Ontem, li e reli os mails que trocámos, os textos, frases e pensamentos que escrevi sobre ti. Para quê? Nem eu sei. Talvez para não mais me esquecer a forma como tudo começou, a rapidez com que avançámos um no outro e a brusquidão do fim, que me levou a mais uma travessia pelo deserto. Longa, longuíssima, duríssima e angustiante porque voluntariamente solitária.
Sim, guardei tudo desde há um bom número de anos e algumas folhas estão amarelecidas. Já pensaste que foi há muito tempo? E às vezes parece-me que foi há tão pouco... Mas o tempo ajudou-me a definir sentimentos, a distinguir as emoções dos impulsos, apesar de andarem tão naturalmente ligados.
Como é difícil por vezes distinguir o amor da paixão, esta da atracção e, por sua vez, do entusiasmo. Porque temos sempre tendência a misturar sentimentos, a confundi-los numa amálgama? Porquê? Porque tentamos sempre intelectualizar o que não tem razão para ser elaborado? Mais uma vez pergunto... porquê??? E a resposta é sempre uma: procuramos eternizar os momentos de prazer e de satisfação e se pensarmos muito sobre eles, teorizando e encontrando justificações fazemos com que se perpetuem na nossa memória.