagógico implícito e estar associado ao lazer. Talvez pela companhia. Talvez por ter a sensação de não estar em Lisboa: é calmo e transmite tranquilidade à medida que vamos avançando pelos caminhos. Talvez pela densidade de vegetação e pela coloração da paisagem nos transmitir uma sensação mágica.
Tem uma diversidade imensa de flores e de plantas, incluindo cactos, muitas delas tropicais. Intercalado com a densidade de vegetação, estando a maioria das plantas catalogada, surgem cursos de água, pequenas fontes, lagos e caminhos feitos com pedras no meio da água. É magnífico.
Pena é que não se vejam rãs, nem sapos, nem pássaros em quatidade. Mas é boa a possibilidade de vermos patos (reais, mudos e tantos outros) e gansos, em plena actividade, no lago externo à Estufa, mesmo ali, no Parque Eduardo VII.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2005

Não, não é!

Não, não é uma fuga, apesar de alguns estarem a pensar que sim. Nem uma ausência voluntária por motivos menos claros, ou que eu não queira clarificar. Trata-se apenas de problemas informáticos, para os quais não tenho soluções. Este é um mundo que não domino de todo. Esta pequena caixa com quem partilho os meus dias, os meus segredos e anseios, o meu trabalho e as minhas pesquisas, de quando em vez, decide pôr-me à prova. A mim, à minha paciência e à minha resistência. Um dia passo-me e atiro-o pela janela fora! Ele ainda não percebeu que não é insubstituível e, apesar de termos uma relação que já vai em 6 anos, o que faz de nós bons conhecedores dos mútuos defeitos e que por isso nos deveria tornar mais tolerantes, começa a irritar-me profundamente. Um dia troco-o, por outro com uma melhor performance. Mas só depois de defender a bendita tese que fez com que o conhecesse. Não é utilitarismo... é sentimentalismo, apesar de tudo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

Motivos para sonhar

É bom termos motivos para sonhar e andar nas nuvens. É como se os maus momentos ficassem esquecidos para dar lugar à esperança, que renasce. É sentirmos que temos as condições reunidas para encarar um novo dia com um sorriso.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

A Saga do LZEC em São Tomé e Príncipe

O LZEC, evento de Todo-o-Terreno que tenho referido mais do que uma vez, está a ser contado com pormenor no Mosquitto, conforme indiquei em 31/12/2004 no post "Histórias que passam por África".
Mas tenho de reforçar que está a ser actualizado e a 4ª parte da saga já pode ser lida. Melhor... é mais do que recomendável - é que, modéstia à parte, fala de mim e bem. E uma coisa destas tem de ser divulgada... Ops...

Golfinhos e outros mamíferos

O "Projecto Delfim", do Centro Português de Estudo dos Mamiferos Marinhos, abrange STP e outras regiões insulares africanas - Bijagós e Ilha de S. Vicente em Cabo Verde. A seguir...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

A personalidade e o Forte Velho

- Gosta de escrever? - perguntou-lhe aquele homem com ar sério, olhar fixo e expressão fria.
- Sim - respondeu ela com o entusiasmo habitual e o sorriso tímido sempre presente quando lhe era proposto um novo desafio.
E assim começou um diálogo de desencontros de objectivos e de entendimentos. Marta aceitou o convite do "homem com ar sério" para um novo trabalho, que iria exigir algum esforço dela mas, por ter esperança de ser bem sucedida, entendeu a proposta como uma oportunidade. Ele tinha por principal finalidade resolver as mágoas de um amigo, a quem ela não tinha dado 1 segundo de atenção afectiva, e nem sequer lhe passou pela cabeça que algum dia viesse a publicar qualquer trabalho dela, por mais qualidade que tivesse. Isto não passava de um jogo para que ela aprendesse a valorizar o que eles entendiam que realmente era importante.
A proposta era interessante - escrever um livro baseado em histórias de vida de africanos em Portugal, por categorias, o exilado, o político, o estudante, o empresário, e por aí fora. Ele ofereceu-lhe um livro, que ela mais tarde devolveu, que serviria de modelo e que a editora que ele representava havia publicado em França, histórias de vida de portugueses emigrados. Marta conhecia bem África e contactos de africanos em Portugal, que tinham vindo por 1 mês, 1 ano ou 1 vida, não lhe faltavam. Sentia-se à vontade e apesar de ser trabalhoso, era mais do que aliciante. Associado ao projecto-livro, estaria a criação de um centro de investigação que ele também pretendia dinamizar e, como ela tinha experiência suficiente nas funções mas estava à procura de emprego, seria ouro sobre azul.
Acertaram pormenores e no final da reunião, ele convidou-a para um café. Ela achou estranho mas não ousou duvidar do "homem com ar sério" que lhe tinha sido apresentado como o ex-assessor de um político importante, ex-jornalista de um semanário famoso e suposto historiador com curriculum na área editorial.
O café não poderia ter corrido pior. A ingenuidade de Marta não a fez acreditar na má fé do homem e ele deixou de imediato transparecer o que lhe ia na alma. Não a poderia ter tratado pior, com insinuações desgastantemente ordinárias, com abordagens fúteis e directas, com avanços que as pessoas menos instruídas não ousariam ter com qualquer mulher. Marta não acreditaria na conversa se não estivesse a ouvi-la e só pensava "tirem-me daqui...", mas não havia ninguém a quem o pudesse pedir naquela altura.
Finalmente foi para casa a pensar nas motivações daquele homem, que sem a conhecer, após a oferta de trabalho, a tinha tentado seduzir sem subtilezas, tratando-a mal. Por certo estava a confundi-la. Foi a situação de assédio mais directo que teve, em trinta e tal anos de vida. Inacreditável, inqualificável, inconcebível.
Ele deu-se mal porque ela não cedeu um milímetro e ganhou-lhe tamanha aversão que, no dia seguinte, lhe foi devolver o livro, sem o ver, deixando o envelope no porteiro do prédio onde a editora funcionava. Acabou por cortar de vez com qualquer tipo de contacto, mesmo o cordial com o amigo do "homem com ar sério", após ter compreendido a arquitectura montada.
E durante quase um ano não ouviu mais falar de tal peça. Mas hoje, a frase por ele utilizada "podemos ir ao Forte Velho", bar de fama duvidosa, ali para os lados de S. João, repetiu-se uma vez mais na cabeça dela, sobretudo porque na sequência vieram outras menos agradáveis e mais directas à mensagem que ele procurou transmitir, a comparação entre Marta e uma moça com modos de vida nocturnos.
Mas ela não gostou da comparação, o que só a valorizou perante tamanha perversão. Afinal, por quem a tomava ele, quando nem a conhecia? A verdade é que o amigo do "homem com ar sério" tinha tido um interesse por Marta, que nunca o valorizou, apaixonando-se por um outro. Ele nunca lhe perdoou a falta de interesse e fez tudo por se vingar com esta e outras brincadeiras de mau gosto, prejudicando-a e fazendo-a sentir-se mal.
Marta nunca mais quis ouvir falar deles, até ao dia em que nas notícias ouviu que o "homem com ar sério" era um dos elegíveis de uma lista que se candidatava às eleições. "Vai virar figura pública e vou ter de o ver algumas vezes a entrar pela minha casa dentro" pensou com ar entediado. "Falta ver se será figura pública no país ou de um outro reino, o do Forte Velho".

