Podia ter-me dado para melhor. Imaginem que, num serão de véspera de feriado, fui reler o historial de mensagens que troquei com alguém que, um dia, fez parte da minha vida, aqui há muito tempo e de forma fugaz, numa África distante, bem a sul do Equador, e à qual não regressei desde essa altura. Como é meu hábito nestas coisas dos afectos mal geridos, guardei as palavras trocadas nos diferentes momentos, com o único objectivo de um dia mais tarde as reler. Foi o que hoje fiz, e a culpa é da televisão que não se decide a cativar os caseiros como eu. E pronto, vim para o meu posto para me entreter e distrair um bocadinho do cansaço que me vai na alma e fui reler palavras trocadas e religiosamente guardadas entre papel e uma caixa de correio perdida nos cantinhos da net.
Quem ele foi não interessa, e quem ele é hoje muito menos. O que é importante é que o resultado não foi brilhante, o que se passou naquele curto espaço de tempo teve um final muito pouco feliz e as vivências possíveis não ultrapassaram as expectativas. As minhas, como é óbvio. Não chegou sequer a ser uma história de amor porque não passou de um entusiasmo criado em clima tropical e alimentado à distância via e-mail e, de quando em vez, por correio, através dos postais que ele me enviava dos locais por onde passava. Uma história moderna mas pouco proveitosa, portanto.
O engraçado de tudo isto é que, ao ler os e-mails trocados nas diversas fases pelas quais passámos desde que nos conhecemos, a sensação que fica é a de ter existido uma grande cumplicidade afectivo-emocional, marcada por intimidades, e do nosso efémero e condenado relacionamento ter sido muitíssimo profundo. Apesar do contexto, ainda há coisas engraçadas...