Um blog sobre a vida. Ilusões e sonhos, venturas, algumas desventuras, muitas realizações com a frustração necessária para alcançar o desejo da felicidade. Uma vida que se pretende feliz e preenchida por vivências sentidas. por Brígida Rocha Brito
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Talvez fosse da tristeza...
De repente
tomou consciência que se sentia triste sempre que lhe apetecia escrever. Uma tristeza
justificada, com causa e motivo concreto, bem definido e identificado. Talvez a
tristeza fosse a sua principal fonte de inspiração. Talvez por isso as suas
palavras estivessem banhadas de lágrimas, ora contidas, ora corridas, cheias e
salgadas. Quanto mais longe da infância maior o sentimento de
fragilidade que a assolava. Sentia-se sensível e tão vulnerável quanto uma canoa de único
remador em pleno mar alto num dia de tempestade agravado por ventos ciclónicos.
Perdia auto-estima com facilidade e estava cada vez mais necessitada de reforço acolhedor e reconfortante. Quando não o sentia, por via de um olhar, de uma palavra amiga
ou de um abraço forte e aconchegante, acabava por se refugiar em si mesma, no
caderno e na caneta porque as palavras eram genuínas e as linhas onde
escrevinhava não a julgavam nem atraiçoavam.
Era à noite
que mais escrevia e também era durante a noite que a tristeza a visitava
com mais regularidade e intensidade. Talvez ninguém compreendesse estes estados
de alma tão tardios que a levavam a ficar noites sem dormir escrevendo sem
parar. Talvez ela não se importasse com isso. Ou talvez se apercebesse da indiferença e calada se contivesse de outras formas de expressão...
A tristeza
é um sentimento desconcertante porque tão verdadeiro quanto intolerável mas
sabia que com ele se sentia segura porque nunca a abandonava. A noite era boa
conselheira porque longa e, por vezes, interminável. Tinha início e meio mas o
fim parecia não querer chegar. Talvez até, por vezes, lhe faltasse a paciência
e a capacidade para gerir a tristeza e talvez fosse por isso que pegava na
caneta e no caderno, que já tinha poucas linhas vazias, e dava azo à liberdade
de pensamento deixando a tinta desenhar letras conexas que relatavam um pouco
do que sentia... Talvez fosse da tristeza...
São Tomé, 10 de Setembro de 2014
terça-feira, 1 de setembro de 2015
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Visita apressada
É em dias de calor como o de ontem, o de
hoje e, muito provavelmente, o de amanhã que o meu pensamento é invadido por
lembranças e o meu inconsciente viaja. Momentos recordados da terra e das
gentes, dos sorrisos e das interjeições gritadas em som estridente num misto de
espanto e diversão, das praias, das paisagens, dos trilhos e das caminhadas, da
crueza de algumas coisas e da intensidade das emoções de muitas outras.
O calor abafado pela humidade não me deixa respirar, estimula os
sentidos e rouba a força às pernas dando-me a sensação que o chão desliza
para níveis inferiores e os meus pés escorregam como se
tentasse caminhar sobre as águas rápidas de um ribeiro.
É particularmente em dias como o de hoje que
a minha África regressa e me visita, envolta numa neblina difusa. A visualização
dos momentos vividos fica turva pela rapidez dos flashes que iluminam a minha memória
mas, à medida que as imagens sucedem e se conjugam, o regresso torna-se mais nítido
e aí está ela, que chega até mim num ápice como se me fizesse uma visita
apressada.
Lisboa,
27 de Maio de 2015
domingo, 31 de maio de 2015
Quase meio século...

É também nestas alturas que me dá para ir "procurar" por algumas pessoas que fizeram parte do meu passado e de quem me deixei perder porque não me quis fixar ou porque não valiam mesmo o esforço da fixação. Alguns daqueles de quem perdi o rasto e com quem o encontro foi afinal um mero acaso. E é nestas minhas pesquisas que confirmo, uma e outra vez, que fiz bem em seguir com a vida adiante por outro caminho porque o que trilham está minado e a todo o momento pode explodir. E percebo que estes pouco ou nada mudaram porque permanecem resistentes, apesar da vida os tentar ensinar e lhes ir demonstrando que há melhores formas de vida. Meio século de aprendizagens... quase... meio século... e tanto ainda para aprender e por viver... esta é, de facto, a boa notícia... Venha mais outro "quase" meio século! Por hoje... that's MY DAY!
terça-feira, 26 de maio de 2015
África...
