Ao contrário da maioria dos adultos que conheço, para quem o Natal é uma obrigação apenas minimizada pelas prendas, para mim, é uma época fantástica, em que sinto que a mistura da fase infantil com o estado adulto é possível. É delicioso sentir a magia do Natal e sonhar uma, e outra, e outra vez ainda.
Gosto das luzes e de ver as iluminações nas ruas da baixa lisboeta, do cheiro, do frio e do bolo rei, de preparar os doces, o perú e o recheio, de me certificar se a mesa ficou pronta, com a vela acesa, à espera do Pai Natal, que está muito velhinho e cansado, porque vem do Pólo Norte e faz uma viagem longa só para nos fazer felizes.
Há muito que não vivia o Natal de forma tão intensa como neste ano porque tenho chegado a casa nas vésperas, vinda do calor africano onde a imagem e a vivência natalícias são bem diferentes, com a cabeça confusa de tanta mudança e sem tempo para me preparar interiormente. Mas este ano foi diferente e soube-me como a vida. Bem, muito bem mesmo!
Tive tempo para tudo o que há tanto tempo planeava - fazer a lista de Natal e pedir as dos outros, falar com o Pai Natal e acertar os presentes, comprar o perú e todos os ingredientes necessários, a abóbora e os ovos para os doces, fazer a árvore de Natal e o presépio, com a alegria da companhia dos mais novos, ouvir músicas de Natal e cantá-las baixinho porque alto não pode ser, fazer os doces no dia 24 de manhã, amassando os ingredientes numa massa que se vai transformando ao longo da manhã, ter o privilégio de provar o primeiro exemplar de cada doce, temperar o perú na véspera como manda a tradição, preparar o recheio de castanhas e assá-lo devagar, ao longo da tarde...
E no final de tudo isto e mais algumas coisas, senti-me feliz!