sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Final de tarde e... as minhas Áfricas...

Até quando principalmente se contacta com o Mundo através do computador e de uma janela aberta, se pode apreciar um final de tarde numa sexta feira que auspicia um fim de semana trabalhoso qb. O final de tarde é um momento magnífico, tranquilo e hoje particularmente fresco e prazeiroso. Não fosse a humidade que carrega o céu e o horizonte à minha frente de um cinzento homogéneo, diria que estava um final de tarde ideal para quem teve uma semana cansativa. Parece que deixou de haver céu, mar, ocaso ou paisagem que ultrapasse a fronteira da minha praceta. Mas com este cenário em frente dos olhos e o fresco que me reconforta, posso dizer que o pior mesmo são as notícias que vão passando na rádio e que chegam até mim. África, a minha, vai sendo palco de novos acontecimentos e de situações peculiares.

Pela Guiné Bissau, os rebeldes de Casamance voltam a ser notícia e se não evidenciasse um problema, que simplesmente está adormecido, até daria vontade de rir pelo caricato da situação: um grupo transporta armamento pesado numa canoa, supostamente destinando-se à Praia Varela, lá bem no norte, na região de S. Domingos, na fronteira com o Senegal, mais concretamente carregamento que seria entregue aos rebeldes de Casamance. Fantástico... transportar armamento pesado numa canoa!!! Quem poderia pensar numa ideia tão brilhante...?! Por tudo... Resultado: no meio de um tiroteio que se fez intenso, uns fugiram e outros, entre os quais o dono da canoa, foram apanhados à saída de Bissau no Porto de Bandim e contaram tudo. Ou quase, porque na Guiné... nunca se conta tudo...

Por São Tomé, o turismo apresenta um futuro incerto e, infelizmente, os acontecimentos indiciam tempos difíceis para o incremento do sector. Por mais tentativas que se façam... alguma coisa tem sempre de correr mal, fazendo lembrar as Leis de Murphy. Pois bem, a Air Luxor apareceu por lá, faz agora mais ou menos 4 anos, criou uma associada, a Air Luxor STP e começou a operar com dois voos semanais. Parecia que o turismo ia simplesmente ter um boom, o que gerou algum desconforto, para não dizer descontentamento, entre as esferas mais ambientalistas e que se preocupavam com a sustentabilidade. Afinal, o voo da TAP era tradição, operava semanalmente e nem sempre cheio. Assim andou por uns tempos, até que há cerca de um ano, reduziu para 1 voo por semana, apesar dos acordos e programas turísticos oferecidos, diga-se que muito aliciantes, pelo preço cobrado e pelas possibilidades oferecidas. Agora... foi vendida, por suposta falência, apesar dos programas continuarem a ser cumpridos. Pena que, por falta de liquidez, tenham ficado sem avião para ir buscar 90 passageiros que tinham o regresso marcado. Este é um exemplo de quem tudo quer... tudo perde... o pior é que não é só a Hifly que está a perder, dinheiro e credibilidade, mas também, e sobretudo, STP: pelas expectativas criadas; pela negativa imagem turística;... por... por... por... E contudo, é um destino tão magnificamente deslumbrante...

 

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...