quarta-feira, 30 de novembro de 2005

NKHULULEKO

A Feira do Pau em Maputo, onde o artesanato é boniiiiiiito. Fartei-me de comprar, entre outras coisas, caixas, caixinhas e todos os formatos e feitios. Sou uma apaixonada pelo artesanato africano! Explicação no NKHULULEKO.

terça-feira, 29 de novembro de 2005

Imagem de sonho

O Jorge Neto do Africanidades proporciona-nos imagens de um sonho africano: ambiente e comunidades numa relação integrada. A Guiné Bissau no seu melhor! Não resisiti a "roubar-lhe" esta imagem porque, tal como "O Principezinho", eu gosto muito de pôres do sol...

População Sem-Abrigo: roupas e outros bens

A Comunidade Vida e Paz, organização que trabalha com população “sem abrigo”, com a qual eu já colaborei na distribuição de alimentos na cidade de Lisboa, pede o apoio de todos para a recolha de bens que já não são necessários e que, muitas vezes, não sabemos que fim lhes dar: roupas (camisolas, calças, saias, camisas, casacos, meias...), calçado, mantas, brinquedos,... de Homem, Mulher e Criança

Os contactos são: COMUNIDADE VIDA E PAZ, 218495310, Rua Domingos Bontempo, 7 em Lisboa

 

domingo, 27 de novembro de 2005

Voltando à sangria de champanhe

Uma excelente alternativa para a sangria de champanhe, que costumo fazer com pêssego de roer, são as framboesas, mas não das congeladas. Tenho experimentado colocar ainda umas folhas de hortelã que, além de lhe darem um pouco mais de variação na cor, dão um paladar fantástico. Vale a pena experimentarem, até nesta época do ano.

É bommmmm...

É bom sentir tranquilidade e muito melhor esperar que venha para ficar. Há muito que esperava esta sensação de conforto. Será o Natal a aproximar-se? Dezembro já está aí, as ruas estão cheias de luzinhas dando uma imagem terna à Baixa de Lisboa que, nos dias normais, tanto me angustia desde aquele Agosto de 96, e as pessoas andam até mais sorridentes. E eu... tão calma... o que é muiiiito bommmmm!!!

Diferentes perspectivas

Às vezes, e sem nos darmos conta, escrevemos textos que geram discussões sem fim por diferenças de perspectiva. Ora sigam o meu raciocínio: certo dia passei por um local que conheci bem, e que na génese senti sempre que fazia parte de mim, mas que, por ter estado durante um período fora, não visitava há algum tempo e notei diferenças. Falo de Sesimbra. Achei que, com as mudanças, ficou mais feia porque olhei em volta e percebi que a construção civil aumentou de tal forma que tive a sensação que alguns espaços desapareceram e que o crescimento urbanístico passou a pôr em risco a entrada do sol nas ruas, fazendo com que perdesse a graça. Cheguei a casa e escrevi um longo texto sobre a desagradável imagem que retive, desabafando para o mundo que aquela vila, onde antes me sentia segura, aparenta hoje uma paisagem diferente e que essa diferença me desagradou. Passados alguns meses, ou seja apenas há uns dias, um defensor do progresso, da inovação e da mudança da terra comentou a minha mensagem com ar de ofensa e desagrado, diria mesmo com um tom pouco simpático, quase me chamando de pouco civilizada e desconhecedora da realidade sobre a qual falei antes. A minha perplexidade foi total já que o que procurei traduzir naquelas palavras não foi mais do que uma forma de sentir pessoal e que também encontrei noutras pessoas. Mas como não costumo apagar os comentários resolvi responder directamente e o mais civilizadamente que consegui. Isto tem dado uma tamanha conversa e troca de palavras, nem sempre simpáticas que até fui chamada de presunçosa. É uma chatice as pessoas não respeitarem as diferenças de opinião e de perspectiva, estarem permanentemente a questionar os outros como se os quisessem pôr à prova, e disputarem uma troca de palavras como se esta fosse a competição das suas vidas. É que nem sempre estamos com vontade de competir e guerrear e quando emitimos opiniões pessoais, a maioria das vezes, não procuramos fazer mais do que isso. Mas há pessoas que também têm uma perspectiva diferente acerca disto...

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

Semana de São Tomé e Príncipe em Lisboa

Com o apoio da RDPÁfrica e do Centro Nacional de Cultura: actividades culturais várias entre as quais documentários, debates, mostras de arte e encontro de artistas santomenses.

Por ocasião do lançamento do livro, com sessão de autógrafos, "Na Roça com os Tachos" da autoria de João Carlos Silva, tem lugar até dia 25 de Novembro um conjunto de actividades culturais (documentários, debates, mostras de arte) na Galeria Fernando Pessoa do Centro Nacional de Cultura no Chiado em Lisboa. No dia 25 – Sexta-feira - pelas 18h30:

-Apresentação da IV Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe que terá lugar em S.Tomé em 2OO6;

-Apresentação do video "Uma Bienal em Construção"

PRIMEIRA MOSTRA DE CINEMA AFRICANO

No âmbito da primeira Mostra de Cinema Africano, realizam-se no Museu da Cidade, nos dias 24, 25 e 26, sessões cinematográficas que visam transmitir elementos relacionados com a antropologia visual. Assim, são apresentados quatro filmes, películas de investigação seguidas de debate e uma mesa redonda sobre O lugar da imagem na preservação da memória africana, com a participação de gente do cinema e de investigadores das problemáticas africanas.

