A propósito de um dos meus últimos posts sobre afectos, tema da minha predilecção, recebi um mail que foi ao encontro do que quis transmitir, talvez de forma menos clara. O ciúme, o sentimento de posse e a dor também se sentem nas "amizades sexuadas", como um "velho conhecido" lhes chama. Ele tenta convencer o universo feminino que este tipo de relacionamento é imune aos afectos comprometidos e que permitem exigências e cobranças.
Acho mesmo que ele se tenta convencer sobretudo a ele próprio, defendendo-se de quem quer que seja que lhe venha pedir explicações. Mas não é bem assim, e a verdade é que se nos enciumamos com a falta de atenção de um amigo de infância ou de uma outra qualquer pessoa a quem nos afeiçoámos, mais sentimos quando o contacto físico se torna constante e a condição por excelência desse relacionamento. Porquê? Porque temos medo de perder o afecto, que ele se ausente, uma ou outra vez, e quem sabe para sempre.
O meu "velho conhecido" anda baralhado, ou sempre terá andado, com a palavra afecto e com todas as derivantes - afeição, afeiçoar, afectividade, afectivo. Será que não entende que tudo tem que ver com afectar - "dizer respeito a"? E agora lembrei-me de "O Principezinho" e do A. Saint-Exupéry, um dos meus gurus espirituais, pela coerência e pela beleza do que escreveu, e que está cada vez mais actual. Provavelmente, nem ele nunca pensou que viria a ser tão importante na vida de alguém que não conheceu como é na minha!!!