segunda-feira, 16 de abril de 2012

Grito de indignação...

O jornalista guineense, António Aly Silva, foi entretanto libertado depois de agredido publicamente. Uma manifestação pacífica foi dispersada de forma violenta provocando dois feridos, um em estado grave. As fronteiras - marítimas, aéreas e terrestres - foram fechadas. O recolher obrigatório mantém-se. O Primeiro-Ministro democraticamente eleito e o Presidente da República interino continuam detidos, sabe-se lá em que condições. Os militares continuam a dizer que não querem ascender ao poder e que procuram uma solução "pacífica" mas a violência associada ao reinado do medo parece fazer dos dias dos guineenses o hábito. A comunidade internacional (leia-se as organizações internacionais com capacidade de intervenção) parece manter-se cega, surda e muda como os três macaquinhos do conto infantil. Apetece-me gritar perante tamanho tolerância e passividade. Só valem a condenação e as ameaças porque as acções ficam para próximas núpcias. Não gosto de política e, para dizer a verdade, não percebo, nem quero perceber, o que move as pessoas para enveredarem por este estranho meio. Mas custa-me assistir a injustiças e actos absolutamente cruéis sem poder fazer nada. Mantenho-me impotente à distância, querendo confortar todos os amigos guineenses, os que por lá vivem e os que em boa hora vieram para Portugal. Assusta-me ver o trabalho desenvolvido ao longo de anos perder-se como se de magia se tratasse. E sentir que, em momentos diferentes, acreditei nos projectos que acompanhei, nas pessoas que deles fizeram parte e que com esforço lhes deram andamento. E estas pessoas merecem tudo e muito mais. Porque acreditaram e defenderam a sua terra, os seus recursos, os seus compatriotas. Dá-me vontade de gritar ao Mundo apelando-o a gritar comigo: SALVE-SE A GUINÉ-BISSAU! Um grito de misericórdia e compaixão, de solidariedade e entre-ajuda, de benevolência e consensualidade. Um grito de indignação por não entender o PARA QUÊ TUDO ISTO? Estou indignada. Sentida. Dorida. E como eu muitos mais...

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...