PROGRAMAÇÃO:

Dia 24 - Quinta-Feira, 21h30m

Angola
Nelisita
de Ruy Duarte de Carvalho (1982, 90min, Fic.).

Dia 25 - Sexta-Feira

18h30m - Cabo Verde - O Percurso de Cabo Verde de Guenny K. Pires (2004, 83min, Doc.)

21h30m - Filmes do Instituto de Investigação Científico e Tropical:
Entre os Bosquímanos de Angola,
de António de Almeida (1952, 28min., Doc.) Sinopse: Actividades quotidianas de um grupo de bosquímanos de Angola.

Missão Antropobiológica de Angola: de Equipa da Missão Antropobiológica de Angola do IICT (40/50, 30min., Doc.)

Actividades da Missão Antropobiológica de Angola Sinopse: A equipa de antropobiólogos realiza trabalho de campo recolhendo dados antropométricos e fisiológicos com destaque para as colheitas de sangue entre os bosquímanos de Angola.

Sem Título Sinopse 2: O modo como algumas actividades quotidianas executadas por mulheres foram filmadas revela um enorme rigor em documentar técnicas e saberes de etnografia das populações angolanas.

Bosquímanos - Danças e Músicas Sinopse 3: Sempre acompanhados pelos ritmos que marcam com palmas e com os pés no chão, podemos ver os bosquímanos executando dança que denotam ora a simulação de lutas, ora a indução de estados alterados de consciência. Envolvendo a participação do grupo, todos estes momentos coreográficos transmitem uma forte ideia de coesão social.

Debate

Dia 26 – Sábado, 15h

Mesa Redonda
Título:
O lugar da imagem na preservação da memória africana
Moderação
: Rui Leal - MCA
Convidados:
Isabel Castro Henriques, Margarida Cardoso, Clara Carvalho, José Henrique Caldeira, Teresa Albino – IICT, Ângela Luzia - Museu da Cidade

18h30m

Moçambique
No Coração da Imagem uma Carta de Moçambique de Sol Carvalho (1988, 27min., Doc.)
Portugal
Kuxa Kanema, o nascimento do cinema
de Margarida Cardoso (2003, 52min, Doc.)

Museu da Cidade, Praça João Raimundo - Cova da Piedade - 2800 Almada, Tel.: 21 273 40 30 E-mail: museu.cidade@cma.m-almada.pt

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Dicionário temático da Lusofonia

Foi lançado esta tarde na Sociedade de Geografia em Lisboa o DICIONÁRIO TEMÁTICO DA LUSOFONIA, publicado pela Texto Editores e dirigido pela Associação de Cultura Lusófona, co-elaborada por cerca de 358 especialistas dos vários países lusófonos. Está organizada num único volume, com cerca de mil páginas, com um carácter enciclopédico e reúne informação sobre os mais variados assuntos referentes aos oito países e regiões da Lusofonia: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
São temas abordados: os conceitos linguísticos, as línguas faladas, a História, a Geografia, a Economia, a Arte, a Literatura, as Instituições, as Religiões, os Usos e Costumes, facultando outro tipo de informações e curiosidades acerca do quotidiano e da cultura dos oitos países que se encontram unidos através da língua portuguesa, sendo esta a sua língua materna, segunda, ou oficial.

Fonte: Fórum DC

domingo, 20 de novembro de 2005

D. Adelaide

Ontem assisti com prazer redobrado ao programa “Na Roça com os Tachos”. Ao contrário do habitual, começou com imagens da cidade e a saudade bateu-me à porta, uma vez mais. Rever a tonalidade do céu com uma continuidade contrastante em relação ao mar, as ruas molhadas depois de uma chuvada como só há nos trópicos, os santomenses a caminhar nas ruas com a descontracção natural de quem tem a sabedoria infinita da espera, porque não vale a pena atropelar nem empurrar quando o caminho é só um e o destino também, a arquitectura colonial que tão bem conheço. Depois apareceu o João Carlos com o inseparável Kalú, que nunca se vê mas que todos sabemos que está ali por ser ele o Homem da imagem e do som, aquele que canta “Cacharamba”, cuja letra tem um sentido pedagógico, e explicou o que se passava. Era o 38º programa e íamos todos visitar a D. Adelaide à Pensão Turismo, onde se iria preparar um Calulu de frango e porco que, pelo aspecto só poderia estar mais do que magnífico e digno dos Deuses. E ali estive siderada em frente da televisão, coisa raríssima em mim, a rever a D. Adelaide que está na mesma desde que a vi pela primeira vez há uns bons 5 anos e qualquer coisa. A cozinha da Pensão Turismo modernizou-se mantendo a tradição do fogo a lenha por melhorar o paladar dos alimentos. Fantástico! Que saudades... Depois ali estive a rever o pau pimenta e ossame, as folhas de mosquito, pega rato, e tantas outras, e a malagueta tuá tuá, que até explode no ar. E cresceu-me água na boca ao ver o angu tão bem moldado às bolinhas e o calulu já pronto com uma consistência deliciosa e uma cor inconfundível. E apeteceu-me estar por ali, naquela sala de jantar que me acolheu durante tantas e tantas noites para jantar, e outras vezes durante o dia para almoçar, e onde me sentia em casa porque ali iam muitas pessoas conhecidas, e encontrava toda a família da D. Adelaide, com quem aprendi a comer safu cozido, fruto de estranho paladar mas que, segundo dizia a lenda, era a garantia de voltar uma e outra vez. Porque quem come safu volta sempre a São Tomé. E eu quis voltar e continuo a querer. E por isso comi muito apesar do paladar estranho. Porquê? Como uns amigos comentavam no outro dia a propósito do choro dos bebés: por tudo e por nada.

