E ali estava ela, uma vez mais, bem alta, redonda e a emitir uma luz muito intensa. Ali estava ela a olhar para mim de forma descarada e sem me espreitar, mal me cheguei perto da janela para apanhar um pouco do fresco da noite porque os dias têm estado quentes. Até demais.
Antes, via nela uma provocação permanente aos sentidos e às emoções, um estímulo inconsciente para a libertação do instinto mais profundo e que, tantas mas tantas vezes, negava. A lua, ou melhor as noites de luar, sempre exerceram um fascínio natural e muito intenso em mim, sem que conseguisse explicá-lo. A bem dizer da verdade, nunca cheguei bem a tentar perceber os porquês. Era bom sentir os efeitos de encantamento que a luminosidade me causava. E isso normalmente bastava-me.
Mas, desta vez, ao observá-la com atenção e cuidado, reconheci-lhe um certo ar terno e acolhedor, confiante e tranquilo, quase apaziguador. E a sensação que me provocou foi menos violenta e arrebatadora mas muito reconfortante e igualmente intensa. E esta sensação foi muito boa!