Apesar de que, em cada viagem às ilhas, conseguia reconhecer as sensações
que sentia e a paz que a envolvia após o regresso, depois de respirar bem
fundo de olhos fechados para melhor reter aquele ar denso, pesado, aromatizado
pelos mais diversos odores, cada estadia resumia-se numa experiência diferente
de todas as anteriores. Em cada viagem criavam-se situações únicas e irrepetíveis vividas com intensidade. Talvez por isso fosse sempre tão bom regressar. Cada um dos minutos ali passados representava a esperança de viver momentos felizes
sem que contudo houvesse a expectativa de recuperar ou reviver os anteriores. Os contextos eram
diferentes e, em grande medida, as pessoas que marcavam cada estadia também, pelo que nada era susceptível de repetição. Apesar de tudo, a consciência da impossibilidade de reviver in loco o passado era reconfortante e muito tranquilizadora. E
assim ia acontecendo, os momentos felizes sucediam-se, revestindo formas diferenciadas, sem se repetirem.
Aquele era definitivamente o seu lugar, onde se sentia confortável e acreditava
pertencer ou imaginava que poderia ali teria pertencido um dia. E, efectivamente, pertencera. Tudo lhe era familiar,
tudo a fazia sentir bem, e o bem-estar é essencial tanto nas viagens como na vida...
Na viagem de regresso a Lisboa, 04/04/2014