sábado, 19 de novembro de 2005

Foi hoje e foi um sucesso!

Hoje, tal como previsto, foi o lançamento do livro do João Carlos Silva, na FNAC do Chiado. Sala cheia, ou melhor muito bem aconchegada, de tal forma que o calor fez-se sentir, fazendo lembrar as ilhas. Muitas caras conhecidas e sempre sorridentes. Foi bom revê-las. Muitas pessoas desconhecidas e simpáticas, com as quais foi fácil conversar desde logo, ou o tema que nos unia não passasse pelas ilhas maravilhosas e por tanta coisa deslumbrante que têm.

Foi bom ouvir o João Carlos explicar o porquê do livro e apresentar novas ideias. Foi mesmo muito bom perceber que, em qualquer lado do Mundo, há pessoas que continuam a sonhar, que têm projectos e que tudo fazem para os pôr em prática. E não se trata apenas de uma pessoa ou duas. Há muitas assim, felizmente! E foi magnífico ouvir o Nezó cantar, e sentir o corpo remexer na cadeira, e olhar para o lado e ver que muita gente se mexia também. E foi melhor perceber que vão decorrer, uma vez mais, actividades com artistas santomenses de divulgação cultural no Centro Nacional de Cultura.

É motivo para dizer, bem ao jeito do “cozinhador de sonhos e de sabores”: “lindo lindo lindo”. Trabalho magnífico em que estão todos de parabéns: o João Carlos, o Kalú Mendes, a Adriana Freire, o “pai da ideia” Ricardo Mota, a Oficina do Livro que deu forma a este magnífico livro. Ficamos a aguardar o 2º volume com novas receitas e novas imagens.

É motivo para dizer, nas palavras de António Gedeão, na “Pedra Filosofal”: “(...)sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança”. Este é um bom exemplo disso!

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Declarações anónimas e outras mensagens

É fantástico como, de quando em vez, e de forma muito espaçada no tempo, recebo na minha caixa de correio uma imensa quantidade de mensagens apaixonadas e românticas, algumas até me poderiam levar ao delírio, se eu fosse uma moça sonhadora e desprovida de qualquer indício de racionalidade. Mas enfim... não é esse o caso! Primeiro dá-me vontade de rir, o que faço porque algumas mensagens são mesmo muito divertidas, mas depois começo a ficar um bocadinho irritada porque começo a perceber que a ideia destas pessoas, cheias de criatividade e tempo livre, é darem continuidade à brincadeira. Convenhamos que, para nos divertirmos todos com isto, uma mensagem já seria o suficiente mas há quem não pense assim e envie 4 a 5 por dia.

Como faz parte destas “animações”, as mensagens são anónimas, o que é sempre uma grande vantagem para quem não tem rigorosamente nada para fazer e decide chatear a cabeça a alguém entupindo as caixas de correio e dificultando a recepção e o envio de mails verdadeiramente importantes. Mas muito melhor do que só o texto, que poderia até ser tocante mas que soa a gozo, são quase sempre acompanhadas de música a condizer e de umas imagens que não lembram a um Santo, simplesmente porque já não se usam.

Isto aconteceu-me quando estava em São Tomé. Recebi para aí duas ou três mensagens “de grande sensibilidade”, mostrei-as aos amigos e rimos bastante procurando identificar a identidade do autor, havendo mesmo alguns “indivíduos suspeitos”. Ainda tentei responder para o endereço do remetente mas foi-me devolvido com a mensagem de se tratar de um e-mail inexistente, tipo fantasma, criado com um objectivo específico e eliminado de imediato.

Na altura, e antes de apagar a mensagem, acabei por mostrá-la ao principal “suspeito”, considerado por todos como tal por andar a “rondar a minha porta” tentando aproximações sucessivas que, ao que parecia, só eu não percebia. Enfim, com o tempo, acabei mesmo por perceber. Ao ver a mensagem, a expressão foi de surpresa e incredulidade perante a minha desconfiança. Não, ele nunca enviaria aquele mail. A coisa passou mas, ao fim de algum tempo, voltei a receber um ou outro mail da mesma natureza e, sem os abrir sequer, apaguei-os. E de novo a calma na minha caixa de correio passou a reinar.

