- Já que o dia é propício, a quem disseste uma mentira hoje? - perguntei-lhe
- Não disse nenhuma, acreditas? – respondeu-me ele com ar de verdade
- Não!
Aquela criança grande vivia num mundo de ilusão em que era impossível dissociar uma verdade duma mentira. Tudo se misturava na fantasia relatada em tom de realidade profunda. Quando dizia “acabei de chegar” significava que nunca tinha partido; quando afirmava que estava ali bem perto, queria dizer que estava a 10.000km de distância. Quando dizia que me queria já estava com outra mulher ao lado; quando se ausentava do meu mundo , era em mim que pensava. Aquele homem era a personificação da antítese! E lamentava-se por não saber o que era uma figura de estilo!!! Mas o que ele não sabia era ser sincero e falar verdade porque achava que a mentira tornava a vida mais fácil... e porque não mais bonita. E assim fomos cada um para seu lado porque se havia coisa que eu não suportava era a mentira. A palavra só por si levava-me a pensar que os homens (men) têm o mau hábito de tirar (tira) o melhor que as mulheres têm: a ilusão sonhada da felicidade partilhada. E uma vez mais dei conmigo a trautear a letra do “Honesty” deixando-o divagar sozinho acerca de feitos nunca realizados...