O tempo começa a mudar um pouco, devagar tal como acontece por aqui com qualquer mudança. Há tempo para isso e do tempo se vive. O vento, quente e aos repelões, já se sente fazendo lembrar que as chuvas estão quase, quase aí. No norte o calor era quase insuportável e em algumas horas a sensação era de destilação pura e simples e a pouca água disponível ajudava a agravar a ideia de sauna permanente. Mas aqui, e apesar de tudo, corre um vento, aragem que alivia o calor mas que levanta a poeira, um dos meus principais inimigos em solo guineense. Lá em cima ainda havia o cheiro a caju, forte, intenso e permanente, entontecedor e quase inebriante, mas produzindo em mim um efeito contrário, o de uma alergia galopante na pele e na respiração: eczema e espirros imparáveis... e a dificuldade respiratória a anunciar a sua chegada...
Escrito em 17/5/2007, Pensão Cetral (Avó/D. Berta), Bissau