Eis senão quando, e esperemos que por pura coincidência e engano da minha racionalidade, por vezes dada à criatividade relacional no que respeita ao que considero serem indícios possíveis e explicativos de alguns “fenómenos”, recomecei a receber mails de “conteúdo interessante”, até hoje no mesmo registo dos anteriores: anónimos, com música, imagens elucidativas e conteúdos a apelar ao romantismo. E hoje, reitero a ideia que espero que por pura coincidência. Só que, o último que recebi vinha assinado precisamente com o nome da pessoa de quem suspeitei há dois anos atrás... O engraçado é que hoje não acredito que tenha sido ele a enviar aquele mail com um poema do Pablo Neruda, assim como sei que não foi ele que enviou os mais recentes.

A principal constatação é que estes mails me são enviados com um carácter espaçado, ocorrendo temporariamente. Porquê? Não sei se quero saber e também não sei se me interessa identificar o(s)/a(s) autores(as) ou se é preferível continuar a pensar que se trata de uma simples coincidência.

A conclusão a que a minha racionalidade permite mesmo chegar é que há gente que não tem nada para fazer e, nestas circunstâncias, poderia dedicar-se a alguma causa útil para a Humanidade. Porque não pensam em se dedicar ao voluntariado e a ocupar o tempo com actividades de verdadeira beneficência? Mesmo as pessoas mais desocupadas têm capacidades para se dedicar a alguma actividade compensadora, deixando de ter a sensação, por certo desagradável, de serem inúteis, fúteis e desvirtuadas!

domingo, 13 de novembro de 2005

Livro "Na Roça com os Tachos" 2


Acabei de ter o meu primeiro contacto com o livro do João Carlos. Está simplesmente fantástico: além das receitas gastronómicas dá a conhecer alguma poesia e apresenta algumas das melhores paisagens do arquipélago através da imagem: fotografias profissionais, excelente enquadramento e cores muito realçadas. Não há dúvida que o João Carlos e a Adriana estão de parabéns! Esta é uma excelente e bonita prenda de Natal para todos os que gostam do arquipélago e também para quem não conhece mas tem curiosidade. É uma obra que vale a pena adquirir, ler, reler, guardar e... oferecer!

O que corre mal pode ser uma sorte

Lembram-se daquele concurso de blogs em que pedi a colaboração e o apoio de todos? Pois bem... em primeiro lugar tenho de informar todos os que por aqui passam que... levei uma cabazada! Pois foi, apesar do esforço de todos vocês, a coisa não correu assim lá muito bem!

Em segundo lugar tenho de agradecer a todos os meus queridos amigos que votaram para que o África de Todos os Sonhos vencesse e também a todos os que gostariam de ter votado mas que não o conseguiram fazer apenas porque o sistema estava viciado e não o permitiu. Não me perguntem porquê... é que não vos sei responder. Ainda tentei averiguar através do e-mail do gestor do site do concurso mas não tive grande sucesso porque, apesar de ser o gestor, alegou desconhecer a razão, não ter forma de controlar e mesmo que eu fui a única concorrente a queixar-se. Não faz mal! Antes a única do que nenhuma a indignar-se com a incorrecção do sistema ou de outra coisa qualquer. Vá lá eu saber qual... nem informática sou!

Pois, supostamente cada pessoa só deveria ter a possibilidade de votar uma vez ao longo de toda a semana, o que me pareceu uma medida válida de justiça concursista. Mas de forma muito estranha, o sistema acusou desde o primeiro dia um voto a quem nem sequer votara na 2ª fase – isso aconteceu com as minhas irmãs, com colegas e com amigos. Houve quem refilasse e escrevesse mas as respostas que chegaram não foram nem conclusivas nem evidenciaram preocupação com a resolução do problema.

É inacreditável? Pois eu também acho. Sempre defendi que para se ser bom jogador é preciso ter bom perder. Mas para isso é necessário que as condições sejam as mesmas e que, nestas circunstâncias, o adversário se revele mais forte. Mas o que se passou esteve longe de ser o reflexo disto. Não quero, de forma nenhuma, tirar o mérito ao CRUXICES mas este concurso acabou por se revelar uma verdadeira desonestidade. E isso não me parece coisa de bem.

Quando recebi o convite para participar achei a ideia engraçada porque foi a primeira vez, mas na verdade não sabia muito bem ao que ia. O concurso começou e as pessoas que me são mais próximas começaram a alertar-me para o facto dos conteúdos da maioria dos outros concorrentes poderem ser classificados como “para adultos”, estando muito direccionados e distanciando-se de forma total dos objectivos e das temáticas abordadas no África de Todos os Sonhos. Como o concurso já estava a decorrer e eu não gosto por sistema de “abandonar o barco a meio da viagem”, apesar de lhes dar razão, continuei como concorrente. Perante tudo o que veio a acontecer nesta semana posso dizer que, para mim, a vitória do CRUXICES foi uma sorte para o África de Todos os Sonhos. Não gosto de ver o meu espaço ser confundido: tenho muito carinho pelo meu blog, dedico-lhe uma parte do meu tempo livre, e é um reflexo de mim própria, nas mais diversas facetas. Por isso, antes assim, já não me sinto na obrigação de desistir.

E... fica a lição: concursos de blogs? Como se diria em São Tomé: “bô ska buka mu lêdu”, que é mais ou menos como quem diz “estás a chatear-me muito”, expressão que se pode enunciar de formas diferentes, desde que o que está subjacente à frase signifique isto. E assim não é preciso dizer mais nada!

