Por causa do frio ligamos aquecimentos e todo o tipo de aparelhos possível e imaginário, de forma a criarmos um ambiente confortável. Por causa do frio, vestimos roupas quentes e enroscamo-nos em cobertores, mantas e edredons. E porque nunca é suficiente, por causa do frio aquecemos água e, depois de ferver, enchemos sacos de borracha para que, durante a noite, os pés se mantenham quentes e o sono seja apaziguador e reconfortante.
Pois é, e por causa do frio, mais ou menos há um ano liguei o ar condicionado no calor, e o aparelho pegou fogo, o que resultou numa sessão de oxigénio na ambulância dos bombeiros e numa carga de trabalhos nos meses sequentes, com visitas de peritos de companhias de seguros, orçamentos, obras e limpezas. As sessões prolongaram-se e a casa só ficou mais ou menos pronta no Outono. Foi um estrafego impossível de esquecer!
Mas para que não me esqueça das venturas e desventuras do Inverno, há dois dias, num dos picos de frio do ano, preparava-me para encher os sacos de água quente e, com a água bem fervente, em linguagem culinária em cachão, entorno uma boa quantidade, qb, em cima da mão de forma a deixar uma boa parte bem queimada, vermelha e dorida. A sorte foi ter tido rapidez nos reflexos e puxado a manga igualmente molhada para cima, aliviando o pulso e o início do braço. E depois, o tratamento foi imediato e não deu tempo para criar bolhas. Apesar disso estou com os movimentos reduzidos, não posso conduzir e escrever com papel e caneta é uma aventura. A mão direita está empapada num creme cicatrizante, compressas embebidas em soro fisiológico e ligada. E eu ando por aqui e por ali com um ar de infeliz...