África,
és terra doce, terna, quente e envolvente.
és terra doce, terna, quente e envolvente.
Com os teus cheiros intensos
emanas sensualidade.
emanas sensualidade.
Nos corpos ondulantes dos que te habitam,
ao som de ritmos compassados com requebros,
crias desejo de simbiose e união.
Os teus paladares exóticos transformam vontades
e da indiferença fazes vida ardente.
És terra de duras experiências,
de contrastes aquecidos pelo sol e aliviados pelas
chuvas,
onde se aprende a ser, a estar e a viver
com os sentidos tão expostos quanto receptivos.
África, tu és emoção e paixão...
comemorando o Dia de África com 1 dia de atraso
Lisboa, 26 de Maio de 2015
sábado, 11 de abril de 2015
Reflexões sobre a organização
- O que
quer dizer 'organizar' quando falamos sobre pessoas? - esta era
uma pergunta que, de dia para dia, vinha ter comigo com maior rapidez, frequência
e intensidade.
- Podemos organizar
ideias, papéis, roupas, salas, secretárias, armários e gavetas, agendas e
tarefas. Mas pessoas...?! - pensava...
Há alguns - muitos - anos atrás era habitual utilizar a
expressão 'organiza-te', tanto para algumas pessoas, e fazia-o com um sorriso
nos lábios, como para mim mesma, e neste caso a voz rouca da minha consciência crítica sussurava ao ouvido
para ter a certeza que a escutava e entendia: "tens de te organizar...!". Hoje sei que essa voz aparecia sempre
que o meu coração balançava para esferas pouco seguras mas prazerosas. Em boa
verdade, a expressão era escutada por mim sempre que alguém me tentava
desorganizar... ou seria mesmo eu que me deixava desorganizar... e, no meu
subconsciente, representava a necessidade de sentir a brisa fresca do Outono em
paragens onde o Verão não tinha início nem fim. Sabia que tinha de ganhar
consciência de que a vida requer sempre um pouco de ordem, alguma organização quase
sistemática e metódica, rigor qb no comportamento e critério na atitude. Não,
não é fácil sobretudo quando o momento resulta de vivências intensas e sentidas.
Houve alturas em que sabia que era fundamental pôr os pontos nos is e viver mais pela razão do que pela
emoção porque a razão é organização e a emoção o seu contrário. Criar o
equilíbrio parecia periclitante e pouco lógico...
Hoje a organização faz parte da minha vida, aliás passou a ocupar um espaço cada vez maior à medida que me fui afastando dos núcleos da desorganização.
Mas o que pensar de pessoas profundamente desorganizadas, impreparadas e descentradas do essencial mas que se julgam o supra-sumo da organização? Pessoas que circulam cirandando, que andam como se dançassem num baile de máscaras. Pessoas que se comportam como se a vida fosse um 'show off' permanente e estivessem em cima de um palco em representações imparáveis. Pessoas que criam uma imagem, tão suspensa quanto superficial, apenas assente na capacidade de organização alheia. Pessoas que vivem de forma aligeirada e esvoaçante, sem base e fundamento mas que se auto-intitulam descobridores do crepúsculo. É cansativo, desgastante e exasperante porque chega a ser lunático. Tenho a sensação de que por momentos, horas ou dias, os meus pés se descolam do chão e o meu corpo levita sobrevoando o mundo real. Só que nem sempre estou no meio de um sonho...
Hoje a organização faz parte da minha vida, aliás passou a ocupar um espaço cada vez maior à medida que me fui afastando dos núcleos da desorganização.
Mas o que pensar de pessoas profundamente desorganizadas, impreparadas e descentradas do essencial mas que se julgam o supra-sumo da organização? Pessoas que circulam cirandando, que andam como se dançassem num baile de máscaras. Pessoas que se comportam como se a vida fosse um 'show off' permanente e estivessem em cima de um palco em representações imparáveis. Pessoas que criam uma imagem, tão suspensa quanto superficial, apenas assente na capacidade de organização alheia. Pessoas que vivem de forma aligeirada e esvoaçante, sem base e fundamento mas que se auto-intitulam descobridores do crepúsculo. É cansativo, desgastante e exasperante porque chega a ser lunático. Tenho a sensação de que por momentos, horas ou dias, os meus pés se descolam do chão e o meu corpo levita sobrevoando o mundo real. Só que nem sempre estou no meio de um sonho...
em São Tomé, 10 de Setembro de 2014
quinta-feira, 9 de abril de 2015
No back up da memória...