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

Na Roça com os Tachos em Livro

O João Carlos e a Adriana estão de parabéns. Mais um projecto bem sucedido. E eu serei uma das presente no dia 18, para assistir ao lançamento e receber o autógrafo deste Amigo. Parabéns João Carlos!
LANÇAMENTO DO LIVRO DE JOÃO CARLOS SILVA “NA ROÇA COM OS TACHOS”, NA SEQUÊNCIA DO PROGRAMA DA RTPÁFRICA: RECEITAS DO JOÃO CARLOS COM FOTOGRAFIA DE ADRIANA FREIRE.
DIA 18 DE NOVEMBRO, PELAS 18H30, FNAC DO CHIADO EM LISBOA
"Na Roça com os Tachos" é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico de São Tomé e Príncipe.
À VENDA A PARTIR DE 10 DE NOVEMBRO.
Na Roça com os Tachos (168 pg.; PVP - 18 euros; ISBN 989-555-151-7): Em 160 páginas de um colorido imenso e um apetite intenso, este livro apresenta uma selecção das melhores receitas do programa de televisão homónimo, Na Roça com os Tachos. São receitas simples, baseadas na gastronomia popular e com um cheirinho a referências culturais, quer de S. Tomé e Príncipe, quer de outras antigas colónias portuguesas. Dividido em 4 capítulos (entradas, carnes, peixes e sobremesas), Na Roça com os Tachos é uma viagem ao interior de uma cozinha ancestral, despertando no leitor o desejo de redescobrir o mundo exótico deixado pelos portugueses. A capacidade comunicativa de João Carlos Silva (apresentador/"cozinhador"/escritor) e a qualidade das fotografias da Adriana Freire apuram o apetite pelo faro.
João Carlos Silva nasceu em Angolares, S. Tomé em 1956. Estudou em S. Tomé, Angola e Portugal, onde frequentou a Faculdade de Direito de Coimbra. Exerceu jornalismo, tendo, como artista plástico, iniciado as suas actividades em Lisboa. Fundou O CIAC e o Espaço Teia d'Arte (artes plásticas, teatro, dança, debates, oficina de letras, ateliers infantis, cine-clube) em S.Tomé. Participou em várias exposições colectivas de artes plásticas em S. Tomé e no estrangeiro. Dirige o Projecto Integrado de Desenvolvimento da Roça S. João (agricultura, pecuária, educação não-formal, ambiente, património, cultura e turismo) e é o coordenador da Bienal de Arte e Cultura de S. Tomé e Príncipe. Apresenta o programa de televisão Na Roça com os Tachos da RTP África.
ADRIANA FREIRE iniciou a sua carreira artística em 1990. Fundadora da Associação Maumaus, participou em diversas exposições individuais e colectivas. Elegeu a gastronomia como uma das áreas de trabalho preferenciais, tendo publicado inúmeros trabalhos em jornais e revistas da especialidade. É autora dos livros Olivais: retrato de um bairro, Romarias e Romeiros e S. Paulo e co-autora de A Minha Cozinha e Dieta [à minha maneira].

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Sobre a solidão

Sou uma ouvinte regular da RDPÁfrica. Normalmente não escolho os programas porque gosto de ouvir de tudo um pouco, com excepção do desporto que me cansa por não perceber quase nada. Gosto das músicas que passam porque, além da sonoridade ser muito agradável, têm o mérito de me fazer regressar ao ambiente morno, terno e aconchegante que conheci em África. Gosto da possibilidade de descobrir novos ritmos através da orientação dos conhecedores porque me ajudam a aprender a distinguir as origens. Gosto de ouvir as notícias, mesmo da África que não fala português, apesar de ter o ouvido mais treinado sempre que o tema ou o país me é mais familiar. E gosto das reflexões que alguns locutores proporcionam, levando para o ar temas sensíveis e socialmente importantes.

Já aqui referi o quanto me fez bem ouvir um programa do JP Martins e as opiniões de alguns ouvintes através das entrevistas realizadas. Hoje o programa tem andado à volta do tema da solidão. Importante, cada vez mais fundamental, sobretudo porque evidenciado de forma muito particular nas sociedades urbanas, muitas vezes com consequências gravíssimas tanto do ponto de vista pessoal como social. Acabei de ouvir a reflexão inicial do locutor e começaram as entrevistas, em que o objectivo era recolher opiniões e partilhar experiências pessoais, tanto de quem sente, ou já sentiu directamente os sintomas da solidão, como de outras pessoas que apoiaram ou não os que sentem solidão a ultrapassar o problema.

Eis senão quando, aparece um ouvinte que me fez mudar de posto. Por um lado, se aparentou simpatia inicial e boa disposição, à medida que o tema foi sendo abordado passou a irritante e tornou-se insuportável. Exteriorizou uma auto-estima de tal forma elevada que soava a falso, porque não há ninguém que seja tão insensível aos problemas alheios, considerando-se acima de qualquer sintoma ou problema. Solidão? Isso é bom para os outros porque “é um modo de vida, há que goste de viver em solidão”. Por outro lado, ajudar?, nem pensar... só vale a pena ajudar quem pede ajuda, com os outros não vale a pena perder tempo porque sentem-se bem assim e não quereriam o nosso apoio, seria um esforço desnecessário. Por fim palavreou tanto que começou a sair asneirada da grossa, até o locutor o chamar a atenção, de forma muito mais subtil do que eu faria, para que “abrandasse o ritmo”.

