Há pessoas estranhamente constantes na forma de ser e de estar, nos gostos, nas opções e nas opiniões, tornando-se terna e confortavelmente previsíveis para todos os que com eles convivem. Normalmente coincidem de forma feliz com os meus grandes amigos, aqueles em quem sei que posso confiar as minhas ideias mais convictas e sonhos, até os menos prováveis de realizar, os meus mais profundos devaneios e as loucuras cometidas sem pensar. Sei o que pensam e o que me vão dizer. São simples e directos, ternos e afáveis, protectores e seguros. São constantes e isso é muito bom, já que é esta permanência que os torna em grandes amigos!
E há pessoas estranhamente inconstantes nos desejos e nas vontades, nas atitudes e nos pensamentos. Nunca se sabe bem o que pensam, principalmente quando a nossa pessoa está em jogo, e muito menos como vão reagir em determinada situação, apesar de pensarmos sempre que os conhecemos tão bem que gostamos de os achar previsíveis, acabando, mais tarde, por nos desiludir. São os chamados de “dois passos à frente e um atrás”... Estes são infelizmente aqueles por quem me apaixono. Neles quero sempre acreditar e confiar, procurando perpetuar este sentimento de lealdade emocional e afectiva até à exaustão. Mas eles revelam-se quase sempre de grande complexidade interior, não sendo directos, nem seguros e muito menos protectores, não correspondendo às expectativas depositadas. São incosntantes e esta forma de ser e de estar transforma-me a vida num infinito desassossego, pelo menos até eu tomar verdadeira consciência do funcionamento de cada um e virar concha por uns tempos.