quinta-feira, 7 de outubro de 2004

Portugal no seu melhor

Este podia bem ser o "subject" de um mail repleto de fotografias de sanitas na via pública, sofás a fazer de bancos nas paragens de autocarro, avisos e conselhos a favor do saneamento básico nos portões e muros das casas ou ainda má sinalização nas estradas nacionais. Mas não... é mesmo o tema de uma reflexão nocturna, depois de ter feito mais uns quantos slides para a apresentação no módulo que vou dar no curso de Relações Internacionais Africanas.
Portugal está verdadeiramente no seu melhor, ironicamente falando.
O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa é uma pessoa com a qual podemos simpatizar ou não, mas é uma pessoa idónea, recta, respeitável, o conhecimento e a informação personificados. Até pode fazer comentários acesos que geram polémica, mas o homem sabe e vê-se que procura estar bem informado acerca de tudo o que acontece por cá e por lá. E não é por ter sido meu professor nos tempos idos em que tentei, sem revelar a menor vocação, o curso de Direito. Nessa altura achava-o um grilo falante, com o qual não se conseguia tirar apontamentos dada a velocidade do raciocínio e do número de palavras proferidas por minuto. Era imparável e uma pessoa, só de o ouvir ficava siderada! Claro que chumbei... com 4 valores, o que me fez ter ainda mais admiração por ele.
Na realidade, durante mais de 4 anos, ele fez com que Portugal deixasse o que estava a fazer para o ouvir, nos seus comentários acertivos e estruturados, sem medo de ferir susceptibilidades, tentando ser justo e chamar os bois pelos nomes. É dos poucos a quem se pode tirar o chapéu por ser imparcial nas análises que desenvolve, apesar de ser reconhecida e assumidamente filiado no PSD.
Como é possível que dos poucos que, além do Filipão, Scolari para os mais formais, captava as atenções nacionais, ser afastado de forma tão evidente? Viveremos nós num Estado democrático? Num Estado de Direito, que assume a liberdade de expressão, entre outros chavões? Quase me sinto em África, onde estrategicamente, mas de forma subtil, se faz por não se aumentar a escolaridade e os níveis de ensino. Afinal é melhor que a população não esteja muito informada para não questionar demais...
O Homem é uma enciclopédia, um monumento nacional, uma referência para os mais novos, um exemplo para os adultos jovens e um analista equilibrado para os mais velhos. Arriscaria-me mesmo a pensar que, com tanta manifestação que se faz por esse país, sem motivo, os portugueses deveriam unir-se a favor do regresso do Marcelo. Já pensaram o que vai ser do telejornal de domingo sem ele? Uma seca!

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