segunda-feira, 22 de agosto de 2005

Alguns factores de diferenciação: ainda sobre os incêndios...

Os incêndios em Portugal e em África são muito diferentes. Na verdade, nos países africanos que conheci e pelos quais passei, mais ou menos tempo em função dos casos, não me recordo de haver situações de fogos postos como por cá acontece. Pois claro, também não há tantos interesses económico-produtivos envolvidos. Não há uma indústria transformadora tão importante, o papel não é considerado um bem tão necessário e os negócios da madeira são bem mais frágeis. Não há grandes empresários locais a provocarem desflorestação de grandes áreas com abate de árvores em massa para vender e também não há grandes industriais a procurá-la. A madeira cortada, mesmo de forma clandestina, não oficial e por isso ilegal, apesar de em maior quantidade do que seria suposto e desejável, destina-se maioritariamente ao consumo local e imediato por ser uma das principais fontes de energia familiar, senão mesmo a mais importante.

Estava eu a ver o telejornal com terríficas imagens a passarem pelo écran, mesmo à frente dos meus olhos que não se afastavam por um segundo dado o peso dramático de cada uma: o fogo por todo o lado e as cenas das chamas a entrarem na cidade de Coimbra, pelos diversos bairros, com a aflição das gentes a tentarem salvar crianças, casas, animais e haveres, com a angústia e o sofrimento de verem desaparecer uma vida construída com muito esforço e sofrimento. E lembrei-me de África – mesmo nas regiões mais áridas e secas, não se assiste a este descalabro ambiental e humano.

Em África só assisti a um incêndio e foi no centro da cidade de São Tomé. Houve um problema qualquer numa oficina, por isso não teve as consequências nem a dimensão do cenário de total destruição com o qual temos de conviver por cá. Claro que os meios em São Tomé, bem como em toda a África, são muito precários e é uma grande ideia que a infeliz moda incendiária dos tugas não chegue lá.

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...