E a minha "nostaláfrica" acaba por ser voluntária e auto-incentivada. Gosto daquele continente e não há dia em que não me lembre de, pelo menos, dois ou três acontecimentos ali vividos. Foram momentos felizes e, como em tudo na vida, com o tempo tendemos a eliminar as vivências menos boas. Vamos "apagando" da memória os maus encontros, os dias de tristeza e de angústia, para ocuparmos a maioria do espaço disponível com os pôres do sol de cores fortes, com as paisagens densas, com as primeiras sensações ao experimentarmos novos paladares e sentirmos cheiros, até aqui, desconhecidos.
Por uma razão ou por outra, cá continuo a escrever sobre África, seja nos momentos de lazer, relembrando sonhos vividos ou idealizando outros, seja nos momentos de trabalho. Mas nem sempre a inspiração ajuda e é nestes que apelo à nostalgia, reavivando lembranças, repescando sonhos, revendo fotografias, reencontrando amigos e partilhando em conjunto o mesmo sentimento de saudade e de vontade de regressar.