quinta-feira, 17 de abril de 2014

Nada se repete. Tudo se revive...

Desde a primeira viagem até hoje posso até enumerar o que mudou nas ilhas. E não foi pouco... Lembro-me, como se fosse hoje, de estar sentada no Passante a escrever, tal como em tantos outros momentos. Dessa vez, e na falta de um caderno ou de um bloco - ainda não tinha assumido conscientemente a necessidade de escrevinhar sobre quase tudo - registava num guardanapo de papel as minhas primeiras impressões. Rapidamente adquiri o gosto de observar e anotar como se precisasse de registar para jamais esquecer. No rádio atrás de mim soava uma música ritmada e de batida intensa, de letra envolvente, quente, até explícita no significado. Já não a consigo identificar mas recordo a sensualidade dos sons e das palavras que apelavam aos sentidos. Num primeiro final de tarde a sonoridade enquadrada pela tranquilidade do mar à minha frente fez-me pensar que aquela ilha poderia vir a ser um local especial para mim. Não me enganei... passou a ser o meu lugar, o meu refúgio, o meu espaço onde me sinto verdadeiramente eu. Como sempre faço comecei a observar as pessoas que iam aparecendo e que, em média, ficavam por períodos de meias horas. Nos dias seguintes fui vendo as mesmas caras regressar uma e outra vez em diferentes alturas do dia e sempre que também por lá permanecia. Coincidência - pensei eu - de novo os mesmos. Mas na vida não há coincidências. Aquelas caras que fui reconhecendo transformaram-se em pessoas que marcaram as minhas primeiras viagens ao arquipélago mas que, de uma forma geral, o destino acabou por afastar. Foram pessoas importantes, que hoje recordo com um sorriso, porque cada uma à sua maneira me ajudou a viver momentos felizes. Cada uma contribuiu para a pessoa que hoje sou. A algumas perdi o rasto, de outras vou sabendo de quando em vez e de outras fiquei amiga para a vida. Hoje, ao regressar, depois de tantas voltas, e passando pelos mesmos locais, relembro os melhores momentos que por ali vivi, faço por embaciar os menos felizes porque entendo que na vida devemos guardar o melhor e, de novo, acomodo-me confortavelmente para escrever mais páginas sobre experiências e vivências em São Tomé e Príncipe onde nada se repete mas tudo se revive.


Depois de um almoço ligeiro no Passante, ao chegar ao Ilhéu. Abril 2014

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...