- Porque é que pensa que as pessoas se casam? - perguntou a mulher ao detectiva quando o visitou para investigar o motivo das ausências e das chegadas tardias do marido.
- Por paixão... - respondeu o detective
- Não... - respondeu a mulher
E a chave está brilhantemente traduzida no filme "Shall we dance" com Richard Gere, Susan Sarandon e Jeniffer Lopez (péssima actriz, mas é de reconhecer que enche visulamente o écran). Um homem na casa dos 40s, casado vai de 19 para 20 anos, com 2 filhos adolescentes, um rapaz, que se supõe que esteja na universidade porque só está em casa no aniversário do pai, e uma rapariga de 14 anos. Ele é um advogado bem sucedido, ela uma produtora de moda também realizada, vivem numa casa magnífica e até têm um cão, são ambos bem parecidos e, apesar de terem horários desencontrados, não discutem e vivem seguros, em harmonia e felicidade aparente. Até ao dia em que ele reconhece que lhe falta qualquer coisa e decide inscrever-se numa escola de danças de salão, sem que ninguém na família saiba ou desconfie, e após ter vislumbrado uma linda mulher numas das janelas da escola. A atracção física é uma evidência e o filme decorre num crescendo de proximidades entre ele e a tal professora de dança. A mulher descobre, com ajuda do detective do diálogo, e os desconfortos emergem até ele tomar consciência do que é verdadeiramente importante para ele - a estabilidade e o afecto que foram sendo alimentados e construídos ao longo do tempo. Porque é que as pessoas se casam? Para compartilharem momentos bons e maus, para crescerem em conjunto, para se apoiarem, por terem a noção que pode haver situações em que ninguém nos observa, valoriza ou se preocupa connosco, a não ser aquele(a) ali, que optou por passar a eternidade ao nosso lado. E afinal havia romantismo!
Não é por paixão, é por... - vão ver o filme. É leve, ligeiro e sorridente, mas trata de um assunto IMPORTANTE! Curioso como, ao vê-lo, me lembrei de algumas pessoas...