Ontem fui ao cinema, o que para mim é motivo de alegria. É verdade, sou daquelas pessoas que ainda consideram uma ida ao cinema como um ritual magnífico: a chegada à sala uns minutos antes do filme começar, estar sentada quando as luzes são reduzidas ao estado de “semi” enquanto as apresentações das próximas estreias nos sugerem, ou não, novas idas, apreender a música e as primeiras imagens à medida que as luzes se apagam para dar lugar aos sonhos e a novas vidas partilhadas, apreciar o silêncio que faz parte de todo o ritual (porque para conversar, escolhem-se outros espaços mais adequados), não comer pipocas a cheirar a óleo nem beber/sorver coca cola nos momentos mais emocionantes (porque o cinema não é restaurante nem bar e nós não vivemos nos EUA).
Ali, em frente de novas personagens, consigo voar em direcção a novos locais, épocas passadas, presentes ou futuras com vidas diferentes da minha. Ali sonho, emociono-me, sofro, choro e rio em função do rumo da história. E ontem vi um filme fantástico, daqueles em que estamos completamente dentro do écran, a viver cada minuto daquelas pessoas, simpatizando muito com uns e odiando terrivelmente outros. Vi o Cinderella Man, baseado na vida de James J. Braddock, com Russell Crow, Renée Zellweger e Paul Giamatti, qualquer um com interpretações irrepreensíveis, diria mesmo brilhantes! Além disso, o filme é exemplar no que diz respeito a valores: a família, a coragem e a determinação, a honestidade e a amizade, a capacidade de acreditar incondicionalmente numa causa e de lutar por um ideal. Aquele homem, a sua família e o seu amigo (manager) são exemplos a seguir, pelo menos a não esquecer!