Tudo o que foi vivido ficou memorizado, momento após momento, como se de fotografias virtuais se tratasse. Sempre que necessário basta recuperar o ficheiro no back up da memória, seleccioná-lo, visualizar a imagem e... o sorriso regressa com o efeito de um clique.
Após o regresso, Outubro 2014
quarta-feira, 8 de abril de 2015
Diálogo com a Terra em hora de despedida
Ao partir bate
uma saudade impossível de descrever. Os minutos passaram com a rapidez de um
relógio de tempo apesar de ficar com a ideia de que os ponteiros não andavam.
Agora, ao avaliar o que vivi, percebo que os segundos esticaram em minutos e as horas
em dias. Um dia ganhou a dimensão de uma semana e um mês de um ano. Ao partir, sei que o regresso urgirá. Mais tempo menos tempo voltarei porque a saudade
surge de repente e de forma apertada. É difícil explicar a quem quer que seja
que não tenha vivido a mesma experiência e arrisco até passar por louca
desvairada e incontida...
Ao espreitar pela
janela inicio um diálogo tão silencioso quanto emotivo. A Terra diz-me com a
tristeza no olhar:
- Não partas, não vás, não me deixes
para trás, aqui no meio do mar sem poder acompanhar-te.
- Não me partas o coração... tenho de
seguir viagem porque a vida aguarda-me do outro lado... - respondo num tom sumido.
- Se tens de partir... promete-me que
regressas uma e outra vez... não ficarei igual sem ti...
Com um aperto no
coração, os sentidos inebriados e os olhos alagados de lágrimas contidas que
antecipam a despedida acabo por lhe dizer:
- Não te abandono jamais. Fazes parte
de mim e eu de ti. És a minha Terra e eu serei sempre tua. Onde quer que eu
esteja, por onde quer que eu ande, estarás no meu pensamento e preenches o meu
coração. Da distância faz-se perto. Quando a solidão se fizer sentir e a
vontade de regressar apertar, mesmo que não possa vir a correr ou a voar,
fecharei os olhos e rapidamente nos reencontramos... Tu reinventaste em mim a
capacidade de sonhar e de acreditar que entre o sonho e o feito há apenas um
pulinho...
E subindo
com o céu no horizonte olho uma vez mais para a Terra, fixo-a e sorrio. Ali
está e fica uma parte de mim e comigo trago, para sempre, uma parte dela.
terça-feira, 7 de abril de 2015
Coisas da terra...
O desassossego é grande pela sensação de que uma parte
do que poderia vir a ser ficou na incerteza da incompletude, nas reticências de um texto não escrito, numa pintura idealizada mas não pincelada na tela... O coração contém-se e depois esvazia-se. Anseia, angustia, quase desespera e
desvanece ao pressentir que o que poderia ter sido jamais será... E esse é o
maior dos desassossegos...
Algures em 2014. Em nenhures de parte nenhuma...
segunda-feira, 6 de abril de 2015
Sobre a arte de viajar... ou com a viagem no pensamento
Preparar uma viagem que se
idealizou requer uma preparação cuidada e sistemática. Sempre e
inevitavelmente. A viagem é um momento assumido com seriedade e gerido com
rigor; é uma empreitada importante que liga expectativas e realizações através
de uma linha à qual damos o nome de vivências. E, em tempo de viagem, o desejo
é que as experiências vividas sejam únicas e inesquecíveis porque sabemos que
serão certamente irrepetíveis. A água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte
e a viagem que se empreende é vivida apenas uma vez, jamais se repete da mesma
forma. Olhar para o interior de nós mesmo é o primeiro passo para que a viagem
corra de acordo com o desejado. Fazer a revisão do que vivemos antes e das
experiências anteriores é um exercício prévio que ajuda a reduzir as
possibilidades de insucesso ou de frustração, sobretudo se o destino for visitado
por repetição. Preparar a viagem não é apenas uma questão de agendamento,
implica pesquisa, consulta, leitura, recolha de elementos facilitadores como
mapas, endereços e telefones. A viagem começa muito antes de fazer a mala e
partir, é uma vivência sentida, interiorizada e esperada que também tem
continuidade para além do regresso ao se tornar presente através das histórias eternizadas,
das fotografias revisitadas e partilhadas e das emoções relembradas.
em 18 de Agosto de 2014, a preparar nova incursão a São Tomé, sem o Príncipe
em 18 de Agosto de 2014, a preparar nova incursão a São Tomé, sem o Príncipe
quarta-feira, 18 de março de 2015
Sei que um dia...
