Almoçava com um amigo de uns anos, não muitos, mas os suficientes para saber que aquela amizade seria para sempre. Conheceram-se numa África quente, que permitiu viver sonhos até áquele momento impensados. Partilharam meses, semanas, dias, horas e minutos. Viveram emoções únicas, tiveram em conjunto muitas vivências felizes e outras marcadas pela tensão das despedidas.
- Aquela foi uma tarde muito gira - comentou ele ao ver umas fotografias, publicadas numa revista, de tartarugas bebés a caminho do mar, e que ilustravam um artigo sobre protecção de espécies.
- É verdade, tens razão, foi um dia espectacular. África cria-nos destas coisas - disse ela, a meio da conversa, com um sorriso estampado no rosto e um olhar vago - uma nostalgia infinita, uma vontade de agarrar o tempo passado e de reviver uma vez mais todos os bons momentos. Mas é um sentimento bom, não é?
- É... - respondeu ele simplesmente porque não havia muito mais a dizer.
- Já pensaste que lhe podíamos chamar "nostaláfrica", a nostalgia de África que veio para ficar e se instalou dentro de nós, e que nós também não queremos deixar partir... porque, sempre que nos lembramos, voltamos a viver tudo de novo e uma vez mais somos felizes...