- O que
quer dizer 'organizar' quando falamos sobre pessoas? - esta era
uma pergunta que, de dia para dia, vinha ter comigo com maior rapidez, frequência
e intensidade.
- Podemos organizar
ideias, papéis, roupas, salas, secretárias, armários e gavetas, agendas e
tarefas. Mas pessoas...?! - pensava...
Há alguns - muitos - anos atrás era habitual utilizar a
expressão 'organiza-te', tanto para algumas pessoas, e fazia-o com um sorriso
nos lábios, como para mim mesma, e neste caso a voz rouca da minha consciência crítica sussurava ao ouvido
para ter a certeza que a escutava e entendia: "tens de te organizar...!". Hoje sei que essa voz aparecia sempre
que o meu coração balançava para esferas pouco seguras mas prazerosas. Em boa
verdade, a expressão era escutada por mim sempre que alguém me tentava
desorganizar... ou seria mesmo eu que me deixava desorganizar... e, no meu
subconsciente, representava a necessidade de sentir a brisa fresca do Outono em
paragens onde o Verão não tinha início nem fim. Sabia que tinha de ganhar
consciência de que a vida requer sempre um pouco de ordem, alguma organização quase
sistemática e metódica, rigor qb no comportamento e critério na atitude. Não,
não é fácil sobretudo quando o momento resulta de vivências intensas e sentidas.
Houve alturas em que sabia que era fundamental pôr os pontos nos is e viver mais pela razão do que pela
emoção porque a razão é organização e a emoção o seu contrário. Criar o
equilíbrio parecia periclitante e pouco lógico...
Hoje a organização faz parte da minha vida, aliás passou a ocupar um espaço cada vez maior à medida que me fui afastando dos núcleos da desorganização.
Mas o que pensar de pessoas profundamente desorganizadas, impreparadas e descentradas do essencial mas que se julgam o supra-sumo da organização? Pessoas que circulam cirandando, que andam como se dançassem num baile de máscaras. Pessoas que se comportam como se a vida fosse um 'show off' permanente e estivessem em cima de um palco em representações imparáveis. Pessoas que criam uma imagem, tão suspensa quanto superficial, apenas assente na capacidade de organização alheia. Pessoas que vivem de forma aligeirada e esvoaçante, sem base e fundamento mas que se auto-intitulam descobridores do crepúsculo. É cansativo, desgastante e exasperante porque chega a ser lunático. Tenho a sensação de que por momentos, horas ou dias, os meus pés se descolam do chão e o meu corpo levita sobrevoando o mundo real. Só que nem sempre estou no meio de um sonho...
Hoje a organização faz parte da minha vida, aliás passou a ocupar um espaço cada vez maior à medida que me fui afastando dos núcleos da desorganização.
Mas o que pensar de pessoas profundamente desorganizadas, impreparadas e descentradas do essencial mas que se julgam o supra-sumo da organização? Pessoas que circulam cirandando, que andam como se dançassem num baile de máscaras. Pessoas que se comportam como se a vida fosse um 'show off' permanente e estivessem em cima de um palco em representações imparáveis. Pessoas que criam uma imagem, tão suspensa quanto superficial, apenas assente na capacidade de organização alheia. Pessoas que vivem de forma aligeirada e esvoaçante, sem base e fundamento mas que se auto-intitulam descobridores do crepúsculo. É cansativo, desgastante e exasperante porque chega a ser lunático. Tenho a sensação de que por momentos, horas ou dias, os meus pés se descolam do chão e o meu corpo levita sobrevoando o mundo real. Só que nem sempre estou no meio de um sonho...
em São Tomé, 10 de Setembro de 2014