Querida Guiné-Bissau,
Hoje escrevo-te cheia de dúvidas e de perplexidades. Sabes bem que não te tenho acusado de nada e que tenho procurado compreender as tuas razões, respeitando-as. Mas deixa-me que te diga que a ideia que transmites é de estares a chegar ao limite de ti mesma, a perder as forças e o sentido da razão.
Não entendo o que se passa contigo para andares nessa angústia permanente, nesse estado de ansiedade revoltada e revoltosa, com conflitos latentes e, sempre que o momento chega, manifestando-te de forma sangrenta e impensável. Tu é que sabes o que queres, ou pelo menos julgas saber o que não queres, e tenho de reconhecer que isso é qualquer coisa de que todos nos devemos congratular. Mas não conseguirás afirmar-te depois de te libertares desse enredo fechado de conflitos e intrigas, de lamúrias e vinganças, de instabilidade e violência? Não conseguirás, de uma vez por todas, revelar o que de melhor tens, ultrapassando essa ânsia de poder, essa vontade escondida de demonstrares o que na verdade não és, essa ambição desmedida e que facilmente foge ao teu controle?
Querida Guiné-Bissau promete-me que te vais tranquilizar, que vais encontrar uma forma de conseguires aceitar as tuas próprias fraquezas, que vais fazer um esforço para minimizar as dores e as tristezas que tanto te marcam e que vais olhar para o futuro com uma consciência esperançada. Promete-me que vais encontrar forças onde julgas impossível para ultrapassar diferenças e barreiras, que vais fazer um esforço por aceitar que o caminho se faz caminhando. Promete-me, por favor, que vais pelo menos tentar...