Ele poderia ter olhos azuis. Tudo na sua cara indiciaria que os olhos eram azuis. De um azul profundo, escuro, brilhante e intenso. Mas à medida que os olhares se cruzaram foi-se apercebendo que afinal eram castanhos, escuros e igualmente intensos, com uma expressão profunda e irradiando brilho. Afinal não se enganara completamente. Os atributos que reconhecera naquela cara estavam lá contidos, o único aspecto que não correspondia era a cor. Aquele jovem homem moreno emanava magnetismo e parecia ali colocado de propósito para a gravação de uma cena de um qualquer filme passado numa capital dos trópicos. E movia-se consciente de que a sua simples presença a transportava para outros mundos e outras paragens...
Escrito em 17/05/2007, Pensão Central (Avó/D. Berta), Bissau