À medida que
envelhecemos deveríamos ter a capacidade proporcional aos anos de ser
resilientes perante a dor da perda, aceitando-a. Mas não é assim. Nem sempre.
Pelo menos, não comigo. O que sinto é precisamente o contrário, uma crescente
intolerância à dor e uma profunda incapacidade em aceitar a perda de tudo o que mais
gosto.
Sentimentos
que, ao longo do tempo, se aprofundam, relações que se enraízam, laços que se
estreitam até ser imperceptível onde começa uma parte e acaba a outra. A vida
mistura-se e confunde-se e habituamo-nos a viver assim nesta rede emocional que
não se desfaz até que um dia um dos elos se quebra. A perda ganha espaço, a
saudade invade os segundos e domina os dias, não nos deixando margem para fazermos
escolhas. A vida perde sentido e a força esmorece dando a sensação de
desfalecimento.
Cada perda
que a vida impõe diminui a minha capacidade de resistir e de aceitar a ausência
marcando uma parte de mim para sempre.
Fazes-me falta e,
independentemente do tempo ir passando rapidamente, a expressão do teu olhar
está retida na minha memória e todos os dias te relembro.