Gostava deste Papa porque ele reunia um conjunto de requisitos que considerava importantes. Ao olhar para a sua figura reconhecia um olhar terno, atento e compreensivo, a sua figura inspirava bons sentimentos, de bondade e de perdão. O seu Papado caracterizou-se pelo conservadorismo em questões que eu própria considero fundamentais e que requerem capacidade de acompanhamento das mudanças, tais como o uso de preservativo ou o reconhecimento e o respeito das opções e das diferenças sexuais e do foro mais íntimo, desde que não se prejudique ninguém, como é óbvio. Mas a sua actuação marcou pela diferença na abordagem de temáticas importantíssimas. Foi um Papa aberto às diferenças culturais e à aproximação de povos, reconhecendo as diferentes religiões e crenças, procurou conhecer todos os cantos do Mundo e a civilização no sentido mais abrangente, na procura incessante da Paz. Representou a personificação do sofrimento resignado, e sendo um Homem de comunicação morreu sem falar.
Apesar das dúvidas existenciais e de contornos religiosos que me assolam de quando em vez, este foi um Papa que admirei pela convicção e pela força, pela capacidade de lutar e por nunca desistir. Fiquei triste com a sua morte, porque ao fim de mais de 20 anos a vê-lo, sei que terei dificuldade em gostar tanto do próximo, mesmo sem saber quem ele é. Levarei tempo a afeiçoar-me de novo, porque precisarei de sorrir com as atitudes pouco protocolares e de aproximação aos fiéis, com a determinação que transmite confiança e com a fé inabalável. Que João Paulo II descanse em Paz e que o novo Papa, que não terá por certo um trabalho fácil, faça um bom trabalho.