Sei que um dia vou voltar. Não, não me perguntem quando
porque não consigo alcançar essa resposta. Nem para mim mesma... mas sei que um
dia o regresso se vai tornar tão urgente que, talvez sem dar conta, faço a mala
e parto. Há de ser um chamamento. Há de revelar-se uma emergência que nem eu
própria compreenderei. Há de resultar em inevitabilidade, tal como antes
aconteceu.
Há lugares assim que são para nós tão evidentemente
naturais e próximos quanto a essência da vida. Não é ainda o momento, sei
disso, e também sei que talvez demore uma eternidade. Sei, porque já aprendi,
que, em muitas circunstâncias, é preciso aguardar com a tranquilidade sábia de
um mestre. E eu sou ainda uma aprendiz no misterioso percurso da vida, que
aceitou que não adianta forçar a antecipação e que a inevitabilidade tem um
tempo próprio. Não é por desejarmos muito que os acontecimentos felizes nos
encontram...
São Tomé, Setembro 2014
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
Há pessoas assim... invejosas e maledicentes... mais vale fugir delas... VÁ DE RETRO!!!! ;-)
E disse com muita propriedade e infinita verdade. Uma troca de ideias sobre alguém que - graças a Deus, aos Santos e aos Querubins - já não vejo há muito tempo, fez-me retomar este pensamento tão bem traduzido no século XVII e que hoje, no século XXI, continua tão actual. Como é possível que passados tantos anos... uns bons 11 ou 12 anos, uma pessoa infinitamente medíocre mantenha a mesma postura...?! Não aprendeu nada com a vida durante esse tempo. E isso, definitivamente não é muito normal... E com isto, lá vou parar ao século XVIII e a Antoine Rivarol quando dizia com assertividade que:
"Circula no mundo uma inveja velocípede que vive de intriguinhas: chama-se maledicência. Diz estouvadamente mal do que não tem certeza, e oculta o bem de que tem evidência".
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Eu não gosto do Carnaval!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Questões e explicações
Porque voltamos ao lugar onde fomos
felizes?
Porque regressamos ao grupo que nos enquadra e estrutura?
Porque procuramos
estar junto dos que nos querem bem e nos reforçam?
Porque...? Porque...?
Porque...?
São tão infinitas as questões quanto as razões e explicações que me
ajudam a encontrar as respostas. E, muitas vezes, em certos contextos e enquadramentos, sem darmos conta, as reflexões
acompanham as vivências e a compreensão das dúvidas mais existenciais torna-se óbvia...
São Tomé, 10 de Setembro de 2014
Reflexão em jeito de balanço de viagem
Em jeito de balanço, cada viagem é uma, única, inconfundível e
irrepetível. O destino pode até ser muitas vezes o mesmo mas a forma como se
vivem aquelas horas torna a estadia diferente. As motivações, o estado de
espírito, a capacidade e a vontade de nos entendermos e fazermos entender
influenciam muito a forma como os dias passam e os acontecimentos sucedem.
São Tomé, 13 de Setembro de 2014
quinta-feira, 1 de janeiro de 2015
O tempo dos sítios
Em São Tomé, a 10/09/2014
Brinde ao futuro
Há momentos importantes nas nossas vidas porque nos ajudam a definir
prioridades, a olhar para o presente, a arrumar o passado e a delinear o
futuro. O passado não se renega, não se esquece e não se apaga. Faz parte de
nós e reforça tudo aquilo em que nos tornámos. O presente é o que vivemos no
momento e construímos, mesmo que nem sempre consigamos organizar, articular e
corrigir todas as situações pelas quais vamos passando, sobretudo quando nem
todo o encadeado de acontecimentos depende de nós. O futuro está em aberto e é
nele que me apetece acreditar porque o que vivi ou estou a viver não se
repetirá e o que virá deixa-me cheia de expectativas. Na verdade... já tenho
saudades do que irei viver...
São Tomé, 10/09/2014 (mas poderia ter sido pensado e escrito hoje,
01/01/2015)
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Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis
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