As dificuldades fazem-nos crescer. Não é a melhor forma de crescermos e de nos melhorarmos, mas é certamente uma das melhores formas de nos tornarmos mais fortes e resistentes.
Andava eu a preparar-me para um dos grandes marcos da minha vida, um daqueles momentos inesquecíveis que podem contribuir para que grandes e boas mudanças venham a ocorrer quando, três dias antes da grande data, o ar condicionado da minha sala se incendeia enquanto eu falava para as paredes do escritório, que me escutavam cheias de atenção e interesse, sobre experiências agro-turísticas integradas, roças, participação e envolvimento comunitário, preservação abiental, protecção de espécies e estratégias de desenvolvimento. Limitei-me a realizar que tinha de actuar rapidamente com um encadeado de acções: correr pelo corredor, olhar para a zona onde o ar condicionado estava - já não está - desligar o quadro da electricidade, ir buscar um cobertor e gritar que me trouxessem água. E ali estive eu numa função de bombeira para a qual nunca julguei ter capacidades. A verdade é que, quando os bombeiros chegaram, não se via um dedo à frente dos olhos, mas o fogo já estava extinto.
Eu não estava assim lá muito bem disposta e quando me obrigaram a beber água, senti que ia morrer ali mesmo. Mas não, o bombeiro avaliou os meus pulmões pressionando a zona da mão entre o polegar e o indicador e o diagnóstico foi: estão dilatados, tem de levar oxigénio. Outro bombeiro veio e obrigou-me a descer as escadas, meio contrafeita, a entrar na ambulância e a respirar enquanto aquela maquineta fazia o resto. E eu só pensava que tudo não poderia estar a acontecer desta forma, quando eu tinha o computador ligado, com todo o meu trabalho, a minha tese, a minha vida... pior, quando a defesa pública seria dali a escassos dias.
Foi mau, mas hoje tenho de reconhecer que poderia ter sido muito pior. E serviu para uma coisa, certificar-me que estes contratempos, negativos e que nos parecem ser o fim do mundo, fortalecem-nos, permitindo-nos crescer interiormente.