Algumas tradições ainda são o que eram e fazer marmelada no início do Outono é uma delas. É um ritual magnífico porque requer alguns cuidados prévios: ir ao local certo comprar marmelos, preferencialmente nacionais (os de Israel e Espanha não têm o mesmo sabor); escolhê-los quando ainda são novos e bem amarelos, porque são mais tenros e doces, não precisando de se juntar tanto açúcar; descascá-los; lavá-los; juntar-lhes a quantidade de água necessária para que cozam e apurem com a cor ideal, nem demasiado escuros, nem excessivamente claros, mas com um ligeiro toque avermelhado. Depois, colocá-los no fogo, como se diz em África, e deixá-los sozinhos, o tempo que eles precisarem para apaladarem, enquanto os espreitamos de quando em vez, até sentirem a necessidade de serem mexidos e remexidos com carinho e atenção, chegando ao ponto, quase caramelo, fazendo estrada e dando-nos a sensação de estarem com a consistência desejada, já que não devem ficar líquidos nem completamente espessos. Eu gosto muito de cozinhar, mas fazer marmelada é uma das minhas actividades preferidas na cozinha, que identifico com o Outono, a fantástica estação do recolhimento e da interioridade. Tal como tudo nesta vida, este é um trabalho de paciência e que requer atenção para que a degustação seja perfeita.
Um blog sobre a vida. Ilusões e sonhos, venturas, algumas desventuras, muitas realizações com a frustração necessária para alcançar o desejo da felicidade. Uma vida que se pretende feliz e preenchida por vivências sentidas. por Brígida Rocha Brito
quarta-feira, 28 de setembro de 2005
Outono
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