Mas será que este indivíduo não entende que: a distância entre o estar bem e o não estar é tão curta que ele próprio se arrisca a entrar na escura e misteriosa área da solidão muito mais rapidamente do que poderia algum dia imaginar; a solidão não é nenhum modo de vida e muito menos uma opção, porque há uma infinita diferença entre “viver em solidão” e o “ser-se solitário”; a responsabilidade social de alguém “viver em solidão” é de todos e não de um indivíduo em particular, apesar de ser normalmente despoletada por uma situação concreta; infelizmente, todos nós já nos confrontámos com o problema da solidão, mesmo indirectamente e sem sermos nós a senti-lo, já tivemos a noção de impotência no que respeita à ajuda, já tentámos umas vezes, e noutras alturas não. E nestas ocasiões já nos sentimos desiludidos connosco próprios, irritados, arrependidos. E quem não reconhecer que isto se passa, deixe-me que lhe diga, é porque vive completamente descontextualizado do resto do Mundo. E essa atitude reflecte uma grande infelicidade porque é o caminho mais certo para a solidão.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

"Estórias" reais

1. Preocupada em saber se os alunos tinham sido avisados da minha impossibilidade de ir às aulas por estar doente, ao chegar, perguntei:

- Na semana passada avisaram-vos que eu não vinha?

Um aluno que estava a ver-me pela primeira vez no ano respondeu com um ar sério

- Não, não avisaram

E perante o meu ar de estranheza porque me tinham dado indicação que estavam todos avisados, prosseguiu:

- Quero dizer, quando cheguei aqui, estava um papel na porta com essa indicação

- OK, então avisaram-vos...

- Pois, avisaram, mas a mim não...

Hum... pensei... o que seria suposto? Um telefonema personalizado para casa de cada um no domingo à noite, atendendo que, à 2ª, a aula é a primeira da manhã?

2. Já ouvi falar muito de poligamia e, na verdade, há muita gente que a defende e muita mais que a pratique. Mas esta definição ultrapassou as minhas expectativas...

- Há famílias monogâmicas e famílias poligâmicas...

- Poligâmicas? Ah, já sei, com mais do que um gâmeta!

Esta sou franca que me passou ao lado... o que será um gâmeta, pergunto eu??? Aceitam-se apostas...

3. Sobre famílias urbanas, rurais e diferentes tipologias de agrupamento familiar:

- Temos, por exemplo, as famílias alargadas e temos as famílias...?!

- Reduzidas? Pequenas?

Hum... e as nucleares? (não são as bombas...)

4. A racionalidade pode conduzir-nos a uma complexidade infinita, ou como bem transformar a simplicidade na confusão...

- Perante uma cultura dominante, podem surgir, e normalmente surgem, subculturas. Relacionem-nas com os grupos e subgrupos que temos vindo a analisar. Há ainda  as contraculturas.

Todos dão ar de grande entendimento, a exemplificação é imediata acompanhada de debate, até que alguém pergunta:

- A cultura dominante pode ser uma contracultura de uma subcultura, não pode?

 

domingo, 6 de novembro de 2005

Novos desafios

Os novos desafios são acontecimentos magníficos na vida de cada um de nós. Muitas vezes, no início, o receio de não estarmos à altura é tão grande que quase caímos na tentação de recusar. Dizemos que vamos pensar, reflectir nas diferentes possibilidades e cenários e, após pesarmos os pós e os contras, as dúvidas persistem. Depois, acabamos por aceitar porque, na verdade, não temos nada a perder e até podemos ter muito a ganhar, mais não seja uma infinita aprendizagem. O “sim” é proferido, ainda com alguma insegurança e incerteza. E lá vamos nós enveredar por caminhos desconhecidos, por trilhos nunca antes percorridos e jamais imaginados ou sinhados, por conhecimentos que nos pareceram sempre tão distantes e por isso impossíveis. E à medida que nos vamos inteirando dos novos projectos, ponto por ponto, vamo-nos deixando encantar e seduzir pelas ideias, por uma alegria que julgávamos perdida e por uma persistência que só acreditávamos ser possível nos mais fortes e audazes. De repente sentimo-nos contagiados por esse frenesim, pela vontade de ir mais longe e de alcançar objectivos que considerávamos impensáveis. E acabamos por chegar à conclusão que são os novos desafios que nos fazem mexer, que nos dão vida por nos darem um sentido, um rumo e um destino.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Constatação engraçada

É engraçado como há pessoas que se reconhecem em tudo o que escrevemos e dizemos, como se tudo o que passasse pelo nosso pensamento, a qualquer hora do dia, tivesse invariavelmente que ver com elas. Não sei se é auto-estima excessivamente elevada mas parece ser indiscutível que esta atitude envolve uma boa dose de convencimento e, a maioria das vezes, sem razão.

