Ter um prolapso pode resultar num divertimento ou numa tremenda chatice! Tem dias, como tantas outras coisas. Passo a explicar as duas possibilidades ou perspectivas de o encarar. É um divertimento sempre que, sem qualquer motivo, o coração arranca de forma acelerada para abrandar logo de seguida, dando a engraçada sensação de se viver, de forma ininterrupta, intensamente e a 1000 à hora, uma existência de emoções fortes. Qual amor, qual paixão, qual entusiasmos fortuito. Para que servem todos eles quando se tem um coração que pula em constante agitação? Não há paixão que dê uma sensação tão sequencial de batidas com ritmos diferenciados. Pode ser magnífica a sensação de se viver acompanhado, não só por um anisakis (ou serão vários???) mas também por um simpático prolapso, que jamais nos abandona ou nos deixa ter a desagradável noção de estarmos sós. Com um prolapso, a companhia é permanente e a ideia de estarmos a viver fortes emoções também. Pode ser uma alegria!
Mas também pode ser uma tremenda chatice quando a nossa vontade é gozarmos a tranquilidade e a calma da maturidade, sem emoções galopantes ou sentimentos arrebatados. Esses fazem sofrer de vez em quando e por isso, por vezes, apetece não os sentir. Com um prolapso é impossível viver de forma tranquila porque o coração dispara mesmo sem que à nossa frente apareça um Brad Pitt, ou um Pierce Brosnan, ou um George Clooney, ou um outro ser que, à partida, só existe na ficção ou em sonhos. E, nestas circunstâncias, a inconstância do coração revela-se uma chata, mesmo sabendo que é preciso aprender a viver com ela. Será que algum dia essa aprendizagem vai ser possível? É que esta companhia já cá anda há umas dezenas de anos, e nem por isso eu sou mais tolerante com ele!!! Dá até vontade de lhe perguntar porque é que não vai de férias até às Caraíbas, nem que seja por uns dias...