Lembranças

E todas aquelas fotografias tinham um efeito melancolicamente positivo sobre ela, faziam-na reviver momentos únicos, de alegria e de esperança, alguns menos bons, maus até, mas que foram sempre sucedidos de novas alegrias e que, por isso, ela relativizava. Procurava, a todo o instante, valorizar o tempo bem passado, com companhias agradáveis, rodeada de natureza, fosse praia ou floresta. O que contava para ela era que as paisagens intensas lhe transmitiam paz e tranquilidade, revitalizavam-na e permitiam que os melhores sentimentos emergissem. Ela procurou, tanto para trabalho como para ocupar os tempos livres, ambientes de tal forma preservados que se revelavam inspiradores. Acabou por associar os dois tipos de actividades, no trabalho fazer o que gostava, junto dos animais e das plantas.

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Acreditar nas diferenças

Não queria acreditar nos gestos, nas palavras e nos olhares, mas os reencontros contradiziam a sua vontade. Apesar das diferenças mais do que evidentes, o sentimento ressurgia, uma e outra vez. Na verdade, nunca deixou de estar presente, apesar das ausências...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

Fotografias de STP, novo

Para acederem a fotografias de São Tomé e Príncipe, vejam, em brevem Caminhadas e Descoberta em STP - Fotografias. Começou apenas hoje, pelo que é um blog bebé, mas vai rapidamente ser actualizado.

Mais uma referência

África Minha é mais um blog que passa por África, com muitas referências a Cabo Verde. Vale a pena ver.

domingo, 2 de janeiro de 2005

Não gosto de anos bi-sextos

Não gosto de anos bi-sextos, pode ser superstição mas a verdade é que me correm mal em quase tudo: na família, no amor, na saúde, no dinheiro, no trabalho e nas realizações. E para grande pena minha, 2004 não foi excepção, as coisas não me correram nada bem e, para ser franca, estava desejosa que terminasse e que desse lugar a um novo período, quem sabe a um novo ciclo.
Não precisaria de confirmação porque a minha experiência - não é que seja assim tão longa mas a suficiente para me conferir alguma autoridade para falar acerca da matéria - já me dava essa indicação. Mas como meio de certificação das minhas desconfianças e má vontades, muitos foram os acontecimentos que, em 2004, comprovaram que os bi-sextos são anos azarentos, que auspiciam calamidades, infortúnios e desgraças.
Mas finalmente ele terminou e é uma sorte só termos outro daqui a 4 anos... Até lá esperemos (e façamos para) que a paz possa reinar, acompanhada de esperança, de bem estar e de felicidade. Onde quer que estejamos, vivamos o 2005, ano melodioso e com uma sonoridade alegre quando o referimos, com um sorriso. E, segundo os entendidos na matéria, 2005 será um ano de realizações para a maioria dos signos e o meu é altamente bafejado pelas conjugações astrais, já que os planetas estão todos de feição. E com esta notícia até me sinto mais revigorada para ultrapassar alguns obstáculos que possam surgir.

Eduardo Malé - pintor poeta

Quadro apresentado na exposição "Permissão para Sonhar" (Batalha, Dezembro 2004)



Posted by Hello

UM TEMPO DE ESPERA
Um tempo de espera
Um tempo de escolha
Um tempo que nunca chega
Um tempo que desespera

Um tempo que dá tempo
Um tempo que não tem tempo
Um tempo que transporta sons e batuques
Um tempo para sonhar
Um tempo de alegria

Um tempo que anima e desanima
Mas um tempo que não é tempo
Um tempo que é todo tempo

sábado, 1 de janeiro de 2005

Esperança renovada

Parecia que estava difícil mas 2005 chegou, trazendo consigo a esperança da renovação e a alegria de viver. Mais uma vez a sensação é de ter deixado os maus momentos para trás, não esquecidos porque isso nunca se consegue, guardados e bem fechados para que não regressem. É boa a sensação de renovação, de acreditarmos que merecemos ser felizes e que termos a oportunidade de concretizar sonhos, quaisquer que eles sejam. E eu acredito que é possível!

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...