O mais engraçado é que, quando damos conta que, no que respeita às palavras mais intimistas que deixamos cair numa folha de papel ou que registamos numa página algures na net, quando conversamos com mais do que uma pessoa que connosco tenha estado relacionada, continuando ou não a estar, todas acabam por pensar que o que foi dito lhes é dirigido.

É engraçado mas estranho porque, por muito importantes que, para nós, algumas pessoas sejam, ou tenham sido, a vida é demasiado complicada e labiríntica e nem tudo o que parece é. E... na verdade, só sabe a quem respeitam, as coisas que se dizem em tom de crítica ou de confissão, quem as disse ou escreveu. Muitas conjecturas podem ser feitas. Infinitas, até. Mas não passam de suposições e de adivinhas. E sabem porquê? Porque dentro de cada um, bem lá no fundo, só entramos nós mesmos. Mais ninguém!

Sábia conversa

- Quando te oiço falar das tuas paixões, pergunto-me se não serão meras teimosias. Oiço-te e ver e a rever motivos, que me parecem inexistentes, para chamares “Príncipe” ao que não é mais do que um “dragão”...

- Tens razão, a maioria das vezes, não passam disso mesmo. São teimosias. Procuro manter um sentimento que, um dia, quis acreditar que existiu, resguardá-lo de qualquer influência que o pudesse deteriorar, refrescá-lo e reanimá-lo. E nem eu própria sei para quê. Mas também não percebo porque lhes chamas “dragões”

- Porque destroem quase tudo por onde passam, sem se darem conta disso. Esta é apenas uma parte do que faz um instinto de sobrevivência muito apurado.

- Gosto de conversar contigo porque vês tudo de forma muito clara e tão rapidamente.

- Com o tempo vais também aprender a ver, com clareza, algumas coisas e, principalmente, a ver mais longe, até aquilo que não está escrito. É o que se chama antever...

Breve passagem

Não tenho tido tempo para mais do que uma breve passagem por alguns dos “meus espaços de culto”. Aqui fica um pedido de desculpas, relembrando que não vos esqueci. Nem poderia. Nunca!

África Minha
Africanidades
Água Lisa
A Megafauna
À Sombra dos Palmares
Bioterra
BLOGDAMARTA
Chuinga II
Digitalis
Fazendo Caminho
Kitanda
Legendas & Etcaetera
Mar Adentro
Maschamba
Nas Asas do Amor
No Cinzento de Bruxelas
O Canto da Heidi
Os Albuquerques
Pululu
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Xicuembo

 

Guiné... ai Guiné...

Tenho de confessar:

o Nino Vieira surpreendeu-me.

Não esperava uma "acção interventiva" desta natureza tão cedo.

Ele antecipou todas as minhas expectativas.

Para ser o mais honesta possível, devo admitir que não sei o que pensar e muito menos o que dizer.

Quando ouvi as primeiras notícias na rádio, senti um aperto no peito por incompreensão, desilusão, desassossego, desconforto.

Há que dizer: BASTA a esta “amputação” legalizada da Democracia, à noção de tudo se poder fazer quando se está legitimado pela loucura do poder, pela ambição desmedida e pelo descontrolo na gestão das relações e do próprio Estado.

A Guiné merece muito mais do que conflitos em permanência.

A Guiné precisa de organização, de tranquilidade e de encontrar o seu rumo próprio no caminho da PAZ.

É motivo para dizer: ESTABILIDADE PRECISA-SE!

quarta-feira, 2 de novembro de 2005

Petição: Português, língua oficial das NU

No Pululu encontrei o link para a petição: Português, língua oficial das NU. A causa é importante, pelo que aqui fica o apelo, com um agradecimento ao Eugénio da Costa Almeida.

STP em imagens... simplesmente deslumbrante!






Novas Fotografias no blog
Caminhadas e Descobertas em São Tomé e Príncipe. São da autoria do António Ferreira de Sousa e aqui fica uma pequeníssima mostra. Para descontrair um pouco do stress do dia-a-dia, passem por lá e sintam o doce "leve-leve" nos olhares, nos sorrisos e nas paisagens. Nem vale a pena eu dizer o quanto são magníficas porque sou sempre muito suspeita na avaliação de fotos de STP... Há paixões que duram uma vida, o que é que se há-de fazer...?!
Não percam estes momentos únicos de prazer que a objectiva do António nos proporciona. Só visto...

Educação Ambiental e Comunidades Educativas


A ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental - vai promover as XIII Jornadas de Educação Ambiental, nos próximos dias 27 e 28 de Janeiro de 2006, subordinadas ao tema: “Educação Ambiental e as Comunidades Educativas”, no auditório do Instituto Português da Juventude, Parque EXPO, em Moscavide.

