Cada
vez sei menos se a maioria gosta da gastronomia da época. Eu gosto de quase
tudo. Gosto de bacalhau cozido com batatas, couves e grelos, além de todas as outras formas de o confeccionar. Gosto de peru e de cabrito. Gosto de doces de Natal.
O prazer de uma mesa farta nesta altura do ano deleita-me os olhos e os
sentidos. Talvez mais os olhos do que o estômago porque, em boa verdade, não
como em excesso, mas provo um pouco de tudo. Mas, para mim, esta época tem paradoxos
gastronómicos e tudo seria tão mais fácil de entender se fossem só relacionados com os paladares e o estômago. Por exemplo, não gosto de frutos secos apesar de gostar muito
mais de bolo rainha do que de bolo rei. Adoro sonhos, particularmente de leite,
bolinhos de jerimu e fatias douradas. Lembram-me a infância, época em que a vida corria leve e alegre. Mas não consigo perceber a razão porque
chamam às boas das fatias, mergulhadas em leite antes de serem fritas e
envoltas em açúcar e canela, rabanadas ou fatias paridas. Que nomes mais
infelizes e de associação pouco adequada. Dá-me uns nervos inexplicáveis e sempre
que oiço tais expressões quase entro em estado de loucura violenta. Até posso perceber que a
justificação seja a forma como são fritas, mas não fico convencida, são
denominações feias e deselegantes. E
depois há a história do marisco abundante na noite da passagem de ano. Fartura
não é necessariamente loucura. No dia de hoje uma visita ao supermercado resulta num êxtase
desassossegado. Filas e encontrões, pessoas mal educadas armadas em finas
atropelando-se umas às outras numa correria desenfreada para garantirem que chegam ao balcão antes dos outros porque supostamente querem o último camarão da bancada, sem perceberem que algumas pessoas estão ali apenas para comprar alface, tomate cherry, cebolinho e outros artefactos, mas não querem marisco e que, por isso,
não representam concorrência. Poupem-me a esta estupidez nacional que parece
só comer, beber e viver nesta noite!
Um blog sobre a vida. Ilusões e sonhos, venturas, algumas desventuras, muitas realizações com a frustração necessária para alcançar o desejo da felicidade. Uma vida que se pretende feliz e preenchida por vivências sentidas. por Brígida Rocha Brito
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