Diziam-me, há uns dias, que eu andava preguiçosa. Ou melhor, não me disseram, escreveram-me a ralhar comigo por me sentirem preguiçosa na escrita e na expressão das ideias. Não, não vou aqui retomar o tema que estava na base da carinhosa chamada de atenção. Talvez mais tarde, quando me sentir com o espírito e a mente mais acelerada regresse à tal problemática. É que dá mesmo pano para mangas.
Mas a verdade é que me tenho sentido mesmo molenga, pastelona, preguiçosa, se me quiserem chamar. É isso mesmo! Mas tenho alguns motivos e depois de pensar um pouco na crítica construtiva feita e que reconheço, pelo que agradeço ao autor, aqui estou eu para me desculpar. Primeiro conclui uma fase muito importante na minha vida, o que significa que, depois de um grande esforço, de ter tomado decisões difíceis que me obrigaram a optar entre a situação A e a B, com custos óbvios independentemente do que escolhesse no momento X, tive de fazer a passagem para outra fase, a do pós, que é igualmente importante e que proximamente vai requerer de mim esforços redobrados, uma atenção particular e uma dedicação sem fim, mas que nos últimos tempos não me deixou grande espaço de manobra.
Depois veio o verão, com o calor, a praia e as expectativas de tudo o que o final da época estival e o início do Outono trariam. E bem porque esta é por fim uma época auspiciosa, próxima do que os entendidos previram para o meu signo no final de 2004, e que eu quis acreditar na altura que aconteceria, mas que hoje já duvidava que pudesse ser possível. Mas é! E volto a acreditar nos sinais auspiciosos do ano 2005, o tal que me soava bem por ter uma sonoridade alegre (ver aqui e aqui). Já não era sem tempo, a bem dizer da verdade...
Mas, nos entretantos, amoleci. Entre o certo e o incerto, o sonho do querer e a certeza da possibilidade de realização, foi vivida uma distância demasiado longa que favoreceu a preguiça mental. Cansei-me do cansaço, da paragem ou do interregno, e da própria preguiça. É estranho, não é? Pois é! E também por isso hoje estou contente, feliz, imparável na euforia e na alegria, só por saber que estou viva e com o futuro à minha frente. A fase que passei foi longa e ensinou-me uma coisa muito importante: a valorizar o que a vida tem de bom para nos oferecer, procurando a melhor forma de ser feliz.
A questão é que nem sempre me apetece intelectualizar tudo o que se passa à minha frente, ou ao lado, ou ainda um pouco mais ao fundo, muito menos aqui, num lugar ausente de espaço físico, onde conhecemos grande parte dos nossos leitores apenas de forma virtual. Por vezes, a contemplação, a observação e a consciencialização são também muito importantes porque permitem, lá mais para a frente, ver o mundo e compreender a vida de outra forma. Mais tolerante, mais flexível, mais razoável, porque com uma avaliação menos intransigente. E, se a preguiça tem o aspecto negativo de nos adormecer, também tem o aspecto positivo de, ao acordarmos, valorizarmos a vida com uma força renovada e redobrada para absorvermos, de forma tranquila e feliz, todos os minutos que vivemos...