OBJECTIVOS
- Proporcionar espaços de convivência para diálogo e troca de saberes na área da Educação Ambiental
- Criar espaços para apresentação de pesquisas e experiências em Educação Ambiental
- Contribuir para o reforço do papel da Educação Ambiental em Portugal e sua avaliação
- Reforçar o papel das redes de EA na construção de sociedades sustentáveis

TEMAS
- Caminhos e sentidos para uma Educação de Qualidade
- Parcerias na Educação Ambiental para a Sustentabilidade
- Transversalidade na Educação Ambiental
- Comunidades Educativas – Responsabilidade e Participação
- Carta da Terra e Educação Ambiental
- Políticas e estratégias públicas de Educação Ambiental

POPULAÇÃO-ALVO
Educadores, professores, técnicos de autarquias, monitores, intervenientes em programas de educação, ambiente, cidadania e sustentabilidade

MODALIDADES DE INSCRIÇÃO
Sócios da ASPEA com as quotas em dia: 80 Euros
Não Sócios: 100 Euros
Jovens até os 25 anos: 60 Euros (Número de inscrições limitadas)
(Inclui a participação nas XIII Jornadas da ASPEA, pasta de documentação e 2 refeições)

Não percebo...

Não percebo porque é que os homens mentem. Já sei... estou a fazer uma generalização, a tomar o todo pela parte, a fazer um juízo de valor que nada tem de científico e que decorre da experiência do dia-a-dia, ou seja uma avaliação de senso comum (os meus alunos vão fazer algum comentário na próxima 2ª feira...), cometendo certamente uma injustiça para com todos os homens que são verdadeiros. A estes, as minhas desculpas, mas é a todos os outros que este post se dirige.

Mas o que acontece é que, invariavelmente e com muito mais frequência do que eu desejaria, de vez em quando apanho um a mentir com todos os dentes que tem na boca, o que causa em mim tamanho sentimento de irritação e revolta, dando-me uma vontade inexplicável de desatar ao estalo. Mas na verdade, como por natureza não sou violenta, não o faço, controlo-me respirando 10 vezes tão fundo que todo o ar que poderia ficar retido num dos becos da minha interioridade é obrigatoriamente expelido. Acabo a sorrir e olhar tranquilamente para ele a pensar “és tolo de todo, para não dizer pior, que não percebes que, como diria a minha bisavó que era de Celorico da Beira, Bispado da Guarda, Lugar de Vale de Azares, é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo”.

Não é fácil mentir e esta é uma tarefa que não é adequada a todos, requerendo muito treino, capacidade de improvisação qb associada à característica do “encaixe”. É preciso à vontade, que é como quem diz, uma grande lata para reinventar situações, alterar a realidade a seu belo prazer e ficar ofendido quando alguém duvida ou questiona. Além de uma infinita e profundíssima convicção, é necessário que quem ouve tenha receptividade para acreditar em quase tudo, que é como quem diz que o Kilimanjaro ou as ilhas Fidji estão à venda e que qualquer banco concede um empréstimo para que os possamos comprar. Tudo é possível, mas depende da apetência comercial e da capacidade de persuasão: é preciso saber negociar e vender uma ideia porque sem isso não se consegue mentir, por mais que se tente.

Ouvir um mentiroso chega a ser hilariante se estivermos na disposição de explorar a sua competência, ajudando ao treino. Mas nem sempre isso acontece, ou melhor, em mim, é cada vez mais rara esta compreensão e flexibilidade. Sou chamada de mau feitio, antipática, intolerante, rígida e outras alternativas a que o meu nome é sujeito de quando em vez. O problema, que acho que nem todos entendem, é que não nasci para marinheira e por isso tenho alguma dificuldade em embarcar em histórias da carochinha ou em fragatas de papel que, ao serem colocadas na água, se desfazem com grande facilidade. E quando embarco, normalmente acabo por me arrepender.

Já não há paciência para as mentirinhas de nada, aquelas que não aquecem nem arrefecem, que não prejudicam nem beneficiam ninguém a não ser o ego de quem as diz, convencidíssimo de estar a relatar a última descoberta ou um feito que merece grande admiração. E é fantástico quando apanhamos esse alguém a mentir na nossa cara, sem que ele se dê conta do que se está a passar. As afirmações são proferidas com aparente convicção mas por serem tão fáceis de desmontar, tornam-se óbvias para o ouvinte e se, por um lado, dá vontade de lhe dizer “APANHEI-TE... vê se te tocas, não precisas de te justificar, nem de inventar histórias ou razões... simplesmente não precisas”, por outro, dá uma vontade de rir tão grande que acabamos por explorar um pouco mais as historietas da tanga de uns e outros.

A questão é uma mentira até pode valer a pena se o que estiver subjacente for uma causa nobre, mas também se assim é não há necessidade de mentir. Mas uma mentira de treta, sem finalidade, só chateia, desgasta e gera desconforto pela falta de confiança. Meus caros, não mintam, por favor...

terça-feira, 1 de novembro de 2005

B.Leza

No Ma-schamba encontrei o link para a petição que está a ter lugar a favor da manutenção do B.Leza. Quem pode dizer que nunca passou por lá e não ouviu músicas africanas num ambiente descontraído? O B.Leza faz parte das memórias de todos nós. Eu sou sincera, não tenho passado por lá mas a verdade é que também não tenho passado por mais lado nenhum! Há muitos anos que não vou ao B.Leza mas a ideia de perder aquele espaço e de saber que, se quiser lá dar um salto, não posso é angustiante! Assinem a petição... e divulguem-na.

Manual de sobrevivência em meios socialmente hostis

Presenciando cenas pela manhã bem cedo recordo uma pessoa que conheci em São Tomé e Príncipe há uma eternidade e de quem perdi o rasto há ...